Gestão Sustentável na Agricultura - 2015
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Departamento de Gestão Estratégica
Gestão Sustentável na Agricultura
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 © Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução desde que citada a fonte. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da instituição participante. 3ª edição. Ano 2015 Ministra: Katia Abreu Secretária Executiva: Mila Jaber Publicação e Distribuição: MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO - MAPA Departamento de Gestão Estratégica Esplanada dos Ministérios, Bloco D – 4º Andar – Sala 400 CEP: 70043-900 Brasília – DF - Brasil Tel: (61) 3218-2493 wwww.agricultura.gov.br Departamento de Gestão Estratégica – DGE Diretor: Alexandre Gedanken
Comissão de Avaliação: Ayrton Jun Ussami – CGAC/MAPA Bernardete Neves - FAO Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas – CIG/MAPA José Garcia Gasques – SPA/MAPA Patrícia Metzler Saraiva – CIG/SDC/MAPA Paulo Alexandre Mendes –DGE/MAPA Reinaldo Carvalho Vergara – DIEL/SDC/MAPA
Equipe Técnica: Alessandra Vizcarra Tumba Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas (Organizador) Marília Pereira Carvalho Paulo Alexandre Meneses Mendes Uander Gonçalves dos Anjos Vinicius Augusto de Sá
Editoração Gráfica Marco Antonio Tubino – SPA/MAPA
Catalogação na Fonte Biblioteca Nacional de Agricultura – BINAGRI Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Gestão sustentável na agricultura = sustainable management in agriculture / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assessoria de Gestão Estratégica. – 3. ed. – Brasília : MAPA/ACS, 2015. 203 p. ISBN 978-85-7991-099-9kelly.lemo 1. Agronegócio. 2. Desenvolvimento econômico. 3.Comércio. I. Assessoria de Gestão Estratégica. II. Título III. Gestión sostenible em la agricultura . AGRIS E71 CDU 339.56
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Ministry of Agriculture, Livestock and Supply Strategic Management Department
Sustainable Management in Agriculture
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 © Ministry of Agriculture, Livestock and Supply. All rights reserved. Allowed to reproduce as long as the source is cited. The participating institutions in this publication are responsible for texts and images copyright of their cases. 3rd edition, 2015 Minister: Katia Abreu Vice Minister: Mila Jaber Publishing and Distribution MINISTRY OF AGRICULTURE, LIVESTOCK AND SUPPLY Strategic Management Department Esplanada dos Ministérios, Bloco D – 4º Andar – Sala 400 CEP: 70043-900 Brasília – DF - Brasil Tel: (61) 3218-2493 wwww.agricultura.gov.br Evaluation Committee:
Strategic Management Department - DGE Head: Alexandre Gedanken
Ayrton Jun Ussami – CGAC/MAPA Bernardete Neves - FAO Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas – CIG/MAPA José Garcia Gasques – SPA/MAPA Patrícia Metzler Saraiva – CIG/SDC/MAPA Paulo Alexandre Mendes –DGE/MAPA Reinaldo Carvalho Vergara – DIEL/SDC/MAPA
Technical Team: Alessandra Vizcarra Tumba Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas (Organizer) Marilia Pereira Carvalho Paulo Alexandre Meneses Mendes Uander Gonçalves dos Anjos Vinicius Augusto de Sá
Graphic Editing Marco Antonio Tubino – SPA/MAPA
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015
Ministerio de la Agricultura, Pecuaria y Abastecimiento Departamento de Gestión Estratégica
Gestión Sostenible en la Agricultura
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 © Ministerio de la Agricultura, Pecuaria y Abastecimiento. Todos los derechos reservados. Se permite la reproducción citando la fuente. La responsabilidad por los derechos autorales de textos e imágenes de esta obra es de la institución participante. 3ª edición. Año 2015 Ministra: Katia Abreu Secretaria Ejecutiva: Mila Jaber Publicación y Distribución: MINISTÉRIO DE LA AGRICULTURA, PECUARIA E ABASTECIMIENTO - MAPA Departamento de Gestión Estratégica Esplanada dos Ministérios, Bloco D – 4º Andar – Sala 400 CEP: 70043-900 Brasília – DF - Brasil Tel: (61) 3218-2493 wwww.agricultura.gov.br Departamento de Gestión Estratégica - DGE Director: Alexandre Gedanken
Comité de Evaluación: Ayrton Jun Ussami – CGAC/MAPA Bernardete Neves - FAO Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas – CIG/MAPA José Garcia Gasques – SPA/MAPA Patrícia Metzler Saraiva – CIG/SDC/MAPA Paulo Alexandre Mendes –DGE/MAPA Reinaldo Carvalho Vergara – DIEL/SDC/MAPA
Equipo Técnico: Alessandra Vizcarra Tumba Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas (Organizador) Marília Pereira Carvalho Paulo Alexandre Meneses Mendes Uander Gonçalves dos Anjos Vinicius Augusto de Sá
Edición Gráfica Marco Antonio Tubino – SPA/MAPA
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 pesquisa agropecuária, empreendedorismo por parte dos produtores, bem como as políticas setoriais adequadas foram os fatores que alicerçaram esse desempenho.
APRESENTAÇÃO A agropecuária brasileira, através de seus contínuos ganhos de produção e de produtividade, vem contribuindo de forma relevante para a segurança alimentar do País e, ao mesmo tempo, desempenhando a função de suprir o mundo com alimentos, biocombustíveis e fibras. Na safra 2013/2014 a produção brasileira dos principais alimentos mais consumidos no mundo – milho, trigo, arroz, feijão, soja, carne bovina, suína e de aves – foi da ordem de 213 milhões de toneladas. Dessa produção, 66% dos grãos e 75% das proteínas foi destinado ao abastecimento do mercado interno, demonstrando a importante função da agropecuária no contexto da segurança alimentar brasileira, prioritariamente.
Ganhos de produtividade que possibilitem a redução do uso de terras e viabilizem o abastecimento da população e, ainda, a geração de excedentes exportáveis, são coerentes com os objetivos de segurança e soberania alimentar, principalmente quando alinhados com uma perspectiva que vise à sustentabilidade da atividade agropecuária. Dessa forma, o atual protagonismo do Brasil em foros internacionais afins a temas como as mudanças climáticas, o uso eficiente dos recursos naturais e a manutenção da biodiversidade devem se refletir no campo da produção agropecuária e no estabelecimento de programas, iniciativas e políticas agrícolas que tenham como base tecnologias coerentes com esses objetivos. Assim, o desenvolvimento de modelos de produção com graus crescentes de sustentabilidade tornouse objetivo prioritário do Ministério da Agricultura e isso tem sido evidenciado através de seus programas voltados para a produção orgânica, a agricultura de baixo carbono, a produção integrada, as boas práticas agrícolas e o fomento às Indicações Geográficas, dentre outros.
Por força desse dinamismo, o setor agropecuário gera sucessivos e crescentes excedentes exportáveis que contribuem de forma significativa para a composição do superávit da balança comercial brasileira. Importante salientar que esse desempenho positivo no abastecimento dos mercados não se pautou pela abertura de novas áreas, mas sim nos incrementos crescentes de produtividade. Nesse quesito, o setor agropecuário brasileiro supera em eficiência de produção os principais países produtores, sendo que investimentos em
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Convergente com esses objetivos, a presente publicação busca divulgar e dar visibilidade a iniciativas de gestão na agricultura oriundas de organizações públicas e privadas que constituem casos exemplares de ganhos econômicos, sociais e ambientais incorporando uma perspectiva dinâmica de sustentabilidade. Nesse sentido, o papel do Ministério da Agricultura na construção, monitoramento e gestão das políticas públicas setoriais e na execução de programas é reforçado com a divulgação dessas experiências, as quais refletem, em diversos níveis e dimensões, a nossa missão institucional de promover o desenvolvimento sustentável e a competitividade do agronegócio em benefício da sociedade brasileira.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Gains in productivity that allow the reduction in land use, providing adequate supply of the population and the generation of exportable surpluses, are coherent with objectives of food security and sovereignty, especially when aligned with a sustainability perspective in agriculture. In that line, the current prominence of Brazil in international forums related to climate change, efficient use of natural resources and maintenance of biodiversity should reflect on agricultural production through programs and policies based on technologies compatible with these objectives. Thus, the development of production models with increasing levels of sustainability has become a priority goal of the Ministry of Agriculture and that has been reflected through its programs directed to organic production, low carbon agriculture, integrated fruit production, best agricultural practices and the support to geographical indications, among others.
FOREWORDS Through its continuous gains in production and productivity, the Brazilian agriculture contributes significantly to the country’s food security and plays the role of providing the world with food, biofuel and fibers. In the crop 2013/2014 the Brazilian production of the main most consumed food in the world – corn, wheat, rice, beans, soy beans, beef, pork and chicken – was of the order of 213 million tons. Of this production, 66% of grains and 75% of protein were destined to supply the domestic market, showing the important role of agriculture in the context of Brazilian food security. Consistent with this dynamism, the agricultural sector has generated successive and growing surpluses, which contributes significantly to the Brazilian trade balance surplus. It is important to point out that this positive performance in domestic and foreign market supply was not guided by the clearing of new areas, but by increasing gains in productivity. Concerning this issue, the Brazilian agricultural sector surpasses in terms of production efficiency the major producer countries. To achieve this behavior, investments in agricultural research, entrepreneurship of producers, as well as adequate sector policies were the main factors.
Converging to these objectives, this publication aims to disseminate and give visibility to initiatives of management in agriculture coming from private and public organization, that are successful cases of economic, social and environmental gains from a dynamic perspective of sustainability. In this sense, the role of Ministry of Agriculture on the construction, monitoring and management of agricultural public
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 policies and on the execution of programs is reinforced with the dissemination of these experiences, which reflect, in several levels and dimensions, our institutional mission of promoting sustainable development and the competitiveness of the agribusiness for the benefit of Brazilian society.
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PRESENTACIÓN
los principales países productores, siendo que los investimentos en investigación agropecuaria, las iniciativas empresariales por parte de los productores, así como políticas sectoriales adecuadas, fueron los principales factores que contribuyeron a este desempeño.
La agropecuaria brasileña, a través de sus continuos incrementos de producción y de productividad, contribuye de manera relevante para la seguridad alimentaria del país y, al mismo tiempo, desempeña la función de abastecer el mundo con alimentos, biocombustibles y fibras. En la cosecha 2013/2014 la producción brasileña de los principales alimentos más consumidos en el mundo – maíz, trigo, arroz, frijol, soja, carne bovina, de cerdo y de aves – fue del orden de 213 millones de toneladas. De esa producción, 66% de los granos y 75% de las proteínas fueron destinados al suministro para el mercado interno, demostrando la importante función de la agropecuaria en el contexto de la seguridad alimentaria brasileña, prioritariamente.
Aumentos de productividad que posibiliten la reducción del uso de tierras y faciliten el abastecimiento de la población y también la generación de excedentes exportables son coherentes con los objetivos de seguridad y soberanía alimentaria, principalmente cuando alineados con una perspectiva que busque la sostenibilidad de la actividad agropecuaria. En este ámbito, el actual protagonismo del Brasil en foros internacionales afines a asuntos como cambios climáticos, el uso eficiente de los recursos naturales y la manutención de la biodiversidad se refleten en el sector de la producción agropecuaria se ha reflejado en el establecimiento de programas, iniciativas y políticas agrícolas tiendo como base tecnologías coherentes con estos objetivos. De esa manera, el desarrollo de los modelos de producción con niveles crecientes de sostenibilidad se volvió objetivo prioritario del Ministerio de Agricultura y ha sido evidenciado a través de sus proyectos relacionados a la producción orgánica, la agricultura con bajo nivel de carbono, la producción integrada de
En virtud de ese dinamismo, el sector agropecuario genera sucesivos excedentes exportables, que contribuyen de manera considerable para la composición del superávit de la balanza comercial brasileña. Es importante destacar que este desempeño positivo en el abastecimiento de los mercados no se ha guiado por la apertura de nuevas áreas, pero por los crecientes incrementos de productividad. En esta cuestión, el sector agropecuario brasileño supera en eficiencia de producción
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 alimentos, las buenas prácticas agrícolas y el fomento a las indicaciones geográficas, entre otros. Convergente con estos objetivos, la presente publicación busca divulgar y dar visibilidad a iniciativas de gestión en la agricultura, procedentes de organizaciones privadas y públicas, que son ejemplos de ganancias económicas, sociales y ambientales. Así, el papel del Ministerio de la Agricultura en la construcción, monitoreo y gestión de las políticas públicas sectoriales y en la ejecución de programas se refuerza con la divulgación de esas experiencias, las cuales reflejan, en diversos niveles y dimensiones, nuestra misión institucional de promover el desarrollo sostenible y la competitividad del agro negocio en beneficio de la sociedad brasileña.
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Sumário Água Brasil
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Mulheres do Campo: a força feminina em ação pelo desenvolvimento sustentável
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Projeto Abelha - Aliadas da natureza
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Balde Cheio
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Café em Agrofloresta para o Fortalecimento da Economia de Baixo Carbono em Apuí, Amazonas
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Agricultura Sustentável no Oeste Paranaense: 11 anos de boas práticas
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Carne Suína Autossustentável
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Unidades Multiplicadoras de Tecnologias Socioambientais (UMTS)
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Desenvolvimento Rural Sustentável em Microbacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro - RIO RURAL
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Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS)
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INTRODUÇÃO O periódico Gestão Sustentável na Agricultura é uma publicação anual do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que tem como objetivo divulgar iniciativas exemplares de gestão no setor agropecuário com enfoque na sustentabilidade. Tendo em vista a necessidade de alcançar um público mais amplo, os casos são também narrados em inglês e, distintamente nesta edição, em língua espanhola. A sustentabilidade é aqui considerada como um construto dinâmico com diferentes níveis, dimensões e atores (antrópicos e ecossistêmicos). Adotam-se as premissas da substituição limitada de fatores como trabalho, capital e recursos naturais, da existência de estoques críticos de ativos como qualidade do clima, ar, água, solos e biodiversidade e que o bem estar (well-being) deriva de um conjunto de condições de natureza social, psicológica, cultural, organizacional, participativa e autonômica não se limitando apenas à riqueza ou ao consumo. No âmbito das iniciativas analisadas, os recursos e atores são considerados como estoques e as intervenções das empresas e instituições, como fluxos. Dessa forma, o que se busca evidenciar é como as iniciativas de
gestão na agricultura, os fluxos, afetam os estoques de capitais - físico, financeiro, ecossistêmico, social e cultural - existentes na área de atuação ou no ambiente interno de cada organização, numa perspectiva de sustentabilidade. Os casos avaliados em cada edição inserem-se no contexto da complexidade das diversas funções do setor agropecuário brasileiro e integram um universo onde atuam pequenas médias e grandes organizações ligadas às atividades de produção, beneficiamento, transformação, distribuição e serviços em um país de dimensões continentais. Selecionar casos de gestão sustentável num contexto tão rico e diverso é por si só um grande desafio, o que demanda um olhar atento para essa complexidade no sentido de propiciar, por um lado, um processo de seleção que possibilite a participação dos diversos tipos de atores e atividades e, por outro, o estabelecimento de critérios adaptáveis às diferentes realidades, regiões, portes de iniciativa e setores das cadeias produtivas. Com base no exposto, são considerados tanto critérios eliminatórios quanto classificatórios. Com relação aos primeiros, as exigências são o cumprimento das normas do edital da publicação, que as iniciativas tragam benefícios efetivos às organizações
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 ou ao público-alvo considerado, e que os casos reflitam ações voltadas para a sustentabilidade e sejam inovadores, não se limitando ao cumprimento de legislações específicas referentes à atividade em si. No âmbito dos critérios, avaliam-se a existência e aplicabilidade da gestão, a natureza e o grau dos benefícios proporcionados pelas iniciativas, seus efeitos atuais e potenciais no âmbito das dimensões social, econômica e ambiental da sustentabilidade, bem como o seu potencial de autonomização, ou seja, sua capacidade de continuidade, progressividade e replicabilidade ao longo do tempo, independentemente dos atores ou organizações que se dispuserem a adotálos.
organizações dos setores público e privado de diversos portes. As iniciativas envolvem, em variados níveis, as dimensões da sustentabilidade e podem ser enquadradas em quatro eixos principais: boas práticas agropecuárias; uso sustentável da água; economias de escopo via integração de atividades; e reciclagem de dejetos/geração de energias alternativas.
A avaliação e seleção dos casos desta 3ª edição foram realizadas por uma equipe de sete avaliadores, sendo seis profissionais oriundos de setores do MAPA e um do quadro da FAO. A análise dos casos se deu através do uso de formulários eletrônicos, onde os avaliadores atribuíram notas a critérios predefinidos. A classificação dos casos foi realizada através de programa de computador, de forma automatizada, onde foram apontados os dez casos com maior pontuação.
Essas experiências promoveram ou estimularam geração de trabalho e renda, aumento da autoestima por parte do público envolvido, acesso a mercados, uso sustentável dos recursos naturais, organização coletiva e bem-estar no meio rural, através de diferentes enfoques de gestão sustentável na agricultura. Dessa forma, iniciativas (fluxos) concretizadas através de sistemas agroflorestais, agricultura de baixo carbono, boas práticas de produção, gestão responsável dos recursos naturais e geração de energias alternativas a partir de dejetos, proporcionaram a criação de economias de escopo, redução de custos e sinergias diversas resultando, em diferentes níveis, na manutenção e/ou qualificação dos ativos sociais, ambientais e econômicos (estoques) em cada região envolvida.
As experiências relatadas abrangem as cinco regiões brasileiras e englobam
No âmbito de cada iniciativa, dentre os elementos que sobressaem como fatores
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 que impulsionaram os resultados atuais e potenciais, estão a participação do públicoalvo nas ações e na gestão, a existência de processos de capacitação participativos, o compromisso e a motivação por parte dos envolvidos, bem como a formação de parcerias e a organização sócio-produtiva, visando ao enfrentamento dos desafios e a busca por perenização dos resultados. Mesmo considerando que as diversas experiências não são automaticamente replicáveis tendo em vista os diferentes contextos socioeconômicos e ambientais de cada região, bioma ou país, esperamos que a divulgação desses casos possa estimular adequações ou mesmo iniciativas convergentes por parte de produtores, outros atores da cadeia produtiva e organizações relacionadas, numa perspectiva de gestão sustentável no setor agropecuário.
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INTRODUCTION The annual publication “Sustainable Management in Agriculture” of Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply aims to disseminate exemplary initiatives of management in agricultural sector focused on sustainability. Considering the need to reach a wider audience, the cases are reported in English and, especially in this edition, in Spanish. Sustainability is here considered a dynamic construct with different levels, dimensions and actors (human and ecosystem). We adopt the premises of limited substitution of factors as work, capital and natural resources, the existence of critical stocks of actives as climatic conditions, air, water, soil and biodiversity and that well-being derives from a set of conditions of social, psychological, cultural, organizational, participatory and autonomic nature, not limited to richness or consumption. Within the analyzed initiatives, resources and actors are considered stocks and the interventions of companies and institutions as flows. Thus, we seek to analyze how initiatives of management in agriculture (flows), affect different types of capital, as physical, financial, ecosystem, social and cultural (stocks), in the scope
of a concerned activity or in the internal environment of each organization, from the perspective of sustainability. The cases evaluated are inserted in the context of complexity of the Brazilian agricultural sector and integrate a universe where small, medium-sized and large organizations are connected to the activities of production, processing, transformation, distribution and services in a continent-sized country. Selecting cases of sustainable management in such miscellaneous context is a big challenge, demanding a closer look to this complexity in order to propitiate, on the one hand, a selection process that allows the participation of different types of actors and activities and, on the other, the establishment of criteria adaptable to different realities, regions, sizes of activities and supply chain sectors. Based on this, both eliminatory and classifying criteria are considered. Concerning the former, the main requirements are the compliance with rules of the public notice, real benefits to organizations or target audience, effective actions towards sustainability and innovative initiatives, not limited to compliance with environmental and social standards under the laws. In the context of criteria, we evaluate the existence and applicability of the management, the nature and extent of
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 the benefits provided by the initiatives, their current and potential effects within the social, economic and environmental sustainability dimensions, as well as its potential for empowerment i.e. continuity capability, progressiveness and reproducibility over time, regardless of the types of actors or organizations that are willing to adopt them. Under these conditions, the cases in this 3rd edition were evaluated and selected by a team of seven judges: six from MAPA e one of FAO. The case analysis was done through the use of electronic forms, where the evaluators attributed notes based on predefined criteria. The classification of cases was performed by a computer program in an automated manner, where the ten with the highest score were appointed. The reported experiences covered the five Brazilian regions and encompassed both public and private organizations. These initiatives involved, in different levels, the dimensions of sustainability and can be framed in four main focuses: good agricultural practices; sustainable use of water; economies of scope through the integration of activities; and waste recycling/generation of alternative energies.
These initiatives promoted or stimulated, in different levels, generation of jobs and income, increased selfesteem by the public concerned, market access, sustainable use of natural resources, collective organization and well-being in rural areas, through its different focuses of sustainable management in agriculture. As result, the undertaken initiatives (flows) by using agro forestry systems, low-carbon agriculture, good production practices, responsible management of natural resources and generation of alternative energies from animal waste, provided the creation of economies of scope, cost reduction and various synergies contributing, in different levels, to the maintenance and/or qualification of social, environmental and economic local actives (stocks) in each region involved. Within each initiative, among the elements that we can highlight as propelling factors of the current and potential results, are the participation of the target audience in actions and management of the activities, existence of participatory capacitybuilding processes, commitment and motivation by the parties concerned, as well as search for partnerships
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 and strengthening of socio-productive organization, aiming to face challenges and seek the perpetuation of results. Even considering that these experiences can’t be automatically replicable due to the various socioeconomic and environmental contexts in each region or biome, we expect that the dissemination of these cases can stimulate adaptations or even convergent initiatives by producers, other actors of supply chain and related organizations, in the perspective of sustainable management in the agricultural sector.
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INTRODUCCIÓN La publicación anual del Ministerio de la Agricultura, Pecuaria y Abastecimiento “Gestión Sostenible en la Agricultura” tiene como propósito principal divulgar iniciativas ejemplares de gestión en el sector agropecuario enfocadas en sostenibilidad. Teniendo en cuenta la necesidad de alcanzar un público más amplio, los casos son también narrados en inglés y, en esta edición, en lengua española. La sostenibilidad es aquí considerada un constructo dinámico con diferentes niveles, dimensiones y actores (antrópicos y eco sistémicos). Se adoptan las premisas de substitución limitada de factores como trabajo, capital y recursos naturales, de la existencia de stock crítico de activos como calidad del clima, aire, agua, suelos y biodiversidad y que el bienestar deriva de un conjunto de condiciones de naturaleza social, psicológica, cultural, organizacional, participativa y autonómica, que no se limita solo a la riqueza o al consumo. En el ámbito de las iniciativas analizadas, los recursos y actores son considerados stocks y las intervenciones de las empresas e instituciones, como flujos. De esa manera, lo que se busca evidenciar es como las iniciativas de gestión en la agricultura, los flujos, afectan los stocks de capitales – físico,
financiero, eco sistémico, social y cultural – existentes en el área de actuación o en el ambiente interno de cada organización, en una perspectiva de sostenibilidad. Los casos evaluados en cada edición se insertan en el contexto de la complejidad del sector agropecuario brasileño e integran un universo donde actúan organizaciones pequeñas, medianas y grandes, vinculadas a las actividades de producción, procesamiento, transformación, distribución y servicios en un país de dimensiones continentales. Seleccionar casos de gestión sostenible en un contexto tan rico y distinto es un gran reto, lo que exige una observación atenta para esa complejidad en el sentido de propiciar, por un lado, un proceso de selección que posibilite la participación de los diversos tipos de actores y actividades y, por otro, el establecimiento de criterios adaptables a distintas situaciones, regiones, portes de iniciativa y sectores de las cadenas productivas. Sobre esta base, son considerados tanto criterios eliminatorios como clasificatorios. En relación a los primeros, las exigencias son el cumplimiento de las normas de la convocatoria de la publicación, que las iniciativas traigan beneficios efectivos a las organizaciones o al público destinatario considerado, y que los casos reflejan
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 acciones con vistas a la sostenibilidad y sean innovadores, sin limitarse al cumplimiento de leyes específicas relativas a la actividad. En el marco de los criterios, se avalúan la existencia y la aplicabilidad de la gestión, la naturaleza y el grado de beneficios proporcionados por las iniciativas, sus efectos actuales y potenciales en el ámbito de las dimensiones social, económica y ambiental de la sostenibilidad, así como su potencial de empoderamiento, es decir, su capacidad de continuidad, progresividad y replicabilidade a lo largo del tiempo, independientemente de los actores o organizaciones que se dispongan a adoptarlos. La evaluación y selección de los casos de esta 3ª edición se realizó por un equipo de siete evaluadores: seis de sectores del MAPA y uno del personal de la FAO. El análisis de los casos se hizo a través del uso de formularios electrónicos, donde los evaluadores atribuyeron calificaciones a criterios predefinidos. La clasificación de los casos fue hecha por programa informático, de manera automatizada, que señaló los diez casos con mayor puntuación. Las experiencias presentadas incluyen las cinco regiones brasileñas y abarcan organizaciones de los sectores público y privado de distintos tamaños. Las
iniciativas involucran, en diversos niveles, las dimensiones de sostenibilidad y pueden ser encuadradas en cuatro ejes principales: buenas prácticas agropecuarias; utilización sostenible del água; economías de gama a través de la integración de actividades; y reciclaje de desechos/generación de energías alternativas. Esas experiencias promovieron o estimularon generación de trabajo e ingresos, aumento de la autoestima por parte del público interesado, acceso a mercados, utilización sostenible de los recursos naturales, organización colectiva y bienestar en el medio rural, a través de distintos enfoques de gestión sostenible en la agricultura. De esa manera, iniciativas (flujos) concretadas a través de sistemas agroforestales, agricultura baja en carbono, buenas prácticas de producción, gestión responsable de los recursos naturales y generación de energías alternativas a partir de desechos, proporcionaron la creación de economías de gama, reducción de costes y sinergias diversas que resultan, en diferentes niveles, en la manutención y/o calificación de los activos sociales, ambientales y económicos (stocks) en cada región involucrada. En el ámbito de cada iniciativa, entre los elementos que sobresalen como factores
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 impulsadores de los resultados actuales y potenciales, están la participación del público destinatario en las acciones y en la gestión, la existencia de procesos de capacitación participativos, el compromiso y la motivación por parte de los involucrados, así como la formación de alianzas y la organización socio-productiva, con vistas al enfrentamiento de los retos y la búsqueda por perpetuación de los resultados. Aunque las distintas experiencias no sean automáticamente replicables teniendo en cuenta los diferentes contextos socioeconómicos y ambientales de cada región o bioma, esperamos que la divulgación de estos casos pueda estimular adecuaciones o mismo iniciativas convergentes por parte de los productores, otros actores de la cadena productiva y organizaciones relacionadas, en una perspectiva de gestión sostenible en el sector agropecuario.
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Programa Água Brasil Agua Brasil Program
Programa Água Brasil
Banco do Brasil Agência Nacional de Águas e WWF-Brasil
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Resumo do caso Lançado em 2010, o Programa Água Brasil, concebido pelo Banco do Brasil e desenvolvido em parceria com a Fundação Banco do Brasil, a Agência Nacional de Águas e o WWF-Brasil, tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento e a disseminação de práticas e técnicas sustentáveis de produção no campo e promover o consumo responsável e a reciclagem de resíduos sólidos nas cidades. O Programa está estruturado em 4 eixos: Eixo 1 - Projetos Socioambientais: 1.1 Água e Agricultura – ações em sete microbacias para melhoria da qualidade das águas e restauração ecológica da vegetação natural por meio de melhores práticas de produção e tecnologias sociais nas bacias dos rios Lençóis (SP); CancãMoinho, Peruaçu (MG); Longá (PI); córrego Guariroba (MS); ribeirão Pipiripau (DF) e igarapé Santa Rosa (AC). 1.2 Cidades Sustentáveis - apoio às prefeituras de Rio Branco (AC), Natal (RN), Belo Horizonte (MG), Pirenópolis (GO) e Caxias do Sul (RS) para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e geração
de trabalho e renda para catadores de materiais recicláveis. Eixo 2 - Comunicação e Engajamento - sensibilizar e mobilizar a sociedade com relação à conservação ambiental. Eixo 3 - Mitigação de Riscos – reduzir os impactos negativos nas práticas de produção e comercialização tradicionais, mitigar os riscos potenciais nas operações do Banco e aperfeiçoar os critérios socioambientais utilizados nos processos de financiamento e investimento do Banco; Eixo 4 - Negócios Sustentáveis – aprimorar os modelos de negócios sustentáveis e ampliação do portfólio de produtos e serviços financeiros.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? O Brasil concentra aproximadamente 12% da água doce superficial do mundo, sendo que mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas durante boa parte do ano. Apesar disso, a água limpa está cada vez mais rara na zona costeira e a água potável cada vez mais cara. Regiões fundamentais à economia do País vêm enfrentando problemas graves.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Esta situação resulta do uso inadequado, com desperdício, que chega a índices da ordem de 40 % a 50% nas cidades, e sem cuidados com a qualidade. No campo, há espaço (e necessidade) para o aumento da eficiência e maior estruturação para a preservação e o uso sustentável desse recurso vital a partir da utilização de boas práticas agropecuárias e a conservação dos serviços ecossistêmicos relacionados à água. A água é o elemento comum entre as ações de sustentabilidade do Banco e também é o foco do Programa Água Brasil. Este apoio deve-se à forte atuação do Banco do Brasil no agronegócio, atividade econômica de grande consumo hídrico e pela importância do recurso água para manutenção das atividades produtivas, para a segurança hídrica e alimentar e para o bem estar da sociedade.
Quem se beneficia deste programa e de que forma? Considerando o amplo escopo de atuação, entende-se que a sociedade de modo geral é beneficiada pelo Programa Água Brasil.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Os resultados permitiram resgatar valores sociais e ambientais com atores-chave do meio rural e reafirmaram a interdependência entre o campo e zonas urbanas brasileiras. Até dezembro de 2013 foram realizadas 87 parcerias com diferentes agentes locais, como associações de produtores, sindicatos rurais, prefeituras, assistência técnica rural, entre outros, com 620 beneficiários diretos e 3.452 indiretos e população potencialmente beneficiada estimada em 10,8 milhões. Resultados tangíveis com impacto local direto garantem água e alimentos e geram benefícios coletivos no âmbito das bacias em questão. A partir da realização de parcerias multisetoriais destacaram-se os resultados: 479 hectares de áreas degradadas restaurados; 427 hectares de fragmentos florestais conservados; 2.236 hectares terraceados e com reformas de pastagens realizadas; 1.131 barraginhas construídas para conservação de solo; 53 produtores beneficiados com o Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA); 626 produtores envolvidos diretamente; 481 cisternas de uso doméstico instaladas; 153 cisternas calçadão construídas para produção agropecuária; 8 casas de sementes construídas; 17 unidades demonstrativas de boas práticas agropecuárias; 554 fossas sépticas instaladas e 600 metros do trecho periurbano do Igarapé Santa Rosa desobstruídos.
Como funciona o programa? A definição do plano de trabalho e dos critérios de escolha das localidades contou com a participação de todos os parceiros do Programa Água Brasil, observado o potencial de replicabilidade das ações implementadas. Para isso, na medida do possível, foram eleitas regiões, atividades, diferentes tamanhos de propriedades rurais e biomas que representassem a diversidade e a complexidade geográfica, econômica, social e ambiental do território brasileiro. No meio rural, nesta primeira fase, o Programa chegou aos biomas: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Caatinga e às regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Apenas para citar a atuação no setor do agronegócio, o eixo de Água e Agricultura atua com a implementação de unidades demonstrativas de boas práticas agropecuárias, que contemplam técnicas produtivas e de restauro florestal, buscando a adequação da propriedade à legislação ambiental, bem como ganhos de produtividade e conservação dos recursos naturais. As unidades demonstrativas servem como base para o conhecimento e replicação das boas práticas nas bacias
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 hidrográficas, com a realização de dias de campo e oficinas de capacitação, que contam com a participação de produtores rurais e assistência técnica rural. Além disso, o Programa, alinhado ao objetivo de disseminar informações e conhecimento, publicará quatro portfolios de Boas Práticas Agropecuárias, Certificações, Restauração Ecológica e Instrumentos Econômicos e Financeiros para a Sustentabilidade. Também foram implementadas Tecnologias Sociais, que visam permitir o acesso das comunidades à água para o consumo humano e produtivo. Além disso, no eixo de Mitigação de Riscos foram elaboradas Diretrizes de Sustentabilidade para o Crédito para o setor do agronegócio, com apoio técnico do Banco do Brasil, do WWF-Brasil e stakeholders, visando a divulgação das práticas negociais e administrativas adotadas, reforçando os compromissos públicos assumidos alinhados aos princípios de responsabilidade socioambiental presentes em suas políticas gerais e específicas. Com essas práticas, o Programa busca contribuir para mitigar o risco socioambiental e reduzir os impactos dos financiamentos e de investimentos do Banco, bem como identificar oportunidades de atuação na cadeia de valor dos negócios sustentáveis
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 a partir de questões socioambientais relevantes e de temas estratégicos para o desenvolvimento sustentável. O Água Brasil ainda possibilita o desenvolvimento de diversos estudos, com o intuito de avaliar o estado da arte e oportunidades de novos financiamentos e mercados, tais como: a) análise das possibilidades de coordenação e compatibilização entre a atuação do setor financeiro e a minimização de externalidades negativas ambientais derivadas de atividades produtivas que alimentam as exportações de produtos da lavoura e pecuária no Brasil; b) análise dos desafios e oportunidades da cadeia de valor do manejo florestal madeireiro sustentável, com o objetivo de aprimorar a oferta de produtos e serviços financeiros que fomentem práticas sustentáveis no setor de agronegócios e que induzam os empreendimentos à competitividade, seja através da minimização ou adaptação aos processos produtivos, de seus efeitos nas mudanças climáticas, estimulo à redução ou extinção de emissões de gases de efeito estufa, promoção do uso eficiente dos recursos naturais e inclusão social;
c) análise do portfólio de produtos financeiros de apoio a boas práticas socioambientais no setor de agronegócios, com foco no Programa de Agricultura de Baixo Carbono e propostas de aprimoramentos; d) análise da viabilidade técnica e econômica da cadeia produtiva de restauração florestal em Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (APP) e a utilização de sistemas agroflorestais para a recomposição da reserva legal nas propriedades rurais, conforme estabelecido no Código Florestal, apresentando indicadores que possam subsidiar a atuação dos agentes financeiros e produtores rurais.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo? Inicialmente, o grande desafio do Programa Água Brasil foi construir a articulação local, buscando o engajamento e o empoderamento dos agentes locais, com o objetivo de proporcionar um ambiente para continuidade e replicabilidade das ações.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Em meados de 2015, os parceiros do Programa avaliarão os resultados finais e a pertinência da sua continuidade para um período de cinco anos. Os resultados já alcançados e os esperados, bem como as lições apreendidas, permitem identificar algumas ações que mereceriam ser continuadas e que contribuiriam para a gestão sustentável na agricultura.
Esse foi um processo naturalmente lento e que inicialmente poderia ter frustrado as expectativas do Banco do Brasil, caso esperasse um retorno de curto prazo. Felizmente, a estratégia mostrou-se bem sucedida e hoje já é possível colher bons resultados e reconhecimento nacional e internacional, tais como, nas publicações “Caring For Climate” e “CEO Water Mandate” durante a Rio + 20, como um dos 10 casos no mundo que contribuem para a adaptação às mudanças climáticas.
Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho?
O Programa também integra o grupo de práticas empresariais na categoria Adaptação – Agricultura, Água e Comida da Organização das Nações Unidas (ONU), além de ter sido destaque na Conferência das Partes de Biodiversidade, COP 11, na Índia, em 2012, em publicação do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS.
A experiência do Programa Água Brasil demonstra que é possível conciliar a produção de alimentos e a conservação mediante a adoção de boas práticas e o uso de instrumentos econômicos. Fica evidente a necessidade do engajamento do poder público, privado e do terceiro setor no apoio aos agricultores na adoção e na manutenção de práticas mais sustentáveis e rentáveis, constituindo-se um grande desafio e ao mesmo tempo uma oportunidade de mudança.
Outro desafio enfrentado se relaciona à diversidade do Programa e ao gerenciamento das ações. Este deve ser bem monitorado por instâncias em nível técnico, gerencial e corporativo. Para o Banco do Brasil, a sua grande capilaridade e o engajamento dos técnicos locais permitiram que a instituição estivesse presente e acompanhasse a execução dos projetos.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Para definir a área de intervenção, é fundamental mapear o potencial de replicabilidade e de engajamento das partes interessadas. Para isso, utilizar a bacia hidrográfica ou a microbacia permite a identificação das necessidades e a capacidade de intervenção dos agentes locais. A qualidade do diagnóstico da área de intervenção é importante e deve ser capaz de enumerar os atores locais, os problemas e as oportunidades, de modo a possibilitar o engajamento daqueles que deverão ser empoderados, permitindo assim, a continuidade e o financiamento das ações. Outro aspecto relevante é identificar as boas experiências já implementadas na área de intervenção e avaliar sua possibilidade de integração com as demais ações, bem como criar instâncias de coordenação e de acompanhamento no âmbito local e estratégico. As técnicas de produção sustentável e as tecnologias sociais adotadas no Programa Água Brasil podem ser replicadas em bacias hidrográficas onde há demanda para segurança hídrica e alimentar no campo e nas cidades.
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Case summary Launched in 2010, Água Brasil Program, conceived by Banco do Brasil and developed in partnership with Fundação Banco do Brasil, Agência Nacional de Águas (National Water Agency) and WWFBrasil, aims to stimulate the development and dissemination of sustainable production practices in the field and also to promote the responsible consumption and the recycling of solid waste in the cities. The Program is structured in four axes: Axis 1 - Socio-environmental Projects: 1.1 Water and Agriculture - actions on seven small watersheds promoting an improvement on water quality and ecological restoration of natural vegetation through sustainable agriculture, employing the best production practices and social technologies around the rivers Lençóis (SP), Cancã-Moinho (SP), Peruaçu (MG), Longá (PI) and Pipiripau (DF), and also around the Guariroba (MS) stream and Santa Rosa (AC) watercourse. 1.2 Sustainable Cities – give support to local cities, such as Rio Branco (AC), Natal (RN), Belo Horizonte (MG), Pirenópolis (GO)
and Caxias do Sul (RS), in order to implant the National Solid Waste Policy, increasing employment rate and social inclusion to recyclers. Axis 2 - Communication and Engagement –sensitizing and mobilizing society in order to preserve the environment. Axis 3 - Risks Mitigation – reduce negative impacts on traditional production and selling practices, mitigate potential risks to the bank operations, while improving social and environmental criteria employed to the Bank funding and investment processes; Axis 4 - Sustainable Businesses – improve sustainable business models and expand financial products and services portfolio.
Why was the sustainability program created? Approximately 12% of world´s fresh water is concentrated in Brazil, and during most part of the year, rain falls in more than 90% of the Brazilian territory. Despite that, clean water is becoming increasingly scarcer at the Coastal Zone and drinkable water is becoming more and more expensive.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Regions that are crucial to the Brazilian economy have been facing serious problems. This situation is a result of the improper use and the waste of water that reaches indexes as high as 40% to 50% in cities, with no care with quality. In the rural area, there is space (and the necessity) to increase efficiency and better structures to the preservation and sustainable use of this vital resource, with good agricultural and cattle farming practices, additionally to the conservation of water-based ecosystem services. Water is the common element among the actions on sustainability promoted by the Bank and is also the focus of Água Brasil Program. This support is due to the strong presence of the Bank in agribusiness, a water-intensive economic activity, and to the importance of water resources in the maintenance of productive activities, for water and food security and the society wellbeing.
Who benefits from this program, and how? Considering the wide scope of action, it is understood that society in general is benefited from the Água Brasil Program. The results enabled rescuing social and environmental values with the key
actors from rural areas, and reaffirmed the interdependence between the Brazilian rural and urban areas. Until December 2013, 87 partnerships were established with several local agents like farmers associations, rural trade unions, town halls, rural technical assistance, among others, with 620 direct beneficiaries and 3,452 indirect ones. The potentially benefited population is estimated in 10.8 million people. Tangible results with local impact ensure water and food and also generate collective benefits in the area of the watersheds benefited by the Program. With the support of multisectoral partnerships, some results have stood out, such as: 479 hectares of degraded areas restored; 427 hectares of forest fragments conserved; 2,236 hectares terraced and reformed pasture; 1,131 small dams built for soil conservation (Barraginhas, in Portuguese); 53 farmers receiving Payments for Environmental Services -PSA; 626 farmers directly engaged with the Program; 481 domestic water cisterns installed; 153 water cisterns for rural areas (Cisterna Calçadão in Portuguese); built to the agricultural production; 8 seed houses built; 17 demonstration units for good farming practices; 554 septic tanks installed; and, 600 of Santa Rosa watercourse, located in the peri-urban zone, were unobstructed.
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How does the program work? The workplan and the criteria to select the sites were defined with the participation of all the Program partners, observing the potential engagement and sharing of the implemented actions. Therefore, as it was possible, they have selected regions, activities, farmers - according to the size of their properties - and biomes that better represented the diversity and geographic complexity, economic, social and environmental of the Brazilian territory. In the rural area, in this first stage, the Program has reached important biomes such as Atlantic Forest, Cerrado, Amazon and Caatinga in the Southeast, CenterWest, North and Northeast regions of the country. Referring to the Program work on agribusiness, the Water and Agriculture axis acts with the implementation of demonstrative units of good cattle farming practices, that contemplate productive and forest restoration techniques, always looking for adapting the property to the environmental legislation, as well as promoting productivity increase and natural resources conservation. The demonstration units work as a base to acquire more knowledge and disseminate
these good practices at the watersheds through capacity-building workshops, which are usually attended by farmers and rural technical assistance agents. Moreover, the Program also has the compromise to disseminate its experiences and intends to publish four portfolios of best practices Good Agricultural Practices, Certifications, Ecological Restoration and Economic and Financial Instruments for Sustainability. The Program has also implemented Social Technologies that should provide communities with access to water for human and production consumption. Apart from that, under the axis of Risk Mitigation, it was elaborated a guideline of Sustainability for Credit, focused on the agribusiness sector, with the technical support of Banco do Brasil, WWF-Brasil and stakeholders. The aim of this guideline is to disseminate the negotiation and administrative practices adopted, reinforcing the Program public commitments that are also in line with the principles of socioenvironmental responsibility established in its general and specific policies. Through these practices, the Program intends to mitigate the socioenvironmental risk and reduce the impact of the Bank funding and investments, as well as identify work opportunities on the value chain
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 of sustainable businesses, considering relevant socioenvironmental issues and strategic topics for sustainable development. The Program also enables the development of several studies in order to evaluate the state-of-the-art and the opportunities for new funding and markets, such as: a) analysis of the possibilities of coordination and alignment of the financial sector work and the minimization of negative environmental externalities derived from productive activities that support the exportation of Brazilian farming products; b) analysis of the challenges and opportunities of the value chain of the management of sustainable wood forest, willing to improve the offer of financial products and services that foster sustainable practices in the agribusiness sector, and also induce companies to competitiveness either through the minimization or adaptation of productive processes, its effects on climate changes, its incentive to the reduction or abolishment of emissions of greenhouse gases, its promotion of efficient use of natural resources and social inclusion; c) analysis of the portfolio of financial products supportive to good socioenvironmental practices in the agribusiness sector, focusing
on the Low Carbon Agriculture Program and proposals for improvement; d) analysis of the technical and economic viability of the productive chain on forest recovery in Legal Reserve and Permanent Preservation Areas (APP, in Portuguese); analyze the use of agroforestry system to recover legal reserves in rural properties, as established by the Forest Code, presenting indicators to support financial agents and farmer work.
What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? Firstly, that biggest challenge of the Program was to build local articulation, in order to engage and empower local agents, with the aim of offering an ideal environment to provide continuity and repercussion of actions. This process, inherently slow, could have frustrated the Bank expectations if it had wanted for short-term returns. Fortunately, the strategy was a success, and now it is possible to see the good results and national and international recognition such as a highlight in the publication by the Caring for
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Climate and CEO Water Mandate during the event Rio +20, as one of the 10 cases in the world that contributes to the climate changes adaptation. The Program is also part of the business practices group in the category of Adaptation – Agriculture, Water and Food of the United Nations Organization (UN), besides having been the high spot at the Conference of the Parties - COP 11, held in India in 2012, in a publication of the Brazilian Entrepreneur Council to the Sustainable Development (CEBDS, in Portuguese.) Another challenge faced, is related to the Program diversity and the actions management. These issues have to be closely monitored by technical, managerial and corporate instances. For the Bank, its broad network and the engagement of local technicians allowed the institution to be present and following the projects execution. In mid-2015, the Program partners will evaluate the results and pertinence of providing continuity to it for an additional 5-year period. The results achieved and the expected ones, as well as the lessons learned already allow the identification of some actions that should be continued and that would contribute to sustainable management in agriculture.
How could other agriculture-related agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? The Program experience shows that it is possible to conciliate food production and conservation through the adoption of good practices and the use of economic tools. It is unmistakable the need of engagement from the public and private powers and the third sector to support farmers in the adoption and maintenance of more sustainable and profitable practices. This is both a great challenge and an opportunity for changes. To define the area of intervention, it is essential to map the potential for replicability and stakeholder engagement. For this, to use the watersheds allows the identification of these needs and the capacity of intervention of local agents. The quality of the diagnosis about the intervention area is important and should be capable of listing local actors, problems and opportunities to allow the engagement of those who are to be empowered and, thus, enabling the continuity and funding of actions.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Another relevant aspect is to identify successful experiences already implemented in the intervention area and evaluate its potential integration to other actions, as well as create spheres of coordination and follow-up at the local and strategic levels. The sustainable production techniques and social technologies adopted in Água Brasil Program can be replicated in watersheds where there is demand for food and water security in rural and urban areas.
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Resumen del caso Lanzado en 2010, el Programa de Água Brasil, concebido por Banco do Brasil y desarrollado en colaboración con la Fundação Banco do Brasil, la Agencia Nacional de Aguas y el WWF-Brasil, tiene como objetivo fomentar el desarrollo y la difusión de prácticas y técnicas de producción sostenibles en el campo y promover el consumo responsable y el reciclaje de residuos sólidos en las ciudades. El programa está estructurado en 4 ejes: Eje 1 - Proyectos Socioambientales: 1.1: Agua y Agricultura – acciones en siete microcuencas promoviendo la mejora de la calidad del agua y la restauración ecológica de la vegetación natural a través de mejores prácticas de producción y tecnologías sociales en las cuencas de los ríos Lençóis (SP); Cancã-Moinho, Peruaçu (MG); Longá (PI); arroyo Guariroba (MS) y de las corrientes Pipiripau (DF) y Santa Rosa (AC). 1.2: Ciudades Sostenibles – apoyo a los municipios locales de Rio Branco (AC), Natal (RN), Belo Horizonte (MG), Pirenópolis (GO) y Caxias do Sul (RS) para la implementación de la Política Nacional
de Residuos Sólidos (PNRS), y generar empleo y ingreso para los recicladores. Eje 2 - Comunicación y Compromiso – sensibilizar y movilizar la sociedad a favor de la conservación del medio ambiente. Eje 3 - Mitigación de Riesgo – reducir los impactos negativos en la producción tradicional y prácticas de marketing y mitigar los riesgos potenciales en las operaciones del banco y mejorar los criterios sociales y ambientales utilizados en el proceso de financiación e inversiones del Banco; Eje 4 - Negocio Sostenible – mejorar los modelos de negocios sostenibles y ampliar la cartera de productos y servicios financieros.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? Brasil concentra aproximadamente el 12% del agua dulce superficial de todo el mundo, y más de 90% del territorio brasileño recibe lluvias durante la mayor parte del año. A pesar de esto, el agua limpia es cada vez más rara en la zona costera y el agua potable cada vez más cara. Regiones esenciales para la economía del país enfrentan graves problemas. Esta situación
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 es resultado del uso inadecuado de agua, con el desperdicio, que alcanza índices de orden de 40% a 50% en las ciudades y sin cuidados con la calidad. En el campo, hay espacio (y necesidad) para mayor eficiencia y mayor estructuración para la conservación y uso sostenible de este recurso vital, a partir de la adopción de buenas prácticas agrícolas y la conservación de ecosistemas relacionados con el agua.
claves del entorno rural y reafirmaron la interdependencia entre las zonas rurales y urbanas en Brasil. Hasta diciembre de 2013 se realizaron 87 asociaciones con diferentes agentes locales, como las asociaciones de productores, sindicatos, municipalidades, asistencia técnica rural, entre otros, con 620 beneficiarios directos e 3.452 indirectos y población potencialmente beneficiada estimada en 10,8 millones.
El agua es el elemento común de las acciones de sostenibilidad del Banco do Brasil y también es el foco del Programa Água Brasil. Este apoyo se debe por una representación muy fuerte del banco en el sector del agronegocios, actividad económica de gran consumo de agua y por la importancia de los recursos hídricos para el mantenimiento de las actividades productivas, seguridad del agua y bienestar de la sociedad.
Resultados tangibles con impacto directo local están proporcionando alimentos y agua, y la generación de beneficios colectivos en las cuencas en cuestión. A partir de la realización de alianzas multisectoriales son destacados los siguientes resultados: 479 hectáreas de áreas degradadas restauradas; 427 hectáreas de fragmentos de bosque preservados; 2.236 hectáreas terraceados y reformas de pastoreo llevadas a cabo; 1.131 barraginhas construidas para la conservación del suelo; 53 productores están recibiendo Pagos por Servicios Ambientales (PSA); 626 productores directamente involucrados; 481 cisternas de uso doméstico instaladas; 153 cisternas tanques construidas para la producción agrícola; 8 casas de semilla construidas; 17 Unidades de Demostración de buenas prácticas agrícolas aplicadas; 554 séptico tanques instalados y 600 metros del tramo periurbano de la corriente Santa Rosa limpios.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? Teniendo en cuenta el amplio alcance de la acción, significa que la sociedad en general es beneficiada por el Programa Água Brasil. Los resultados mostraron el rescate de los valores sociales y ambientales con actores
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 campo y talleres de capacitación y la participación de los productores rurales y asistencia técnica rural. Además, el Programa, alineado con su objetivo de difundir informaciones, publicará sus manuales de Buenas Prácticas Agrícolas y de Instrumentos Económicos y Financieros. También se implementaron tecnologías sociales, que tienen como objetivo permitir el acceso de las comunidades al agua para consumo humano y productivo.
¿Cómo funciona el programa? La definición del plan de trabajo y los criterios de selección de localidades contó con la participación de todos los socios del programa, destacó el potencial de replicabilidad de acciones implementadas. Por eso, en la medida de lo posible, fueron elegidas regiones, actividades, diferentes tamaños de propiedades rurales y biomas que representan la diversidad y complejidad geográfica, desarrollo económico, social y ambiental del territorio brasileño. En las zonas rurales, en esta primera fase, el Programa alcanzó los biomas de Mata Atlántica, Cerrado, Caatinga y Amazonia y las regiones sudeste, centro-oeste, noreste y norte.
Además, en el eje de Mitigación de Riesgos fueron elaboradas las Directrices de Sostenibilidad para el Crédito para el sector agroindustrial, con el apoyo técnico del Banco, WWF-Brasil y partes interesadas, con el objetivo de la difusión de la negociación y las prácticas administrativas adoptadas, reforzar compromisos públicos, alineados con los principios de responsabilidad social y ambiental en sus políticas generales y específicas.
Sólo por citar las acciones relacionadas con el sector de agronegocios, el eje rural tiene como objetivo poner en práctica unidades de demostración de buenas prácticas agrícolas, que incluyen técnicas de producción y reforestación, buscando la adecuación de la propiedad en la legislación ambiental, así como el aumento de la productividad y de la conservación de los recursos naturales. Unidades Demostrativas sirven como base para el conocimiento y la replicación de las buenas prácticas en las áreas de captación, con la realización de días de
Con estas prácticas, el Programa busca contribuir para mitigar el riesgo social y ambiental y reducir los impactos de financiamientos e inversiones del Banco, así como identificar oportunidades de desempeño en la cadena de valor empresarial sostenible de cuestiones ambientales y sociales relevantes y de temas estratégicos para el desarrollo sostenible.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 El Programa Água Brasil también permite el desarrollo de varios estudios para evaluar el estado del arte y nuevas oportunidades de financiación y mercados, tales como: a) análisis de las posibilidades de coordinación y compatibilidad entre el desempeño del sector financiero y la minimización de las externalidades ambientales negativas derivadas de las actividades productivas que alimentan las exportaciones de productos agrícola y ganadera de Brasil; b) análisis de los retos y oportunidades de la cadena de valor de la gestión forestal sostenible de madera, con el objetivo de mejorar la oferta de productos financieros y servicios que promuevan prácticas sostenibles en el sector agroindustrial y para inducir a la competitividad de las empresas, ya sea por minimizar o adaptarse a los procesos productivos, de sus efectos sobre el cambio climático, fomentar la reducción o extinción de las emisiones de gases de efecto invernadero, promover el uso eficiente de los recursos naturales y la inclusión social; c) análisis de la cartera de productos financieros de apoyo a las mejores prácticas ambientales en el sector agroindustrial, centrándose en el Programa Agricultura de Bajo Carbono y propuestas de mejora;
d) análisis de la viabilidad técnica y económica de la cadena de producción de restauración forestal en Reserva Legal y Áreas de Preservación Permanente (APP) y el uso de sistemas agroforestales para la recomposición de la reserva legal en propiedades rurales, según lo establecido en el Código Forestal brasileño, introducción de indicadores que pueden subvencionar las actividades de los agentes financieros y productores rurales.
¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro? Inicialmente, el gran reto del Programa fue construir la articulación local, buscando la participación y el empoderamiento de los actores locales, con el objetivo de proporcionar un ambiente de continuidad y replicabilidad de las acciones. Esto fue un proceso lento naturalmente y que inicialmente podría haber frustrado las expectativas del banco, si esperaba retorno a corto plazo. Afortunadamente, la estrategia resultó exitosa y hoy ya es posible cosechar buenos resultados y reconocimiento
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 nacional e internacional, como aparece en la publicación Caring For Climate y CEO Water Mandate durante el Río + 20, como uno de los 10 casos en el mundo que contribuyen a la adaptación al cambio climático. El Programa también integra el grupo de práctica empresarial en la categoría de Adaptación – Agricultura, Água y Alimentos de las Naciones Unidas (ONU), además de haber sido presentado en la Conferencia de las Partes COP 11, la biodiversidad, en la India, en 2012, en la publicación del Consejo Empresarial Brasileño para el Desarrollo Sostenible – CEBDS. Otro desafío se refiere a la diversidad del Programa y la gestión de las acciones. Esto debe ser bien vigilados por instancias técnicas, a nivel gerencial y corporativo. Para el Banco do Brasil, su gran alcance y el compromiso de los técnicos locales permitieron la institución estar presente y acompañar la ejecución de los proyectos. En mediados de 2015, los socios del Programa evaluan los resultados finales y la pertinencia de su continuidad para un nuevo período de cinco años. Los resultados ya obtenidos y los esperados, así como las lecciones agarradas, permiten para identificar ciertas acciones que continuaría y que contribuiría a una gestión sostenible en la agricultura e del água.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo? La experiencia del Programa demuestra que es posible conciliar la producción de alimentos y la conservación mediante la adopción de mejores prácticas y del uso de instrumentos económicos. Es evidente la necesidad de la participación de las autoridades pública, privada y tercer sector en el apoyo a los agricultores en la adopción y el mantenimiento de prácticas más sostenibles y rentables, que constituyen un gran desafío y al mismo tiempo una oportunidad para cambiar. Para definición del área de intervención, es esencial mapear el potencial de replicabilidad e de participación de las partes interesadas. Para hacer esto, usar la cuenca hidrográfica o la microcuenca le permite la identificación de las necesidades y la capacidad de intervención de los agentes locales. La calidad del diagnóstico de la zona
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 de intervención es importante y debe ser capaz de enumerar los agentes locales, los problemas y las oportunidades, con el fin de permitir la participación de aquellos que deben ser fortalecidos, por lo tanto, la continuidad y la financiación de las acciones. Otro aspecto importante es identificar las buenas experiencias ya implementadas en la zona de intervención y evaluar la posibilidad de integración con otras acciones, así como crear instancias de coordinación y seguimiento de en el ámbito local y estratégico. Las técnicas de producción sostenibles y las tecnologías sociales adoptadas en el Programa Água Brasil podrían ser replicadas en ambas cuencas donde hay demanda por la seguridad hídrica y alimentaria en el campo y en las ciudades.
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Mulheres do Campo: a força feminina em ação pelo desenvolvimento sustentável Mulheres do Campo Project: the female strenght in action for a sustainable development Proyecto Mulheres do Campo: la fuerza femenina en acción por el desarrollo sostenible
Clube Amigos da Terra – CAT
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Resumo do caso O Projeto “Mulheres do Campo: a força feminina em ação pelo desenvolvimento sustentável” teve início em 2009 a partir de uma avaliação com um grupo de 30 produtoras rurais sobre a participação da mulher dentro do agronegócio no município de Sorriso no estado do Mato Grosso. Os principais resultados dessa avaliação mostraram que as mulheres se sentiam “excluídas” e desvalorizadas no meio rural e gostariam de ter uma participação mais efetiva na promoção da sustentabilidade. Apartir da identificação destes problemas, nasceu o projeto “Mulheres do Campo” que sugeria a realização de vários cursos de capacitação para o grupo nas questões relativas a liderança, gestão da propriedade rural e ao papel da mulher na sociedade atual. No decorrer da participação das mulheres nos cursos e dado ao crescente fortalecimento do seu valor como indivíduo e agente de transformação social, o grupo propôs ações voltadas para a promoção da sustentabilidade as quais foram realizadas no decorrer dos últimos anos. Em 2010 aconteceu o I Fórum “Construindo um Futuro Melhor”. Em 2011, o grupo abraçou a causa da coleta seletiva do lixo nas propriedades rurais e em 2012
a implantação de composteiras para o lixo orgânico com a finalidade de produção de adubo a ser utilizado nas hortas das propriedades rurais. Em 2013 o foco foi a questão da violência doméstica e em 2014 o foco está na reativação da Associação Produtiva das Mulheres da Poranga, nome comum dado ao Assentamento Jonas Pinheiro (Sorriso – MT), com o objetivo de produzir derivados de leite, cana e polpa de frutas do Cerrado. Esta Associação existe desde 2007 e a intenção do grupo é a sua reestruturação e a motivação das mulheres para que a entidade volte ao seu efetivo funcionamento favorecendo a geração de renda para as produtoras rurais da agricultura familiar do município.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? O Clube Amigos da Terra – CAT Sorriso é uma associação de produtores rurais localizada no município de Sorriso e suas principais ações estão concentradas em projetos socioambientais ligados à Educação Ambiental e ao apoio a produtores rurais para promoção da sustentabilidade em geral. Sorriso é o maior produtor de soja do mundo e tem sua economia baseada na agricultura.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Diante deste contexto, o CAT teve a ideia de trabalhar com produtoras rurais e usar a imagem que a mulher possui, entre outras, de “mãe”, “protetora” e cuidadora, para realizar uma campanha relacionada às produtoras que estavam produzindo sem degradar o meio ambiente. A ideia era trazer as produtoras para participarem mais ativamente no CAT. Entretanto, durante a reunião realizada com o grupo de 30 produtoras ficou evidenciado que a preocupação com a imagem do produtor não era prioridade, e outros problemas foram citados como preconceito, posse da terra, duras jornadas de trabalho na casa e na propriedade rural, falta de apoio, desvalorização dentro e fora de suas propriedades rurais. Por outro lado, o grupo demonstrou que gostaria de participar, opinar e ser mais atuante. Nesses debates, o CAT e o Sindicato Rural de Sorriso resolveram abraçar a causa das produtoras rurais e a partir daí foi criado o projeto Mulheres do Campo com o objetivo de trabalhar com as produtoras, questões de liderança, autoestima e capacitá-las para o agronegócio e o desenvolvimento sustentável. Assim poderiam sentir segurança e se tornariam instrumentos de promoção da sustentabilidade no meio rural do município.
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Quem se beneficia deste programa e de que forma? O projeto beneficia principalmente produtoras rurais de Sorriso, sendo elas da agricultura familiar ou de larga escala, num total de aproximadamente 50 mulheres. No geral, são mulheres que tem entre 35 a 40 anos, imigrantes da região sul do Brasil, casadas e com dois a três filhos. Dentro do grupo de mulheres da produção de soja, a maioria possui nível de escolaridade até o ensino médio e algumas com nível superior. O grupo de mulheres da agricultura familiar está distribuído nos Assentamentos Jonas Pinheiro - Poranga (216 famílias); Casulo (26 famílias) e Santa Rosa II (177 famílias). A maioria possui nível de escolaridade até o ensino fundamental, sendo que há a presença de mulheres mais jovens (filhas de produtores) que estão cursando o ensino médio. A renda familiar gira em torno de R$ 1.500,00 oriundos da produção de hortifrutigranjeiros. Algumas famílias contam com a aposentadoria do familiar mais velho para complementar a renda. No início deste projeto (2010), os principais benefícios oferecidos para essas mulheres foram cursos e palestras (total de
10) incluindo desde assuntos técnicos como gestão da propriedade rural, liderança, cooperativismo e questões relacionadas ao gênero como empoderamento e o papel da mulher na sociedade. No segundo momento, a partir de 2011 após a elaboração da Carta da Terra do Médio Norte do MT, um guia orientador para as futuras ações do grupo na promoção do desenvolvimento sustentável, iniciaram-se as ações realizadas pelas mulheres do campo em suas comunidades. O CAT dá o suporte para que as propostas do grupo aconteçam, desde a elaboração de projetos, apoio na captação de recursos para a execução no campo, na mobilização das mulheres e da sociedade em geral e junto a órgãos governamentais. Assim, o maior benefício é mostrar para elas que, com o desenvolvimento da autonomia, elas têm o poder de transformar suas realidades socioeconômicas a partir de um comportamento proativo e com espírito de grupo.
Como funciona o programa? O programa nasceu a partir da identificação de problemas que eram comuns tanto para as mulheres da agricultura familiar como da produção de larga escala. A partir da identificação destes problemas, junto com o grupo de
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 30 mulheres, foi discutido as possíveis soluções e, com a participação ativa do grupo foi elaborado o projeto “Mulheres do Campo: a força feminina em ação pelo desenvolvimento sustentável”. Com o projeto em mãos o CAT apresentou-o a diversas entidades públicas e privadas tais como: Sindicato Rural, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do Município, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR e Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso - APROSOJA. Como o projeto foi elaborado por um grupo de pessoas da comunidade local e não somente por uma única pessoa ou entidade e, por ser de simples implantação e ter como tema uma questão importante e atualíssima trazendo à discussão o preconceito contra a mulher, o CAT ocupou todos os espaços passíveis de questionamentos possibilitando a captação de recursos e a realização de parcerias para a implementação do projeto. Com o projeto aprovado pela comunidade, em 2010 foi realizado uma nova mobilização das mulheres para o lançamento e estabelecido um cronograma dos cursos a serem oferecidos no decorrer do ano. A maioria dos cursos foi realizada sem custos para as mulheres e aconteceram com o apoio do SENAR, Ministério de Agricultura
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 e Abastecimento - MAPA, APROSOJA que forneciam instrutores, palestrantes e o local dos cursos sem custos para o CAT- Sorriso. Alguns foram custeados pelas empresas privadas parceiras do projeto conforme a necessidade. Cursos mais pertinentes à agricultura familiar, como cooperativismo/ associativismo, foram realizados nos assentamentos rurais com o apoio da Secretaria de Agricultura no fornecimento de transporte para o grupo de mulheres até o local de realização. Assim, através do projeto, mais de 300 mulheres beneficiaram-se com cursos, seminários e eventos voltados para a questão de gênero e de sustentabilidade. O foco é a capacitação das mulheres nos temas solicitados por elas como: liderança, oratória, gestão da propriedade rural, práticas de sustentabilidade, cooperativismo/associativismo. Os seminários/fóruns servem como espaço para discussão e reflexão sobre o papel da mulher na sociedade atual, questões sobre violência doméstica e demais temas voltados para o gênero. Em novembro de 2010 foi realizado o I Fórum Construindo um Futuro Melhor com participação 150 mulheres de Sorriso e Região e foi criada, de maneira participativa, a Carta da Terra das Mulheres do Médio
Norte de MT, mencionada anteriormente. A Carta é uma ferramenta orientadora do grupo para as ações a serem realizadas. No final do I Fórum a questão eleita para o ano de 2011 foi a coleta seletiva de lixo nas propriedades rurais. As ações foram definidas levando-se em consideração a simplicidade e a facilidade que as mulheres teriam para implementar, primeiro em suas casas e depois em suas comunidades, bairros, municípios, e assim por diante. Em 2011, foi elaborado o projeto “Conscientizar é Preciso” que tem como objetivo a coleta seletiva de lixo nas propriedades rurais das mulheres participantes do projeto Mulheres do Campo e trazer a discussão junto ao poder público e à sociedade um problema que, na maioria das vezes, é ignorado. O processo para a implantação desse projeto seguiu os mesmos passos dos anteriores, ou seja, definição de maneira participativa e em grupo do problema a ser solucionado; elaboração do projeto; apresentação deste para o grupo de mulheres e seu respectivo comprometimento com o trabalho; busca de parceiros e apoiadores (tanto na esfera pública como privada); implementação e, durante a realização dos Fóruns Construindo um Futuro Melhor,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 apresentação dos resultados e avaliação do trabalho. Assim, o projeto prossegue até hoje.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo?
Em 2012 o tema abordado foi violência doméstica, quando várias ações de conscientização foram realizadas para mulheres do campo, desde participação em palestras sobre o tema como ações pontuais no dia internacional da mulher e apresentação do projeto em outros municípios como Nova Ubiratã, Ipiranga do Norte, Sinop.
O projeto se concretizou devido às parcerias realizadas pelo CAT com empresas locais que contribuíram com os recursos necessários para a realização dos cursos e eventos para as mulheres, como foi o caso da Agrobaggio, do Grupo Amazônia, da Fundação AGRISUS – Agricultura Sustentável, SENAR, Prefeitura Municipal de Sorriso, APROSOJA, Sindicato Rural. Além disso, tivemos o Ministério da Agricultura e Pecuária – MAPA, através do da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo-SDC/Departamento de Cooperativismo e Associativismo RuralDENACOOP, do Programa Mato Grosso MT Regional e Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do MT - FAMATO como apoiadores do projeto.
Atualmente, o foco do projeto das mulheres do campo está na reestruturação da Associação Produtiva das Mulheres da Poranga para o seu efetivo funcionamento. Esta Associação estava paralisada desde 2007 devido a falta de uma cozinha comunitária para fabricação dos produtos derivados de leite, cana e polpa de frutas do Cerrado. Com apoio do projeto, o grupo já elegeu a nova presidente, regularizou toda a documentação da associação e está dando suporte para a captação de recursos para a construção da cozinha comunitária. Neste caso, as produtoras rurais de larga escala estão apoiando ações da agricultura familiar para a melhoria da qualidade de vida de suas companheiras.
Ainda assim, a maior dificuldade é a captação de recursos para a ampliação dos trabalhos para atender um número maior de mulheres e para a implementação das ações propostas pelo grupo. Acreditamos que por o projeto propor sensibilização das mulheres com relação ao seu valor e
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 a sua capacidade de transformação social, o principal resultado não é produto visível e os resultados mais relevantes se dão no âmbito comportamental e atitudes de empoderamento. Outra dificuldade é manter o grupo motivado, o que exige um grande esforço tanto do CAT como daquelas mulheres que se destacaram dentro do grupo como líderes. Durante os quatro anos de desenvolvimento deste projeto verificamos que o número de integrantes que participam efetivamente do trabalho varia devido a diversos fatores como: a influência negativa ou a falta de apoio de seus companheiros com relação a participação das mulheres nas reuniões/palestras, isto, tanto junto ao grupo da agricultura familiar como junto ao grupo das grandes proprietárias rurais; a falta de paciência do grupo em atingir seus objetivos, como é o caso da captação de recursos para a construção da cozinha comunitária. Como perspectivas futuras, a intenção é continuar com o trabalho de empoderamento das mulheres do meio rural bem como conseguir colocar a Associação das Mulheres de volta ao funcionamento até o final de 2015. Como meta, o projeto quer aumentar em 30% a renda das participantes da Associação até julho de 2016.
Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho? Consideramos este projeto de grande relevância e de fácil aplicabilidade em qualquer região do país, uma vez que várias entidades - como a FAO, ONU Mulher e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento através do Programa Coopergênero/Denacoop - reconhecem a importância e a necessidade de se trabalhar com questões de gênero, tendo em vista que a realidade apontada pelas mulheres da área rural de Sorriso/MT se repete pelo mundo. O passo a passo para iniciar um programa como este é simples e a metodologia para tal já está amplamente estabelecida. O aspecto do “novo” é abordar justamente a questão do gênero e colocar a mulher como ente fundamental na promoção da sustentabilidade, usar os aspectos inerentes à condição da mulher como: a maternidade, o cuidado com a família, a sensibilidade e a maior facilidade em trabalhar em grupo. Levando-se em consideração estes aspectos o processo segue o caminho normal:
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 1. Identificação de um problema comum 2. Elaboração de um rascunho de projeto para solucionar o problema de forma PARTICIPATIVA com a comunidade/grupo;
neste processo. A constante divulgação do andamento do projeto para a sociedade em geral é ponto fundamental, porque trabalha com a autoestima dos participantes e faz com que a sociedade se torne um agente de monitoramento do projeto.
3. Apresentação e validação do projeto junto a comunidade e uma ação que simbolize o comprometimento da comunidade com o trabalho a ser realizado; 4. Apresentação do projeto para sociedade em geral para captação de recursos e parcerias; 5. Organização de um evento de lançamento oficial do projeto para a criação de um marco histórico junto ao grupo envolvido e a sociedade em geral; de;
6. Engajamento contínuo da comunida-
7. Implementação do projeto e avaliação; Ponto essencial a ser frisado é a constante participação da comunidade em todas as partes da elaboração do projeto e de seu desenvolvimento, inclusive com a delegação de responsabilidades para pessoas que se destaquem como líderes
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015
Case summary The Project “Farm Women: the female strength in action for a sustainable development” started in 2009 after an evaluation with a group of 30 agricultural producers regarding women’s participation in agribusiness in the Sorriso municipality, State of Mato Grosso - MT. The main results of this evaluation have shown that women felt “excluded” and undervalued in the agricultural field, and they would like to have a more effective participation in the promotion of sustainability. Upon the identification of these problems, the Project “Farm Women” started. The Project suggested a number of training courses targeted to these women, and which focused on issues related to leadership, rural property management and women’s role in society at present. Due to the women’s participation in the courses and the increasing value assigned to them as individuals and as agents of social transformation, the group considered actions that focused on the promotion of sustainability, and these actions have been developed throughout the last years. In 2010 it was held the 1st Forum “Building a Better Future”.
In 2011, the group adopted the cause of selective waste collection in rural properties, and in 2012, they started to use organic waste composting as fertilizer in the vegetable gardens in these rural properties. In 2013, the focus was the issue of domestic violence, and in 2014 the focus has been on the reactivation of the Associação Produtiva das Mulheres da Poranga [Productive Association of Women in Poranga]. Poranga is a popular name given to the Assentamento Jonas Pinheiro (Sorriso - MT) [Jonas Pinheiro Settlement]. The project’s objective is to produce goods derived from milk, sugar cane and pulps of native fruits of the Cerrado. This Association has existed since 2007, and the group’s intention is to restructure it and to motivate the women, so it resumes its effective operation, fostering income generation for the rural producers in the municipality.
Why was the sustainability program created? The Clube Amigos da Terra - CAT [Friends of the Earth Club] is an association consisted of family-based agricultural producers located in the municipality of Sorriso - MT, and its main action focuses on socio-environmental projects connected
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 to Environmental Education and support to rural producers, in order to promote overall sustainability. Sorriso is the world’s largest soybean producer and its economy is based on agriculture. In this context, the CAT had the idea of working with farm women and using the image that women commonly have as “mothers”, “protectors” and “care takers”, to design a campaign related to these producers, who were working on the land without degrading the environment. The idea was to invite these producers to participate more actively in the CAT. However, during a meeting with a group of 30 farm women it was evident that the concern with their image was not a priority. Other problems, like prejudice, land ownership, long work hours - both at home and on the fields -, lack of support, and depreciation inside and outside of the rural properties were also mentioned. On the other hand, the group showed that they would like to participate, give their opinion and be more active. During these debates, the CAT and the Sorriso Rural Labor Union decided to adopt the rural producers’ cause. From that moment on, the Project Farm Women was created. Its objective was to work with the producers and to address
issues related to leadership and self-esteem, as well as to train them for agribusiness and for sustainable development. This way, they could feel safer and they could become the agents to foster sustainability within the municipality.
Who benefits from this program, and how? The Project mainly benefits the female rural producers of Sorriso - MT. These workers can be either from family-based agriculture or from large scale agriculture, making a total of approximately 50 women. In general, they are between 35 till 40 years old, married, and immigrants from the southern region of Brazil. They usually have 2 or 3 children. Within the group of women who work with soybean production, most of them have concluded high school and some have finished college. The group of women from family-based agriculture is distributed in the Settlements Jonas Pinheiro - Poranga (216 families); Casulo (26 families), and Santa Rosa II (177 families). Most of them have concluded primary school, and there are younger women (the producers’ daughters) who are currently attending high school. The family income is about R$1.500,00 generated from the production of vegetables and
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 fruits. Some families rely on an older family member’s retirement income to add to their income. In the beginning of this project (2010), the main benefits offered to these women were courses and lectures (total 10) that approached including technical subjects, such as rural property management, leadership and cooperativism, to issues related to gender, such as women empowerment and women’s role in society. Then, from 2011 on, after the elaboration of the Carta da Terra do Médio Norte do MT [Open Letter from the Mid-northern Mato Grosso], a guideline for the group’s future actions to foster a sustainable development, began the actions undertaken by rural women in their communities. The CAT gives all the necessary support so that the group’s proposals come to life, from the elaboration of projects and support to raise funds to make things happen in the fields, to the support to women’s movements and the society in general, as well as a support from governmental agencies. Thus, the biggest benefit is to show these women that, with the development of autonomy, they have the power to change their socioeconomic reality, by means of proactive attitude and group cohesion.
How does the program work? The program originated from the identification of problems that were common to women from family-based agriculture and to those working in large scale agriculture. Upon the identification of these problems, together with the group of 30 women, the possible solutions were discussed, and with the group’s active participation, it was created the Project “Farm Women: the female strength in action for a sustainable development”. With this project in hand, the CAT presented it to various public and private agencies, such as: Rural Labor Union, Municipial Secretariat of Agriculture and the Environment, National Service of Agricultural Learning - SENAR, and the Association of the Producers of Soybean and Corn of Mato Grosso - APROSOJA. The Project has proved itself in all possible ways due to these reasons: it was elaborated by a group of people from the local community, and not only from a single person or agency; its application was simple; its theme is a crucial and current matter nowadays; and it has brought the discussion regarding prejudice against women to light. For all these reasons, the Project made it possible to raise funds and establish partnerships for its operation.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 As the project was approved by the community, in 2010 a new effort among the women was made in order to launch the project officially and to produce a schedule of the courses to be offered throughout the year. Most courses were offered free of charge to the women. These courses had the support from the SENAR, the Ministry of Agriculture and Supply - MAPA, and the APROSOJA, which supplied instructors, lecturers and venues for the courses at the CAT- Sorriso. When necessary, some courses were paid by the private companies that are the project’s partners. The courses that were more closely related to family-based agriculture, such as cooperativism/associationism, took place in the rural settlements, with the support from the Secretariat of Agriculture, which offered the group of women transportation to the course venue.
women’s role in current society, issues related to domestic violence and other gender-based topics.
Thus, through the project, more than 300 women were benefitted by means of courses, seminars and events that focused on gender and sustainability. The focus is women’s qualification in the fields suggested by them, such as leadership, speaking skills, rural property management, sustainable practices, and cooperativism/associationism. The seminars/forums serve as a place for discussion and reflection regarding the
In 2011, it was elaborated the project “Awareness is Necessary”, whose objective is the selective waste collection in the rural properties where the participating women live, and to bring this discussion to the public power and to the society in general, as this problem has been mostly ignored.
In November 2010, it was held the 1st Forum “Building a Better Future”, with the participation of 150 women from Sorriso and surrounding areas. On that occasion, it was elaborated the “Open Letter from the Women of the Mid-northern Mato Grosso-MT”, previously mentioned. The Letter is a guideline for the group, in order to carry out the actions written therein. In the end of the Forum, the issue chosen to be dealt with in 2011 was the selective waste collection in the rural properties. The actions were chosen after considering that it would be simple and easy for the women to establish it first in their own homes, and then in their communities, neighborhoods, municipalities and so on.
The process for establishing this project followed the same steps of the previous
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 ones, that is, collectively choosing the problem to be solved, elaborating the project, presenting it to the women’s group, evaluating the group’s commitment to the work, searching partnerships and supporters (both in the public and private areas), establishing the project, presenting the results and the work’s evaluation (during the Forums “Building a Better Future”). The project has continued like this until today. In 2012, the topic approached was domestic violence. Many campaigns to raise women’s awareness were conducted. These campaigns included participation in lectures about the topic, specific actions on Women’s Day and the presentation of the project in other towns like Nova Ubiratã, Ipiranga do Norte, and Sinop. Currently, the focus of the project is on the reorganization of the Productive Association of Women in Poranga, in order to make it operate effectively. This Association has not been operating since 2007, due to the lack of a community kitchen to manufacture the products derived from milk, sugar cane and pulp of the fruits native of the Cerrado. With the project’s support, the group has already chosen the new president, made official all the association’s documents and is currently giving support in order to raise
funds to build a community kitchen. In this case, the female workers from large scale agricultural production are giving support to the family-based producers, aiming at the latter’s better quality of life.
What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? The project has only become possible due to the partnerships formed between the CAT and the local companies that had provided for the resources needed to conduct the courses and events for the women. Some of these partners are Agrobaggio, the Grupo Amazônia, the AGRISUS Foundation - Sustainable Agriculture; the SENAR, the Sorriso City Hall, APROSOJA, and the Rural Labor Union. Moreover, we have had the support from the Ministry of Agriculture and Supply - MAPA, by means of its Secretariat of Agricultural Development and Cooperativism-SDC/Department of Cooperativism and Rural Associationism - DENACOOP, also from the Regional MT and the Agriculture and Livestock Federation of the Mato Grosso State FAMATO.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Even so, the greatest difficulty is to raise funds to continue the work with the group and to put into action the farm women’s proposals. We believe that, since the project proposes the raising of the women’s awareness regarding their value and capacity of social transformation, the main result is not a visible product, and the most relevant results happen in the behavioral scope and in attitudes of empowerment. Another difficulty is to keep the group motivated, which demands a great effort, not only from the CAT, but also from those women who have become the group’s leaders. During the four years of this project’s development, we observed that the number of participants that were effectively involved in the work varied due to various factors, such as: their husband’s negative influence or lack of support in relation to women’s participation in meetings/lectures - this was true to the family-based rural producers and to the large scale ones; and the group’s impatience in reaching its goals, as it happened with fund raising to build a community kitchen. Regarding the future perspectives, the intention is to continue this work, as well to manage to make the Women’s Association operative again by the end of 2015. One of the project’s goals
is to increase in 30% the income of the Association’s participants by July 2016.
How could other agriculturerelated agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? We consider this project of great relevance and easy applicability in any region of the country, since many entities recognize the importance and necessity of approaching gender issues, since the reality shown by the women in the rural area of Sorriso-MT is also recurrent in other parts of the world. The step-by-step procedure to start a program like this is very simple, and the methodology to do so has already been widely established. The “new” aspect is to approach exactly the gender issue and to place women as a fundamental part in the promotion of sustainability, to make use of the characteristics inherent to women, such as maternity, family care, sensibility and their great capacity of working in group. Taking these aspects into consideration, the process follows the normal path:
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 1. Identification of a common problem 2. Elaboration of a rough draft of the project to solve the problem in a PARTICIPATORY way within the community/ group; 3. Presentation and validation of the project together with the community, and an action that symbolizes the community’s commitment to the work to be done; 4. Presentation of the project to the society in general, to raise funds and establish partnerships; 5. Organization of an event to officially launch the project, so as to set a historical landmark together with the group involved and society in general; 6. Continuing engagement from the community; 7. Establishment of the project and evaluation; An essential aspect to be emphasized is the constant participation of the community in all the stages of the project’s elaboration and development, including the assignment of responsibilities to people who play a leadership role in this process. The constant update on the project’s progress to the society in general is another crucial aspect, as it involves the participants’ self-esteem and turns society into a monitoring agent.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015
Resumen del caso El Proyecto “Mujeres del Campo: la fuerza femenina en acción por el desarrollo sostenible” tuvo inicio en 2009 a partir de una evaluación con un grupo de 30 productoras rurales sobre la participación de la mujer en el agronegocio en el municipio de Sorriso, del estado de Mato Grosso (MT), en Brasil. Los principales resultados de esa evaluación mostraron que las mujeres se sentían “excluidas” y devaluadas en el medio rural y deseaban tener una participación más efectiva en la promoción de la sostenibilidad. A partir de la identificación de estos problemas, nació el proyecto “Mujeres del Campo”, con la propuesta de realizar varios cursos de capacitación para el grupo en las cuestiones relacionadas con liderazgo, gestión de la propiedad rural y el rol de la mujer en la sociedad actual. En consecuencia de la participación de las mujeres en los cursos y el creciente fortalecimiento de su valor como individuo y agente de transformación social, el grupo propuso acciones direccionadas a la promoción de la sostenibilidad, las cuales fueron concretadas durante los años del proyecto. En 2010 se organizó el I Foro Construindo um Futuro Melhor (Construyendo un Futuro Mejor). En 2011, el grupo acogió la causa
de la colecta selectiva de la basura en las propiedades rurales y en 2012 la implantación de composteras para la basura orgánica con el fin de producir abono para los huertos de las propiedades rurales. En 2013, el proyecto abordó la cuestión de la violencia doméstica y en 2014 el foco está en la reactivación de la Associação Produtiva das Mulheres da Poranga (Asociación Productiva de las Mujeres de Poranga), nombre común del Assentamento Jonas Pinheiro (Asentamiento Jonas Pinheiro, en Sorriso, Mato Grosso), con el objetivo de producir derivados del leche, caña de azúcar e pulpa de frutas del Cerrado. Esta Asociación existe desde 2007 y el objetivo del grupo es su reestructuración y la motivación de las mujeres para que la Asociación vuelva a su efectivo funcionamiento, ayudando en la generación de renta para las productoras rurales de la agricultura familiar del municipio.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? El Clube Amigos da Terra (Club Amigos de la Tierra – CAT) Sorriso es una asociación de productores rurales localizada en el municipio de Sorriso, Mato Grosso, y sus principales acciones están concentradas en
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 proyectos socioambientales relacionados a la educación ambiental y al apoyo a los productores rurales para promoción de la sostenibilidad en general. Sorriso es el mayor productor de soja del mundo y tiene su economía basada en la agricultura. Ante este contexto, el CAT tuvo la idea de trabajar con productoras rurales y usar la imagen que la mujer tiene - entre otras, de “madre”, “protectora” y “cuidadora” -, para realizar una campaña relacionada a las productoras quienes venían produciendo sin degradar el medio ambiente. La idea era traer a las productoras para participar más activamente en el CAT. Pero, durante la reunión realizada con un grupo de 30 productoras fue evidente que la preocupación con la imagen del productor no era prioridad y otros problemas fueron mencionados, como prejuicio, posesión (tenencia) de la tierra, duras jornadas de trabajo en la casa y en la propiedad rural, falta de apoyo, devaluación adentro y fuera de sus propiedades rurales. Por otro lado, el grupo demostró que le gustaría participar, opinar y ser más actuante. En estos debates, el CAT y el Sindicato Rural de Sorriso han decidido acoger la causa de las productoras rurales y, a partir de entonces, fue creado el proyecto Mujeres do Campo, con el objetivo de trabajar con
las productoras cuestiones de liderazgo y autoestima, además de capacitarlas para el agronegocio y el desarrollo sostenible. Así se podría sentir seguridad y tornarse instrumentos de promoción de la sostenibilidad en el medio rural del municipio.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? El proyecto beneficia principalmente productoras rurales de Sorriso, sean de la agricultura familiar o de larga escala, en un total de aproximadamente 50 mujeres. En general, son mujeres que tienen entre 35 y 40 años, migrantes de la región Sur de Brasil, casadas y con 2 a 3 hijos. En el grupo de mujeres de la producción de soja, la mayoría tiene grado escolar de hasta enseñanza media y algunas tienen nivel superior.
El grupo de mujeres de la agricultura familiar está distribuido en los Asentamientos Jonas Pinheiro – Poranga (216 familias); Casulo (26 familias) y Santa Rosa II (177 familias). La mayoría tiene nivel de escolaridad hasta la enseñanza fundamental, aunque hay mujeres más jóvenes (hijas de productores) quienes están en escuelas de nivel medio.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 El ingreso familiar está alrededor de R$ 1.500,00, obtenidos de la producción de hortifrutigranjeros. Algunas familias pueden contar con la pensión del pariente mayor para complementar el ingreso. En el inicio de este proyecto (2010), el principal beneficio ofrecido para estas mujeres fue la realización de cursos y charlas (total 10), que abordaban desde asuntos técnicos como gestión de la propiedad rural, liderazgo, cooperativismo hasta cuestiones relacionadas con género, como empoderamiento y rol de la mujer en la sociedad. En un segundo momento, a partir del 2011, después de la elaboración de la Carta da Terra do Meio Norte do Mato Grosso (Carta de la Tierra del Medio Norte de Mato Grosso), una guía de orientación para las futuras acciones del grupo en la promoción del desarrollo sostenible, se iniciaron las acciones emprendidas por las mujeres rurales en sus comunidades. El CAT ha dado todo el apoyo para que las propuestas del grupo se concretaran, desde la elaboración de proyectos y apoyo a la captación de recursos para la ejecución en el campo, a la movilización de las mujeres y de la sociedad en general y apoyo frente a órganos gubernamentales. Así, el más grande beneficio es enseñar a ellas que, con el desarrollo de la autonomía,
ellas tienen el poder de transformar sus realidades socioeconómicas a partir de un comportamiento proactivo y con espíritu de grupo.
¿Cómo funciona el programa? El programa ha nacido a partir de la identificación de problemas que eran comunes tanto a las mujeres de la agricultura familiar como a las de la producción en larga escala. A partir de la identificación de estos problemas, con el grupo de 30 mujeres, fueron discutidas las posibles soluciones y, con la participación activa del grupo, fue elaborado el proyecto Mulheres do Campo: a força feminina em ação pelo desenvolvimento sustentável (Mujeres del Campo: la fuerza femenina en acción por el desarrollo sostenible). Con el proyecto en manos, el CAT lo presentó a diversos entes públicos y privados, como el Sindicato Rural, la Secretaria de Agricultura y Medio Ambiente del municipio, el Servicio Nacional de Aprendizaje Rural (SENAR) y la Asociación de Productores de Soja - Brasil (APROSOJA). Como el proyecto fue elaborado por un grupo de personas de la comunidad local y no solamente por una única persona o ente, por ser un proyecto de implantación sencilla y tener por tema una cuestión importante y muy actual, trayendo a la discusión el prejuicio en contra la mujer,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 el CAT ocupó todos los espacios pasibles de cuestionamiento, lo que hizo posible la captación de recursos y la cooperación para la implementación del proyecto.
liderazgo, oratoria, gestión de la propiedad rural, prácticas de sustentabilidad y cooperativismo/asociativismo.
Con el proyecto aprobado por la comunidad, en el 2010 fue realizada una nueva movilización de las mujeres para la presentación oficial del proyecto y de un cronograma de cursos que serían ofrecidos a lo largo del año. La mayor parte de los cursos fue realizada sin costos para las mujeres y tuvieron el apoyo de entes como SENAR, Ministerio de Agricultura, Pecuaria y Abastecimiento (MAPA) y APROSOJA, los cuales han proporcionado los instructores, conferencistas y el local sin costos para el CAT-Sorriso. Algunos fueron financiados por las empresas privadas socias del proyecto, según la necesidad. Cursos más pertinentes a la agricultura familiar, como cooperativismo/ asociativismo, fueron realizados en los asentamientos rurales con el apoyo de la Secretaria de Agricultura, que proporcionó el transporte para el grupo de mujeres hasta el local de realización del curso.
Los seminarios/foros sirven como espacio para la discusión y reflexión sobre el rol de la mujer en la sociedad actual, cuestiones sobre violencia doméstica y demás temas direccionados para el género. En noviembre del 2010, se realizó el I Fórum Construindo um Futuro Melhor (Construyendo un Futuro Mejor), con la participación de 150 mujeres de Sorriso y región, y fue redactada, de forma participativa, la Carta da Terra do Médio Norte do Mato Grosso (Carta de la Tierra del Medio Norte de Mato Grosso), ya citada. La Carta es una herramienta orientadora del grupo para las acciones a ser desarrolladas. En el final del Foro, la cuestión elegida para el año del 2011 fue la recolección selectiva de basura en las propiedades rurales. Las acciones fueron establecidas llevando en consideración lo simples y lo fácil que sería para las mujeres implementarlas, a principio en sus casas y, después, en sus comunidades, barrios, municipios y así por delante.
De esa manera, por medio del proyecto, más de 300 mujeres han sido beneficiadas por cursos, seminarios y eventos sobre cuestiones de género y de sostenibilidad. El foco es la capacitación de las mujeres en los temas demandados por ellas, como
En el 2011, se elaboró el proyecto Conscientizar é Preciso (Concientizar es Necesario) que tiene como objetivo la recolección selectiva de basura en las propiedades rurales de las mujeres participantes del proyecto Mulheres do Campo
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 (Mujeres del Campo), así como promover la discusión, junto al Poder Público y a la sociedad, de esa cuestión que, en la mayoría de las ocasiones, es ignorada. El proceso de implantación de ese proyecto ha seguido los mismos pasos de los anteriores. Es decir, la definición, de manera participativa y en grupo, del problema a ser enfrentado; elaboración del proyecto; presentación del proyecto para el grupo de mujeres y su comprometimiento con el trabajo; búsqueda de colaboradores y apoyadores (tanto en el nivel público como privado); implementación y, durante la realización de los Foros Construindo um Futuro Melhor (Construyendo un Futuro Mejor), presentación de los resultados e evaluación del trabajo. De esa manera, el proyecto sigue hasta hoy. En el 2012, el tema abordado fue violencia doméstica. En esa ocasión, varias acciones de concientización han sido realizadas para mujeres del campo, desde la participación en conferencias sobre el tema hasta acciones puntuales en el Día Internacional de la Mujer y presentación del proyecto en otros municipios, como Nova Ubiratã, Ipiranga do Norte, Sinop. Actualmente, el foco del Proyecto de las Mujeres del Campo está en la reestructuración de la Associação Produtiva das Mulheres da Poranga (Asociación Productiva de
las Mujeres de Poranga) para que su funcionamiento sea efectivo. Esa Asociación estuvo paralizada desde el 2007 por la falta de una cocina comunitaria para la fabricación de los productos derivados de leche, caña de azúcar e pulpa de frutas del Cerrado. Con el apoyo del proyecto, el grupo ya ha elegido su nueva presidente, ha regularizado toda la documentación de la asociación y está aportando suporte al grupo para la captación de recursos para la construcción de la cocina comunitaria. En este caso, las productoras rurales de larga escala apoyan acciones de la agricultura familiar para mejorar la calidad de vida de sus compañeras.
¿Cuáles son los implantación del mantenerlo en y cuáles son sus futuro?
retos para la programa, para funcionamiento perspectivas de
El proyecto solamente se ha concretizado debido a la asociación del CAT con empresas locales, que han contribuido con los recursos necesarios a la realización de los cursos y eventos para las mujeres -- como ha sido el de Agrobaggio, del Grupo Amazonia, de la Fundação Agricultura Sustentável – AGRISUS (Fundación Agricultura Sostenible – AGRISUS), del Servicio Nacional de Aprendizaje Rural - SENAR, del gobierno
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 municipal (Prefeitura) de Sorriso, de la Asociación de Productores de Soja APROSOJA y del Sindicato Rural. A parte de estos, el Ministerio de la Agricultura y Pecuaria - MAPA, por intermedio de la Secretaria de Desarrollo Agropecuario y Cooperativismo-SDC/Departamento de Cooperativismo y Asociativismo Rural DENACOOP, del MT Regional (Programa de Desarrollo Regional de la Secretaria Extraordinaria de Proyectos Estratégicos) y la Federación de Agricultura y Pecuaria del Estado de Mato Grosso (FAMATO) son apoyadores del proyecto. La principal dificultad, todavía, es la captación de recursos para la ampliación de los trabajos con la inclusión de un mayor número de mujeres y para la implementación de las acciones propuestas por el grupo. Por el hecho de que el proyecto proponga sensibilización de las mujeres con relación a su valor y a su capacidad de transformación social, creemos que el principal resultado del proyecto no es un producto visible y los resultados más relevantes ocurren en el ámbito comportamental y en las actitudes de empoderamiento. Otra dificultad es mantener el grupo motivado, lo que exige un grande esfuerzo, tanto del CAT como de aquellas mujeres que
se han destacado adentro del grupo como líderes. Durante los 4 años de desarrollo de este proyecto hemos verificado que el número de integrantes que han participado efectivamente del trabajo varia debido a diversos factores como: la influencia negativa o la falta de apoyo de sus compañeros con relación a la participación de las mujeres en las reuniones/conferencias, junto al grupo de la agricultura familiar así como al grupo de las grandes propietarias rurales; y la falta de paciencia del grupo en alcanzar sus objetivos, como es el caso de la captación de recursos para la construcción de la cocina comunitaria. Como perspectivas futuras, la intención es continuar el trabajo así como lograr poner la Asociación das Mujeres de nuevo en operación hasta el final del 2015. Como meta, el proyecto quiere aumentar en 30% el ingreso de las participantes da Asociación hasta julio del 2016.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo? Consideramos este proyecto de grande relevancia y de fácil aplicabilidad en cualquier región del país, una vez que varios entes -como la Organización de las Naciones Unidas
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 para la Alimentación y la Agricultura - FAO, la Organización de las Naciones Unidas para las Mujeres - ONU Mujeres y el Ministerio de la Agricultura Pecuaria y Abastecimiento de Brasil (MAPA), por medio del Programa Coopergénero/DENACOOP -- reconocen la importancia y la necesidad de que se trabaje con cuestiones de género, teniendo en cuenta que la realidad apuntada por las mujeres del área rural de Sorriso se repite por el mundo. El paso a paso para empezar un programa como este es muy simples y la metodología para tal ya está ampliamente establecida. El aspecto del “nuevo” es abordar justamente la cuestión de género y poner la mujer como ente fundamental en la promoción de la sostenibilidad, utilizando los aspectos inherentes a la condición de la mujer -- como la maternidad, el cuidado con la familia, la sensibilidad y más facilidad en trabajar en grupo. Teniendo en cuenta estos aspectos, el proceso sigue el camino normal: 1. Identificación de un problema común 2. Elaboración de un borrador de proyecto para solucionar el problema de forma PARTICIPATIVA con la comunidad/ grupo; 3. Presentación y validación del proyecto junto con la comunidad y una acción que simbolice el comprometimiento de la comunidad con el trabajo a ser realizado;
4. Presentación del proyecto para la sociedad en general para captación de recursos y cooperación; 5. Organización de un evento de lanzamiento oficial del proyecto para la creación de un marco histórico junto al grupo vinculado y la sociedad en general; 6. Vinculación (participación) continua de la comunidad; 7. Implementación del proyecto y evaluación; Un punto esencial a ser resaltado es la constante participación de la comunidad en todas las partes de la elaboración del proyecto y de su desarrollo, incluso con la delegación de responsabilidades para personas que se destaquen como líderes en este proceso. La constante divulgación del desarrollo del proyecto para la sociedad en general es punto fundamental, porque trabaja con la autoestima de los participantes y hace con que la sociedad se vuelva un agente de monitoreo del proyecto.
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Projeto Abelha - Aliadas da natureza Abelhas Project: allied of nature
Proyecto Abelhas: las aliadas de la naturaleza
CEPLAC
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Resumo do caso A apicultura é considerada o tripé da sustentabilidade, pois engloba aspectos econômicos, sociais e, principalmente, ambientais. A criação de abelhas tem um papel socioeconômico fundamental, ocupando a mão-de-obra do pequeno produtor, em especial o da agricultura familiar, diminuindo o êxodo rural e ao mesmo tempo preservando o ambiente e a cultura local. O “Projeto Abelha, as aliadas da natureza” da Ceplac, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento procurou fomentar a apicultura como alternativa de diversificação, com ênfase na sustentabilidade econômica, social e ambiental. Nestes quase 20 anos de atividade do projeto, a produção apícola, quase inexistente, atingiu 450 toneladas de mel, a produção de pólen alcançou 35 toneladas e a de própolis vermelha duas toneladas, gerando trabalho e renda para 3.100 famílias da agricultura familiar e contribuindo para elevar a Bahia à condição de um dos maiores estados produtores do país.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? A Região Sul da Bahia vinha atravessando uma grande crise na sua principal atividade econômica, a lavoura do cacau, em decorrência da disseminação da enfermidade conhecida como vassoura de bruxa. Muitas famílias de trabalhadores rurais e pequenos proprietários abandonaram as suas propriedades deslocando-se para os centros urbanos. No entanto, programas alternativos foram apresentados aos pequenos produtores, entre eles a apicultura, como opções viáveis de diversificação de suas atividades. Nesse sentido, a criação de abelhas é uma atividade atrativa por não ser impactante ao meio ambiente, ser socialmente justa além de técnica e economicamente viável. No entanto, como a apicultura não tinha tradição na região e era vista como uma atividade perigosa, os produtores tinham receio em criar abelhas, chegando ao ponto de participar dos treinamentos iniciais com o intuito de aprender a matar as abelhas (!), o que, obviamente, não era o objetivo do treinamento. Nesta fase – meados da década de 1990 – procurou-se sensibilizar os produtores quanto à importância da criação de abelhas num verdadeiro processo de “catequese”. Com esse objetivo
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 foram realizadas palestras motivacionais, treinamentos e divulgação de casos de sucesso.
Quem se beneficia deste programa e de que forma? O programa é voltado para o pequeno produtor em especial o da agricultura familiar, jovens e mulheres. No Cepec, principal unidade de pesquisas da Ceplac, foi criado o Núcleo de Apicultura e Meliponicultura com o objetivo de gerar, adaptar e transferir tecnologias de interesse do produtor e prestar serviços aos apicultores. O Núcleo presta atendimento a 28 associações de apicultores envolvendo 3.100 famílias beneficiárias do programa. Dentre os beneficiários do Projeto Abelha, as aliadas da natureza, vale destacar a historia da família do Sr. Eliés Valverde Silva que produz anualmente 64 toneladas de mel, incentivado e orientado por técnicos do Núcleo. O Sr. Eliés Valverde conta que aprendeu uma grande lição com as abelhas: “... a importância do trabalho coletivo para o sucesso de um empreendimento”. Junto com a esposa e seus 11 filhos, dos quais oito são mulheres, ele administra uma empresa familiar que comercializa mel para os mercados de Salvador, Feira de Santana, cidades do Extremo Sul baiano e para o estado de Santa Catarina.
Atualmente, a família Valverde Silva se tornou uma referencia como caso de sucesso na visão que é possível colocar na prática o tripé da sustentabilidade nas suas três dimensões: econômica (retorno do investimento em curto espaço de tempo, diversificação da propriedade, oferta de produtos nobres, saudáveis e com grande aceitação no mercado nacional e internacional); social (geração de trabalho e renda, fixação do homem no campo, melhoria da autoestima, fortalecimento da organização socioprodutiva, inserção dos jovens e das mulheres em uma atividade produtiva) e ambiental (interação homemnatureza e a polinização cruzada feita pelas abelhas - o que possibilita novas combinações incrementando o vigor híbrido das plantas, aumentando a produção de frutos e sementes – bem como a atuação das abelhas como bioindicadores da qualidade ambiental).
Como funciona o programa? A criação de abelhas no ecossistema Mata Atlântica, onde estão inseridas as ações do “Projeto Abelha, as aliadas da natureza” apresenta um grande potencial econômico em função da grande biodiversidade de vegetação nativa e das características da atividade, tais como, necessidade de pequenas áreas, ciclo
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 curto, exigência de pequenos valores de capital inicial e de recursos para o custeio de manutenção. Estas características constituem vantagens competitivas em relação a outras criações de animais de maior porte. Dessa forma, o Projeto vem contribuindo para a geração de emprego, melhoria na renda familiar e da condição de vida dos pequenos proprietários. O projeto é um conjunto de ações nas áreas de pesquisa, transferência de tecnologia, treinamento e prestação de serviços aos apicultores. Esse projeto se tornou um caso de sucesso devido à ênfase dada aos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Na área de pesquisa, o projeto atua no melhoramento de abelhas rainhas, na viabilidade técnica, econômica, social e ambiental dos manguezais para a criação de abelhas, identificação de plantas apícolas e caracterização dos produtos das abelhas. Na transferência de tecnologia, disponibiliza treinamentos sobre apicultura básica, produção e beneficiamento de cera de abelhas, manejo avançado, produção de abelhas rainhas, própolis e pólen e elaboração de compostos. Na prestação de serviços, recebe a cera bruta dos pequenos produtores e a beneficia transformando-a em cera alveolada, disponibiliza equipamentos para a secagem de pólen de pequenos
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 produtores, envasa mel em sachê e distribui abelhas rainhas selecionadas. Esta distribuição de rainhas vem sendo um marco na apicultura pelo fato de serem abelhas selecionadas pela Ceplac visando uma alta produtividade. Além disso, os produtores são estimulados a participar de seminários e congressos, bem como de eventos regionais e nacionais que muito têm contribuído para a transferência de conhecimento, realização de negócios e fortalecimento da organização sócioprodutiva dos apicultores. Dentre as formas de divulgar o projeto estão a organização juntamente com parceiros, do Congresso Baiano de Apicultura e o Seminário Brasileiro de Própolis e Pólen, ambos de repercussão nacional e que contaram com participantes de estados do nordeste e do sul do país. No âmbito regional, encontra-se em andamento um projeto de divulgação dos produtos das colmeias em praças públicas, shoppings e exposições agropecuárias com o propósito de torna-los mais conhecidos da população sul baiana. O Projeto engloba também projetos de cunho humanitário que têm como objetivo ajudar a promover o crescimento econômico e social sustentável em comunidades
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 carentes. Nesse contexto, são selecionadas famílias em situação de extrema pobreza que são capacitadas teórica e praticamente, recebem todos os materiais e equipamentos para iniciarem a sua criação de abelhas e têm acompanhamento técnico. Foram implantados três projetos com essa formatação apoiados pela ONU/FAO Brasil e a Embaixada da Nova Zelândia no Brasil, beneficiando 60 famílias.
baixa renda no sul da Bahia. Os produtores são estimulados a se manterem atualizados, focados na elevação da produtividade e na competitividade do seu negócio, tendo como base o trabalho associativo e o respeito ao meio ambiente.
Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho?
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras O Projeto Abelha, As Aliadas da Natureza, para o mesmo? demonstrou aos produtores que era possível O desafio inicial do projeto foi implantar uma atividade pouco difundida na região, onde a monocultura do cacaueiro está fortemente enraizada na cultura local. No âmbito da apicultura esse paradigma foi ultrapassado e hoje o sul da Bahia é uma referência nacional em apicultura e mundial na produção de pólen. A perspectiva é consolidar o avanço da apicultura na região de maneira a tornar o sul da Bahia o maior produtor de mel do Estado, com técnicas avançadas e visão empreendedora. O Projeto Abelhas, ao longo de 20 anos de existência vem sendo aperfeiçoado e expandido para várias comunidades de
diversificar suas atividades com retorno financeiro e sem impactar o meio ambiente, a partir de um trabalho sério baseado em estudos técnico-científicos mostrando que a equação da sustentabilidade na geração de renda é factível. O programa é plenamente adaptável para qualquer região, desde que as suas ações sejam desenvolvidas a partir de um trabalho de pesquisa, extensão rural e com participação efetiva das comunidades onde o projeto será implantado.
Motivação e comprometimento participativo são princípios essenciais para o começo de um programa como este. Os conhecimentos são compartilhados em treinamentos por
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 meio dos órgão/empresas que detém as informações técnicas e a comunidade realiza a gestão do seu empreendimento, em um processo associativo. A partir destes aspectos fundamentais, o processo segue o caminho normal: - identificação do potencial técnico da localidade para a atividade apícola e meliponicola; - reuniões motivacionais com a comunidade/grupo; - elaboração de projeto participativo com a comunidade/grupo, observando os aspectos financeiros, social e ambiental; - apresentação do projeto para a sociedade em geral para captação de recursos e parcerias; - engajamento contínuo da comunidade; Implementação do projeto, monitoramento das ações e avaliação.
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Case summary The culture of bees is considered the tripod of sustainability, as it encompasses economic, social and especially environmental aspects. The culture of bees has a critical socioeconomic role, occupying the labor of small farmers, especially family farming, reducing the rural exodus while preserving the environment and local knowledge. The project Bees – Allied of Nature conducted by Ceplac, Agency of the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply sought to encourage the culture of bees as an alternative of diversification, with emphasis on economic, social and environmental sustainability. During the 20 years of the program activity, honey production reached 450 tons, pollen production reached 35 tons and two tons of red propolis were produced, generating jobs and income for 3,100 units of family farming and contributing to Bahia reaches the condition of one of the largest producing states of the country.
Why was the sustainability program created? The southern region of Bahia came through a major crisis in its main economic activity, the cocoa farming, due to the spread of the disease known as witches’
broom. Many families of rural workers and small farmers abandoned their properties by shifting to urban centers. To face this situation, alternative programs were presented to small producers, including the culture of bees as viable options to diversify their activities. Accordingly, culture of bees is an attractive activity for not being impactful to the environment, be socially just as well as technically and economically feasible. However as culture of bees had no tradition in the region and was seen as a dangerous activity, the producers were afraid to raise bees, to the point of participating in initial training in order (thinking to) to learn how to kill bees, (!) which obviously was not the purpose of training. At this stage - mid-1990s – we sought to sensitize farmers on the importance of culture of bees in a genuine process of “catechesis”. For this objective motivational speechs and dissemination of successful cases were conducted.
Who benefits from this program, and how? The program is geared for small farmers especially from family farmers, youth and women. In Cepec, principal research unit of Ceplac, a Nucleus of Cultivation of Bees and Meliponiculture was created with the aim of generating, adapting and transferring technologies and providing services of
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 interest to beekeepers. The Center provides services to 28 beekeepers associations involving 3,100 families benefiting from the program. Among the beneficiaries of the program, it is highlighting the story of Mr. Elies Valverde Silva family who annually produces 64 tons of honey, encouraged and guided by the technical Ceplac´s staff. Mr. Elies Valverde says he learned a great lesson from the bees: “... the importance of collective work for the success of an enterprise.” Together her wife and their 11 children, eight of whom are women, he runs a family business that sells honey to the markets of Salvador, Feira de Santana, cities of the South Bahia and the state of Santa Catarina. Currently, the family Valverde became a reference as a success story in sight that you can put into practice the tripod of sustainability, in its three dimensions: economic (return on investment in a short time diversification of production offering healthy and quality products with great acceptance in national and international markets); social (employment and income generation keeping people in the field, improved self-esteem, strengthening the socio-productive organization, inclusion of youth and women in a productive activity)
and environmental (man-nature interaction and cross-pollination by bees - enabling new hybrid combinations, and plant vigor increased production of fruits and seeds - as well as the role of bees as bioindicators of environmental quality).
How does the program work? The culture of bees in the Atlantic Rain Forest ecosystem, where are inserted the actions of the Project: Bees - Allied of Nature, presents a great economic potential due to the rich biodiversity of native vegetation and the characteristics of activity with bees, such as small areas and need short-cycle, requiring small amounts of initial capital and resources to fund maintenance. These characteristics are competitive advantages over other creations of larger animals. Thus the Project has contributed to job creation, improvement in family income and better living conditions of the smallholders. The program is a set of actions in the areas of research, technology transfer, training and services to beekeepers. The project became a success due to the emphasis on social economic and environmental aspects. In research, the project operates in breeding queen bees, technical economic social and environmental
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 viability of mangroves, to beekeeping, bee plant identification and characterization of bee products. Technology transfer provides training on basic beekeeping, production and processing of beeswax, advanced management production of queen bees, propolis and pollen and development of compounds. In service delivery the program gets the raw wax from small producers and benefits it transforming it into beeswax; provides equipment for drying of pollen from small producers, fills honey sachet and distributes selected queen bees. This distribution of selected queens has been a landmark in culture of bees because they are selected by Ceplac aiming high productivity.
in several places and events as public squares, shopping malls and agricultural fairs aiming to make them more known by Bahia’s southern population. The Project also encompasses humanitarian concerned projects aiming to promote economic growth and social development in poor communities. In this context, families in situation of extreme poverty are selected and trained, receiving free of charging, technical support and all materials and equipment needed to start their beekeeping activity. Three projects were implemented with this philosophy supported by the UN / FAO Brazil and the Embassy of New Zealand in Brazil, benefiting 60 families.
In addition, producers are encouraged to attend seminars and conferences as well as regional and national events that have greatly contributed to transfer of knowledge, business conducting and strengthening the socio-productive organization of beekeepers. Among the ways of promotion of the project are the organization with partners, of events like the Baiano Beekeeping Congress and the Brazilian Seminar on Propolis and Pollen, both of national repercussion, involving participants from northeastern states and the South region. At the regional level, there is an ongoing project of promotion of products and byproducts of beehives,
What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? The initial challenge of the program was to introduce a little-known and no widespread in the region, where the cocoa monoculture is strongly rooted in the local culture. With the project, this situation has changed and now southern Bahia is a national and international reference in beekeeping for pollen production.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 The perspective is to consolidate the advancement of beekeeping in the region in order to make southern Bahia’s largest honey producer in the State, with advanced techniques and entrepreneurial vision. The Bee program, over 20 years of existence, has been improved and expanded to several low-income communities in southern Bahia. Producers are encouraged to keep up to date focused on increasing productivity and competitiveness of their business, based on the associativework and respect for the environment.
How could other agriculturerelated agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? The Project Bees - Allied of Nature demonstrated that it was possible for producers to diversify their activities with financial return and impact the environment from a serious work based on technicalscientific studies showing that the equation of sustainable income generation is feasible. The program is fully adaptable to any region since their actions are developed from an effort of research, extension and effective participation of the communities where the project will be implemented.
Participative motivation and commitment are essential principles for the success of a program like this. Knowledge is shared in training through the agency / company that holds the technical information and the community performs the management of theirbusiness in an associative process. From these fundamental aspects the process follows the normal path: - Identification of the technical potential of the dregion to the Beekeeping and meliponicola activity; - Motivational meetings with the community / group; - Preparation of participatory design with community / group noting the financial social and environmental aspects; - Presentation of the project to society in general for fundraising and partnerships; - Continuous engagement of the community; - Project implementation monitoring and evaluation of actions.
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Resumen del caso La apicultura es considerada un trípode de la sostenibilidad, pues engloba aspectos económicos, sociales y principalmente, ambientales. La creación de abejas tiene un papel social-económico fundamental, ocupando la mano de obra del pequeño productor, en especial el de la agricultura familiar, disminuyendo el éxodo rural y al mismo tiempo preservando el ambiente y la cultura local. El “PROJETO ABELHA, as aliadas da natureza” da Ceplac, entidad del Ministerio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - busca fomentar la apicultura como alternativa de diversidad, con énfasis en sostenibilidad económica, social e ambiental. En estos casi 20 años de actividad del Programa, la producción apícola, casi inexistente, alcanzó 450 toneladas de miel, la producción de polen alcanzó 35 toneladas y la de propóleos roja dos toneladas, generando trabajo y renta para 3.100 familias de la agricultura familiar, contribuyendo para elevar Bahia a la condición de uno de los mayores estados productores do país.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? La región sur de Bahia sufría una gran crisis en su principal actividad económica, el cultivo del cacao, en función de la diseminación de una enfermedad conocida como “vassoura de bruxa”. Muchas familias de trabajadores rurales y pequeños propietarios abandonaron sus propiedades desplazándose para los centros urbanos. No obstante, programas alternativos fueron presentados a los pequeños productores, entre ellos la apicultura, como opción viable de diversificación de sus actividades. En este sentido, la creación de abejas es una actividad atractiva por no ser nociva al medio ambiente, ser socialmente justa, además de técnica y económicamente viable. Sin embargo, como la apicultura no tenía tradición en la región y era vista como una actividad peligrosa, los productores tenían recelo de criar abejas, llegando al punto de participar en los entrenamientos iniciales con la idea de aprender a matar las abejas (!), que, obviamente, no era el objetivo del entrenamiento. En esta fase – mediados de la década de 1990 – se buscó sensibilizar los productores sobre la importancia de la creación de abejas en un verdadero proceso de “catequesis”. Con ese objetivo
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 fueron realizadas charlas motivacionales, entrenamientos y divulgación de casos de suceso.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? El programa es orientado para el pequeño productor, en especial de la agricultura familiar, jóvenes y mujeres. En Cepec, principal unidad de pesquisas de Ceplac, fue creado el Núcleo de Apicultura e Meliponicultura con el objetivo de generar, adaptar y transferir tecnologías de interés del productor además de ofrecer servicios a los apicultores. El Núcleo presta atención a 28 asociaciones de apicultores envolviendo 3.100 familias beneficiarias del programa. Entre los beneficiarios del “PROJETO ABELHA, as aliadas da natureza”, cabe destacar la historia de la familia del Sr. Eliés Valverde Silva, que produce anualmente 64 toneladas de miel, incentivado y orientado por técnicos del Núcleo. El Sr. Eliés Valverde cuenta que aprendió una gran lección con las abejas: “... la importancia del trabajo colectivo para el suceso de un emprendimiento”. Junto con la esposa y sus 11 hijos, de los cuales ocho son mujeres, él administra una empresa familiar que comercializa miel para los mercados de Salvador, Feira de Santana,
ciudades del Extremo Sul baiano e para el estado de Santa Catarina. Actualmente, la familia Valverde Silva se hizo una referencia como un caso de suceso con la visión que es posible poner en práctica el trípode de la sostenibilidad en sus tres dimensiones: económica (retorno del investimento en corto espacio de tiempo, diversificación de la propiedad, oferta de productos nobles, saludables y con gran aceptación en el mercado nacional e internacional); social (generación de trabajo y renta, fijación del hombre en campo, mejoría de la autoestima, fortalecimiento de la organización social-productiva, inserción de jóvenes y mujeres en una actividad productiva) y ambiental (interacción hombre-naturaleza y la polinización cruzada hecha por las abejas - lo que posibilita nuevas combinaciones incrementando el vigor híbrido de las plantas, aumento de la producción de frutos y semillas – bien como la actuación de las abejas como bioindicadores de la calidad ambiental).
¿Cómo funciona el programa? La creación de las abejas en el ecosistema del bosque Atlántico, dónde están las acciones del “ PROJETO ABELHA, as aliadas da natureza “ presenta un gran potencial económico debido a la
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 gran biodiversidad de la vegetación nativa y la naturaleza de la actividad, como la necesidad de áreas pequeñas, ciclo corto, demanda de valores pequeños de capital inicial y de recursos para la financiación de mantenimiento. Estas funciones ofrecen ventajas competitivas en comparación con otras creaciones de animales más grandes. De esta manera, el “ PROJETO ABELHA, as aliadas da natureza” contribuye para la generación de empleo, mejora en los ingresos familiares y en condiciones de vida de pequeños propietarios. El proyecto es un conjunto de acciones en las áreas de investigación, transferencia de tecnología, capacitación y servicios a los apicultores. El proyecto se volvió un éxito debido al énfasis dado a los aspectos sociales, económicos y ambientales. En el área de la investigación, el proyecto trabaja en la mejora de las abejas reinas, en la viabilidad técnica, económica, social y ambiental de los manglares para la creación de las abejas, identificación de plantas apícolas y caracterización de los productos apícolas. En la transferencia de tecnología ofrece capacitación en apicultura básica, producción y procesamiento de la cera de abejas, manejo avanzado, producción de abejas reina, propóleos y polen y preparación de compuestos. En la prestación de servicios, recibe la cera cruda
de pequeños productores y la procesa en cera alveolada, ofrece equipos para secado de polen de los pequeños productores, hace paquetes de miel en bolsita y distribuye las abejas reinas seleccionadas. Esta distribución de reinas seleccionadas ha sido un hito en la apicultura por el hecho de ser abejas seleccionadas por Ceplac con vistas a una alta productividad. Por otra parte, los productores son incentivados a participar en seminarios y congresos, así como en acontecimientos regionales y nacionales que han contribuido a la transferencia de conocimientos, logro de negocios y el fortalecimiento de la organización social-productiva de apicultores. Una de las formas para difundir el programa ha sido la organización, junto con socios, del Congreso Baiano de Apicultura y el Seminario Brasileño de Propóleos y Polen, ambos de repercusión nacional con participantes de los Estados del nordeste y sur del país. A nivel regional, está en marcha un proyecto para la difusión de los productos de colmenas en las plazas públicas, centros comerciales y exposiciones agrícolas con el fin de hacerlos más conocidos por la población al sur de Bahia. El programa también incluye proyectos orientados a la parte humanitária que
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 tienen como objetivo ayudar a promover el crecimiento económico y social sostenible em las comunidades necesitadas. En este contexto, son seleccionadas las familias en situación de extrema pobreza que han sidocapacitadas teóricamente y prácticamente, reciben todos los materiales y equipos para iniciar la creación de las abejas y tienen seguimiento técnico. Se implementaron tres proyectos con ese formato apoyado por ONU/FAO Brasil y la Embajada de Nueva Zelanda en Brasil, beneficiando a 60 familias.
¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro? El desafío inicial del programa fue implantar una actividad poco difundida en la región, donde el monocultivo del cacahuero está fuertemente enraizada en la cultura local. En el ámbito de la apicultura ese paradigma fue superado y hoy el sur de Bahia es una referencia nacional en apicultura y mundial, en producción de polen. La perspectiva es consolidar el avanzo de la apicultura en la región de manera a hacer el sur de Bahia el mayor productor de miel del Estado, con técnicas avanzadas y visión
emprendedora. El “PROJETO ABELHA, as aliadas da natureza”, a lo largo de 20 años de existencia se perfecciona y ha expandido para varias comunidades de baja renta en el sur da Bahia. Los productores son estimulados a mantenerse actualizados, con el foco en la elevación de la productividad y el la competitividad de su negocio, teniendo como base el trabajo asociativo y el respeto al medio ambiente.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo? El “PROJETO ABELHA, as aliadas da natureza” demostró a los productores que era posible diversificar sus actividades con retorno financiero y sin afectar el medio ambiente, con un trabajo serio basado en estudios técnicos y científicos, demostrando que es factible la ecuación de sostenibilidad en la generación de ingresos. El programa es completamente adaptable a cualquier región, ya que sus acciones se desarrollan de una investigación, extensión rural y la participación efectiva de las comunidades en las que se implementa el proyecto. Motivación y compromiso son principios esenciales para el inicio de un programa
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 como este. El conocimiento es compartido en la formación a través de los órganos o empresas que poseen la información técnica y la comunidad lleva a cabo la gestión de su empresa, en un proceso asociativo. De estos aspectos fundamentales, el proceso sigue la manera normal: - Identificación del potencial técnico de la localidad para la actividad apícola y meliponicola; - Reuniones motivaciónales con la comunidad o grupo; - Preparación del proyecto participativo con la comunidad o grupo, teniendo en cuenta los aspectos financieros, sociales y ambientales; - Presentación del proyecto a la comunidad en general para captación de fondos y búsqueda de sociedades; - Contínuo compromiso de la comunidad; - Proyecto de implementación, monitoreo y evaluación de acciones.
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Balde Cheio
Embrapa Pecuária Sudeste
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Resumo do caso A maior parte das propriedades leiteiras que hoje participam do Projeto Balde Cheio apresentavam uma grave situação de pouca renda, que estava conduzindo-as ao desaparecimento, especialmente as de pequeno porte e cunho familiar. Muitos foram os relatos emocionados de produtores e seus familiares que confessaram que, se o Projeto não tivesse chegado ao município, atualmente eles fariam parte das estatísticas de êxodo rural do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A fixação das famílias no campo passa, necessariamente, pela geração de renda na propriedade rural. O Balde Cheio é um caso de sucesso como metodologia de transferência de tecnologia, que tem como objetivo a capacitação de técnicos e produtores familiares de leite em seu contexto social e ambiental. A inovação é o uso de uma pequena propriedade produtora familiar de leite como “sala de aula prática”, em que toda a comunidade participa do processo de escolha e adaptação das tecnologias à realidade de cada produtor. A partir das discussões e recomendações técnicas o produtor organiza seu sistema de produção, aplicando gradativamente os conceitos técnicos e gerenciais da produção sustentável de leite. As propriedades
assistidas possuem, em sua maioria, de meio hectare a 20 hectares. A tecnificação sustentável e o bom gerenciamento permitem que os produtores familiares aumentem a produção, a produtividade e a eficiência de seu sistema de produção gerando um aumento substancial de sua renda sem desequilibrar o ambiente.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? De modo geral, os treinamentos técnicos em pecuária leiteira são de curta duração, sem levar em conta a complexidade da produção sustentável em sistemas familiares. Havia necessidade de criarse um novo modelo de transferência de tecnologia e capacitação continuada - de todos envolvidos, produtores, técnicos e pesquisadores - apresentando as propriedades familiares como exemplo real de desenvolvimento sustentável em todos os aspectos: técnico, econômico, social e ambiental. O objetivo do projeto é promover o desenvolvimento sustentável da pecuária leiteira via transferência de tecnologia, para extensionistas de entidades públicas e privadas e para produtores de leite de todo o Brasil.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Com o início do Projeto Balde Cheio, a partir de 1998, esse problema da transferência de tecnologia começou a ser resolvido nas propriedades participantes, pois os técnicos passaram a ser treinados no âmbito da pequena propriedade familiar. Os produtores por sua vez criaram um vínculo de confiança com o técnico da extensão rural o que favorece o acesso à inovação. Por meio da adoção de técnicas diversas os produtores puderam gerar mais renda, recuperar a auto-estima e a dignidade, a cultivar a esperança e a confiança no futuro.
Quem se beneficia deste programa e de que forma? Os produtores rurais, os técnicos extensionistas, as instituições públicas e privadas, e todos aqueles envolvidos na cadeia da produção de leite são beneficiados diretamente pelo aumento da produção, da qualidade do produto, da eficiência dos processos de produção, da melhoria das condições de vida e de trabalho. Existem ganhos ambientais significativos, pois há recuperação da fertilidade do solo, menor erosão nas pastagens, e conscientização para proteção de áreas de reserva e cursos d’água. Indiretamente, a geração de renda no campo se reflete também no comércio das cidades, fortalecendo todo o território. Um dos benefícios mais importantes é a
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 recuperação da auto-estima e da dignidade do produtor, permitindo a fixação da família no meio rural. Em relação ao extensionista, o principal resultado é o restabelecimento da importância da extensão rural como fator essencial para o desenvolvimento sustentável da atividade leiteira no país. O programa está presente hoje em 4072 propriedades, em 741 municípios em 25 Estados. Por outro lado, os conceitos básicos de abordagem e treinamento da metodologia podem ser replicados para qualquer outra cadeia agropecuária. No momento, as cadeias da carne bovina e do café estão experimentando a adaptação do método preconizado pelo Balde Cheio às suas características específicas.
Como funciona o programa? A propriedade leiteira de cunho familiar transforma-se no local de capacitação, denominada UD (Unidade Demonstrativa), onde o conhecimento de todos os envolvidos (pesquisadores, extensionistas e produtores) é atualizado. Integram essa programação aulas teóricas realizadas pela Embrapa Pecuária Sudeste nas regiões dos produtores participantes.
Não existe um pacote tecnológico a ser aplicado em todas as propriedades, e sim uma discussão ampla entre todos os envolvidos sobre quais devem ser as tecnologias mais apropriadas a serem implantadas em cada situação. Ou seja, não existe um manual de procedimentos no Projeto Balde Cheio, pois cada propriedade tem uma história diferente, áreas, relevos, climas e rebanhos distintos, situações financeiras distintas e principalmente, desejos únicos, que as tornam uma unidade sem par. É dessa forma que as propriedades são encaradas no Projeto. Quando se entra numa propriedade, vive-se o mundo dela e nada mais. As técnicas de produção devem ser adaptadas à sua realidade, não o contrário. Nas discussões, a palavra do produtor é a que mais deve ser levada em consideração, pois está sendo discutido o futuro de sua família. O ingresso da propriedade selecionada pelo extensionista no município para ser sua “sala de aula prática” somente acontecerá quando ambos, produtor e extensionista, estiverem de acordo com a natureza participativa do trabalho e de seus direitos e deveres para com o mesmo. Essa propriedade passa a ser denominada “Unidade de Demonstração” (UD). Além dos objetivos de ser utilizada como “sala de aula prática” e gerar renda para a família
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 do proprietário, a UD também servirá como exemplo para os produtores do município e da região, que porventura queiram visitála ou acompanhar o desenvolvimento da mesma. A partir da implantação do projeto, a UD passa a ser uma referência na região, permitindo que outros produtores acompanhem o trabalho de viabilização da produção de leite sob os aspectos técnico, econômico, social e ambiental. Por um período de quatro anos a propriedade escolhida como UD recebe um conjunto de técnicas para a melhoria da produtividade leiteira, o manejo adequado dos insumos e o desenvolvimento sustentável da propriedade. Os outros produtores da região são convidados periodicamente a conhecer essas técnicas, aumentando o alcance da transferência. Ao longo desse período o extensionista começa a sentir segurança na aplicação das técnicas e inicia a aplicação das mesmas em outras propriedades do município e da região. Passa a distinguir onde as técnicas devem ser aplicadas, onde elas podem ser aplicadas, onde elas precisam sofrer adaptações para serem aplicadas em razão da situação particular de cada propriedade, e onde elas não devem ser aplicadas. São utilizadas tecnologias de processo e de
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 gestão nas áreas agrícolas, gerenciais, zootécnicas e ambientais. Uma das principais estratégias do Projeto Balde Cheio são as parcerias efetuadas com diversos tipos de instituições públicas e privadas. O envolvimento de parcerias distintas entre diferentes elos da cadeia produtiva do leite confere ao projeto uma base sustentável e dinâmica, colaborando para a formação de uma rede de trabalho onde ocorre intensa troca de informações e conhecimentos.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo? Se em cada localidade houver um extensionista interessado, um produtor de leite interessado e uma entidade que assuma as despesas decorrentes da implantação, o Projeto Balde Cheio poderá ser iniciado em qualquer lugar do Brasil e em qualquer comunidade. Para que seja construído um elo forte de ligação entre o extensionista e a família do produtor, e destes com o instrutor, as ações mais importantes no início do trabalho são
as visitas a outras unidades demonstrativas (UDs). Lá, ambos poderão constatar a veracidade das informações passadas, as dificuldades encontradas pelos produtores e técnicos da extensão rural no começo da jornada, os problemas enfrentados, as soluções adotadas e os resultados obtidos, em propriedades que tenham perfis semelhantes às propriedades dos que as visitam. Essa atividade fortalece a confiança no trabalho e reacende a vontade de querer executá-lo. Dentre os compromissos firmados, o extensionista deverá visitar a UD no mínimo uma vez ao mês, para o acompanhamento das atividades combinadas entre todos os envolvidos e auxílio na coleta de dados a ser efetuada pela família do produtor. O instrutor da Embrapa, ou o instrutor credenciado pelo Projeto Balde Cheio, deve retornar quadrimestralmente àquela UD por um período de quatro anos, que é a duração do trabalho. Devido à sua característica de ações de longo prazo, a manutenção do técnico extensionista é vital para obter resultados consistentes. Dessa forma, o desafio é criar arranjos institucionais fortes que possibilitem a condução dos trabalhos por quatro anos.
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Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho? O Projeto Balde Cheio conta com um grande número de parcerias diferentes (atualmente são 386) que compõem a base institucional de todo o processo. Destacase um grande número de agentes ligados à agricultura, direta ou indiretamente, tais como federações de agricultura, sindicatos rurais, empresas de laticínios, cooperativas mistas, cooperativas de crédito, entidades do Sistema “S” (Sebrae e Senar principalmente), prefeituras municipais, ONGs, Incra, hidrelétricas, entre outras. Diversas entidades perceberam o potencial dos benefícios aos produtores familiares de leite e ao meio ambiente e passaram a dar suporte técnico e financeiro ao processo de capacitação, nos moldes preconizados pelo Balde Cheio. Qualquer empresa ou entidade pode tornar-se parceira por meio do fomento ao treinamento e capacitação continuada de um agente de transferência de tecnologia local.
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Case summary Most dairy farmers that joined the “Projeto Balde Cheio” (Full Bucket Project) presented a severe situation of low income that was leading them out of business, particularly the small or households. There were many reports from farmers and their families that confessed that if the Project was not occurred in their region they would now be part of the rural migration statistics of IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics). The permanence of dairy families in their own land goes necessarily through the income generation within the agricultural property. The Balde Cheio project is a case of success as a method of technology transfer which aims to qualify technicians and family farmers in their own social and environmental contexts. The innovation is the use of a small property of dairy family farmer as a “practice classroom” where the whole community participates in the selection and adaptation process of the technologies to the reality of each farmer. From technical conversations and recommendations the farmer organizes his/her own production system, gradually applying the technical and management concepts in the dairy production system. In general, farm size varies from half to 20 hectares in the program.
The sustainable technification and the good management practices allow the family producers to increase the production, productivity and efficiency of their production system, resulting in a significantly growth in their income without unbalancing the environment.
Why was the sustainability program created? Usually technical trainings in dairy husbandry are performed in short periods, not considering the complexity of the sustainable production in family systems. It was necessary to create a new technology transfer process based on continuous qualification model - from everyone involved, farmers, technicians and researchers - presenting the family farms as a real example of sustainable development at every aspect: technical, economical, social and environmental. The purpose is to promote the sustainable development of dairy farming by technology transfer to public and private extension service agents and to dairy farmers from Brazil. At the beginning of Projeto Balde Cheio, in 1998, the technology transfer issue started to be solved in the participating farmings because the technicians began to be trained in the scope of the small family farmings.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 On the other hand, along the program, its created a mutual trust between farmers and the extension technician, which favors the access to innovations. By the adherence of several practices farmers could generate more income, recover their self-esteem and dignity, cultivate hope and trust in a better future.
Who benefits from this program, and how? The agricultural farmers, the extension technicians, the public and private institutions and everyone involved in the dairy production chain are directly benefited with higher production, better quality of raw products, higher efficiency of the production process which enables to upgrade the life standards and work conditions. Many environmental improvements were observed due to soil fertility recovery, reduction in grasslands erosion, and increasing awareness for the protection of forest, water flows and riparian areas. Indirectly, the generation of more income in the agricultural zone also benefits the commerce in urban areas, straightening the entire territory. One of the most important benefits is the recovery of the farmer’s selfesteem and dignity, allowing the family to stay in the agricultural area.
Another important result is the reestablishment of the agricultural extension as an essential role for the sustainable development of the dairy activity in the country. The program is active in 4072 farms, in 741 municipalities, in 25 States. On the other hand, the basic concepts of approach and methodology training may be also applied to every other agriculture and cattle chain. Currently, the beef cattle and coffee chain are experiencing the adaptation of the method established by Balde Cheio to their specific features.
How does the program work? The family dairy farming becomes a qualifying place called DU (Demonstrative Unit) where knowledge of all people involved (researchers, extension agents and farmers) is updated. Embrapa Southeast Livestock promotes some theoretical courses in each participating region as well, but the most important learning process take place within the farm. There is no technological package to be applied in all farms, but a wide discussion among all actors involved about which technologies should be chosen in each situation. Indeed, there is no “manual of instructions” at Balde Cheio project since each farm and farmer have a different
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 history, area, land, climate, an specific breed and herd size and financial status. In addition, each farmer has its own dreams, which makes him/her unique. In this sense, all production practices should be adapted to their reality, not otherwise. During the discussions, the opinion of the farmer must be taken into account because it is the future of their family that is being discussed. The program begins with the selection of the “practice classroom” by the extension agent in the local area. It shall only occur when both the farmer and the extension agent have agreed with the participative nature of the process and their rights and duties as well. This farm is then called “Demonstration Unit” (DU). In addition, the DU shall also serve as an example to other farmers from the municipality and region that may wish to visit or follow the development of the program. With the project implementation, the DU becomes a reference in the region, allowing other farmers to attend the development of the dairy system that takes place locally, under the same economical, social and environmental scenario. During four years, the farming chosen as DU receives a set of techniques to the improvement of its dairy production, proper handling of inputs and sustainable development of the farm. From
time to time other farmers of the region are invited to be acquainted with these practices, improving its transference range. Along the time of the training process the extension agent gradually becomes confident in the application of new techniques and starts the multiplication to other farmers of the region. The agent then becomes able to distinguish where the techniques should be applied, where they can be applied, where they need to be adapted, where they should not be applied in a particular situation of each farm, . Process and management technologies are used in the agricultural, zootechnical and environmental areas. One of the main strategies of the Project is the strong partnerships created with several types of public and private entities. The involvement of distinct partners via distinct bonds in the dairy productive chain grants the project a sustainable and dynamic network, based in an intensive exchange of information and knowledge.
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What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? When exist an interested extension agent, an interested dairy farmer and an entity that assumes the expenses resulting from the implementation, Balde Cheio project can be initiated anywhere and at any community of Brazil. In order to create a strong relationship between the extension agents and the family of the farm, and hence developing such bond to the instructor, the most important actions in the start of the work are the visits to other demonstrative units (DUs). There, everyone shall be able to determine the truthfulness of the information, the difficulties found by other farmers in the start of the journey, the problems faced, the solutions adopted and the results obtained in a similar profile of the visitors. This activity strengths the trust in work and re-ignites the will to perform it. Among the agreed commitments, the extension agent shall visit the DU at least once a month for the follow-up of the activities agreed between everyone involved and the support in the data collection to be performed by the family of the farmer. The
researcher of Embrapa, or the instructor certified by Balde Cheio project should return every four months to the DU during four years. Due to its long term feature, the maintenance of the extension technician is vital to obtain consistent results. The challenge is to create strong institutional arrangements that allow the conduction of the local actions for such long time.
How could other agriculturerelated agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? Projeto Balde Cheio counts on a great number of distinct partnerships (currently there are 386) that consist of the institutional basis of the whole process. It is important to highlight that there is a great number of agents connected to agriculture, whether directly and indirectly, such as agriculture federations, agricultural unions, dairy production companies, cooperatives, banks, credit cooperatives, entities of the “S” System (particularly Sebrae and Senar), local municipalities, NGOs, National Institute of Agrarian Reform, hydroelectric stations and others.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Several entities realized the potential benefits to dairy family farmers and to the environment and have started to provide technical and financial support to the qualification process, according to the framework of the Balde Cheio. Every company or entity may become a partner by the provision of training and continuous qualification of a local technology transfer agent.
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Resumen del caso La mayor parte de las propiedades lecheras participantes en el Proyecto Balde Cheio presentaban anteriormente grave situación de escasa renta , hecho que conducía a ellas a su probable desaparición, en especial las de pequeño porte y de tipo familiar. Muchos fueron los relatos emocionados de productores y sus familiares que confesaron que, si el Proyecto no hubiese alcanzado, actualmente ellos formarían parte de las estadísticas de éxodo rural del IBGE (Instituto Brasileño de Geografía y Estadística). La permanencia de las familias en el campo pasa, necesariamente, por la generación de suficiente renta en la propiedad rural. El Balde Cheio representa un caso exitoso de metodología de transferencia de tecnología, que busca capacitar técnicos y productores familiares de leche en su contexto social y ambiental. La característica más innovadora de este Proyecto es la utilización de una pequeña propiedad familiar productora de leche como “aula de clase práctica”, en la cual toda la comunidad participa del proceso de elección y adaptación de las tecnologías a la realidad de cada productor. A partir de discusiones y recomendaciones técnicas el productor organiza su proprio sistema
de producción, gradualmente aplicando los conceptos técnicos y gerenciales de la producción sostenible de leche. Las propiedades asistidas poseen, en su mayoría, de 0,5 a 20 hectáreas. La tecnificación sostenible y la buena gestión permiten que los productores familiares aumenten la producción, la productividad y la eficiencia de su sistema de producción, generando un aumento sustancial de su renta sin desequilibrar el medio ambiente.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? En general, las capacitaciones técnicas en pecuaria son de corta duración y no consideran la complejidad de la producción sostenible en sistemas familiares. Había clara necesidad de crearse un nuevo modelo de transferencia de tecnología y de capacitación continuada involucrando todos,, productores, técnicos y investigadores científicos presentando las propiedades familiares como ejemplo real de desarrollo sostenible en todos los aspectos: técnico, económico, social y ambiental. Asi, este proyecto fue creado para promover el desarrollo sostenible de la pecuaria lechera a través de la transferencia de tecnología, para extensionistas de entidades públicas
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 y privadas y para productores de leche de todo el Brasil. Con el inicio del Proyecto Balde Cheio en 1998, el problema de la transferencia de tecnología comenzó resolverse en las propiedades participantes, pues los técnicos pasaron a ser capacitados en el ámbito de la pequeña propiedad familiar. Los productores a su vez crearon un vínculo de confianza con estos técnicos lo que ha favorecido el acceso a la innovación. Por medio de la adopción de técnicas diversas los productores pudieron generar más renta, recuperar sus autoestima y dignidad, y, además cultivar la esperanza y la confianza en el futuro.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? Los productores rurales, los técnicos extensionistas, las instituciones públicas y privadas, y todos aquellos involucrados en la cadena de producción de la leche se ven beneficiados directamente por el aumento de la producción, de la calidad del producto, de la eficiencia de los procesos de producción, de la mejora de las condiciones de vida y de trabajo. Existen logros ambientales significativos consecuentes la recuperación de la fertilidad del suelo, reducción de erosiones en los pastizales,
e incrementos de la concientización sobre la importancia de la protección de áreas de reserva vegetal natural y cursos de agua. Indirectamente, la generación de renta en el campo se refleja también en el comercio de las ciudades y en el fortalecimiento de todo el territorio. Uno de los beneficios más importantes es la recuperación de la autoestima y de la dignidad del productor, promoviendo la fijación permanente de familias en el medio rural. En relación al técnico extensionista, el principal resultado es el restablecimiento de la importancia de la extensión rural como factor esencial para el desarrollo sostenible de la actividad lechera en el país. El proyecto encontrase presente hoy en 4072 propiedades, ubicadas en 741 municipios en 25 Estados brasileños. Los conceptos básicos de abordaje y de capacitación de la metodología desarrollada en este proyeto, potencialmente, pueden replicarse en cualquier otra cadena agropecuaria. Al momento, las cadenas de la carne bovina y de café están experimentando la adaptación del método propuesto por Balde Cheio a sus características específicas.
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¿Cómo funciona el programa? La propiedad lechera familiar se transforma en el sitio de capacitación, denominada UD (Unidad Demostrativa), donde se actualiza el conocimiento de todos los involucrados (investigadores, extensionistas y productores). La programación se integra con clases teóricas realizadas por técnicos de la Embrapa Pecuaria Sudeste en las regiones de los productores participantes. No hay un paquete tecnológico único, aplicable a todas las propiedades, pero sí una discusión amplia entre todos los involucrados sobre cuáles deben ser las tecnologías más apropiadas a implantación en cada situación. O sea, no existe un manual de procedimientos en el Proyecto Balde Cheio, pues cada propiedad tiene una historia diferente, áreas, relieves, climas y rebaños distintos, situaciones financieras distintas y, especialmente, deseos únicos, que las tornan una unidad sin par. De esa forma se encaran las propiedades en el Proyecto. Cuando se entra en una propiedad, se vive el mundo de la misma y nada más. Las técnicas de producción deben adaptarse a su realidad, no al contrario. En las discusiones, la palabra del productor es la que más debe ser tenida en cuenta, pues se está discutiendo el futuro de su familia.
El ingreso de la propiedad seleccionada por el extensionista en el municipio para que sea su “aula de clase práctica” solamente tendrá lugar cuando ambos, productor y extensionista, estén de acuerdo con la naturaleza participativa del trabajo y de sus derechos y deberes para con el mismo. Esta propiedad pasa a denominarse “Unidad de Demostración” (UD). Además de los objetivos de que se la utilice como “aula de clase práctica” y generar renta para la familia del propietario, la UD también serve como ejemplo para los productores del municipio y de la región, que quieran visitarla o acompañar el desarrollo de ella. A partir de la implantación del proyecto, la UD pasa a ser una referencia en la región, permitiendo que otros productores acompañen el trabajo de viabilización de la producción de leche bajo los aspectos técnico, económico, social y ambiental. Por un período de cuatro años la propiedad escogida como UD recibe un conjunto de técnicas para la mejora de su productividad lechera, el manejo adecuado de los insumos y el desarrollo sostenible de la propiedad. Se invita a los otros productores de la región periódicamente a conocer estas técnicas, aumentando el alcance de la transferencia.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 A lo largo de este período el extensionista comienza a sentirse seguro en la aplicación de las técnicas e inicia la aplicación de las mismas en otras propiedades del municipio y de la región. Pasa a distinguir dónde las técnicas deben ser aplicadas, dónde pueden aplicarse, dónde necesitan sufrir adaptaciones para ser aplicadas en razón de la situación particular de cada propiedad, o mismo dónde no deben ser aplicadas. Se utilizan tecnologías de proceso y de gestión en áreas agrícolas, gerenciales, zootécnicas y ambientales. Una de las principales estrategias del Proyecto Balde Cheio son las colaboraciones efectuadas con diversos tipos de instituciones públicas y privadas. El envolvimiento de colaboraciones distintas entre diferentes ejes de la cadena productiva de la leche le confiere al proyecto una base sostenible y dinámica, colaborando con la formación de una red de trabajo donde ocurre un intenso intercambio de información y de conocimientos.
¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro?
Si en cada localidad hubiese un extensionista interesado, un productor de leche interesado y una entidad que asuma los gastos derivados de la implantación, el Proyecto Balde Cheio podrá iniciarse en cualquier lugar de Brasil y en cualquier comunidad. Para que sea construido un eje fuerte de conexión entre el técnico extensionista y la familia del productor, y de los mismos con el instructor, las acciones más importantes al inicio del trabajo son las visitas de estos participantes a otras unidades demostrativas (UDs). Allí, ambos podrán constatar la veracidad de la información recibida, las dificultades encontradas por los productores y técnicos de la extensión rural al comienzo de la jornada, los problemas enfrentados, las soluciones adoptadas y los resultados obtenidos en propiedades que tengan perfiles semejantes a las propiedades de los que las visitan. Esta actividad fortalece la confianza en el trabajo y vuelve a encender la voluntad de querer ejecutarlo. Como parte de los compromisos firmados, el extensionista debe visitar la UD por lo menos una vez al mes, para acompañar las actividades combinadas entre todos los involucrados y auxiliar en la recolección de datos que será efectuada por la familia del productor. El instructor de la Embrapa, o el instructor acreditado por el Proyecto Balde
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Cheio, debe retornar cuatrimestralmente a aquella UD por un período de cuatro años, que es la duración del trabajo. Debido a su característica de acciones de largo plazo, la permanencia del técnico extensionista en la región es vital a la obtención de resultados consistentes. De esta forma, el desafío es crear arreglos institucionales fuertes que permitan la conducción de los trabajos por cuatro años ininterrumpidos.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo?
Diversas entidades se dieram cuenta de los potenciales beneficios resultantes del proyecto a los productores familiares de leche y al medio ambiente y pasaron a prover soporte técnico y financiero al proceso de capacitación, en los modelos propuestos por ello. Cualquier empresa o entidad puede tornarse colaboradora, por ejemplo, por medio del fomento al entrenamiento y capacitación continuada de un agente de transferencia de tecnología local.
El Proyecto Balde Cheio cuenta con un gran número de colaboradores (actualmente son 386) que componen la base institucional de todo el proceso. Se destaca un gran número de agentes relacionados a la agricultura, directa o indirectamente, tales como federaciones regionales de agricultura, sindicatos rurales, empresas lácteas, cooperativas mixtas, cooperativas de crédito, entidades del Sistema “S” (Sebrae y Senar principalmente), municipalidades, ONGs, Incra, compañías hidroeléctricas, entre otras.
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Café em Agrofloresta para o Fortalecimento da Economia de Baixo Carbono em Apuí, Amazonas
Idesam
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Resumo do caso Este projeto criado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) , objetiva fortalecer a cadeia de valor do café em sistemas agroflorestais como forma de diversificar as fontes de renda dos agricultores familiares e de baixar 1 as emissões de carbono. Ele conta com três objetivos específicos: (1) aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do café com técnicas agroecológicas; (2) consorciar os cafezais com a produção de espécies agrícolas e florestais de interesse econômico, ecológico e alimentar; (3) incentivar arranjos de mercado para agregar valor à comercialização de café produzido de maneira sustentável. Após quase dois anos de implantação 30 produtores manejam 1 hectare de café agroecológico cada. A produtividade mais que dobrou, de 9 sacas para 24 sacas por hectare, e a qualidade aumentou consideravelmente. Os danos causados por brocas diminuíram de 30% para apenas 1,8%. Os avanços obtidos representam
o potencial existente no local. Para que o cenário favorável seja definitivo ainda são necessárias novas ações no sentido de multiplicar as práticas de manejo e consolidar uma organização social para representar o café agroecológico de Apuí.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? A iniciativa é motivada pela necessidade de encontrar alternativas produtivas que gerem o desenvolvimento social e contribuam com redução do desmatamento e das emissões de carbono na Amazônia, favorecendo a permanência de agricultores familiares no campo. O processo de colonização da Amazônia, intensificado a partir de 1970 e a criação do Projeto Assentamento Rio Juma em 1982, faz de Apuí um município com grande influencia sociocultural de estados do Sul e Sudeste do Brasil. Ao longo dos anos a migração continuou, principalmente entre 1991 e 1996, quando chegaram nordestinos, capixabas e famílias vindas de Rondônia. A bagagem social e as experiências com atividades econômicas desses migrantes são principalmente da agricultura e da pecuária.
1 Este projeto é apoiado pelo Fundo Vale e desenvolvido em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), a Prefeitura de Apuí, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Centro Agronómico Tropical de Investigación y Enseñanza (Catie, Costa Rica).
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 O município de Apuí, fundado em 1987, apresentou durante alguns anos o cultivo de cereais e a produção de café conilon (Coffea canephora) como as principais atividades agrícolas. Porém, a falta de conhecimento para produzir em uma região tropical, desde o preparo do solo, uso de insumos, controle de pragas e doenças, entre outros fatores, dificultou a manutenção da agricultura como a principal atividade econômica. Consequentemente, houve um abandono destas atividades agrícolas e um grande aumento na produção pecuária extensiva que hoje domina a paisagem local. No ano de 2012, compreendendo o cenário da agricultura familiar local, a fim de valorizar as experiências dos agricultores e apoiandose em bases agroecológicas para o desenvolvimento sustentável, o programa Café em Agrofloresta foi criado pelo Idesam com o apoio do Fundo Vale.
Quem se beneficia deste programa e de que forma? O programa atende a um grupo de 30 produtores de café. Atualmente este grupo representa cerca de 30% da produção cafeeira de Apuí. Em longo prazo, pretendese aumentar a adesão e multiplicar as práticas de manejo com mais produtores. Os resultados obtidos até o momento têm
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 atraído produtores interessados e motivado ainda mais aqueles que já são beneficiários diretos do programa. Por exemplo, na safra de 2014 foi possível um valor adicional de R$30,00 por saca pago devido à qualidade superior do café. Neste caso, o benefício só foi possível para quem realizou os tratos de pós-colheita estabelecidos de forma participativa com o grupo. As práticas agroecológicas adotadas favorecem também a conservação dos recursos naturais e a perenidade do cultivo, reduzindo a necessidade de desmatar novas áreas para produzir e, consequentemente, as emissões de carbono. Além disso, as propriedades com café em sistemas agroflorestais se tornam referência no meio rural, ampliando os efeitos do programa para a agricultura familiar da região. A adequação das práticas de manejo de café em Apuí, visando uma agricultura de base ecológica, representa maior produção e melhor qualidade, beneficia o produtor rural com a valorização do café, além da possibilidade de agregar valor em outros setores da cadeia produtiva.
Como funciona o programa? O desenvolvimento do programa Café em Agrofloresta se baseia na implantação e adequação de sistemas agroflorestais para aumentar a produtividade e a qualidade da produção de café e apoiar a organização social dos agricultores familiares. O Idesam apoia o grupo de produtores facilitando intercâmbios, dias de campo, capacitações e planejamento de calendário agrícola. O programa fornece insumos iniciais (sementes, mudas, calcário, materiais e ferramentas) para viabilizar a quebra do ciclo da pobreza na cafeicultura local juntamente com uma continuada assessoria técnica. Também está sendo testada, em parceria com a EMBRAPA, a variedade de café clonal BRS-Ouro Preto. Foram plantadas 3 unidades de observação que serão avaliadas sob manejos agroecológico e convencional. Espera-se validar a variedade para uso no Amazonas e paralelamente, iniciar um processo de seleção de plantas não clonais já aclimatadas e em produção nas condições de Apuí. Através da realização de um estudo de mercado para o cultivo de café na região e de diagnósticos das propriedades, foi possível compreender que devido às dificuldades logísticas e aos altos preços de insumos, os sistemas de produção devem depender
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 o mínimo possível de recursos externos. Sendo assim, foi estabelecido, de forma participativa com o grupo de 30 produtores, um manejo com práticas agroecológicas para a produção de café em sistemas agroflorestais. O trabalho com o grupo tem ocorrido por meio de um processo de capacitação continuada, onde os produtores participam e executam os aprendizados em suas áreas. Este mecanismo permite a troca de experiências entre produtores e a multiplicação do conhecimento entre outros interessados. De acordo com o diagnóstico inicial das propriedades em 2011 a produção total do grupo foi de 372 sacas de café beneficiado, representando uma media de 9 sacas por hectare. Em 2012, ano de alta produção no ciclo bianual normal do café, a produção do grupo atingiu uma média de 13 sacas por hectare. No ano de 2013, foi estimada produtividade média de 17 sacas por hectare nas áreas com manejo agroflorestal e práticas agroecológicas. Em 2014, um levantamento feito com 10 produtores chegou a 24 sacas por hectare, representando assim o potencial existente para alcançar um dos objetivos principais do programa. As atividades compreendem temas como o manejo da regeneração natural,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 o enriquecimento com novas espécies florestais ou agronômicas e a manutenção do sombreamento. O plantio de novas espécies tem sido realizado com apoio do Viveiro Santa Luzia localizado no município. Com a finalidade de ciclagem de nutrientes, fixação biológica de nitrogênio e aumento de matéria orgânica no solo são utilizadas nas entrelinhas espécies leguminosas para adubação verde e de árvores como o Inga (Inga edulis), Mulungu ou Poró (Erythrina poeppigiana) Gliricidia (Gliricidia sepium), Paricá (Schizolobium amazonicum), Faveira-branca (Parkia multijuga) e Angelim-vermelho (Dinizia excelsa). Para sombreamento, uso de madeira e produtos não madeireiros são utilizadas espécies de Jatobá (Hymenaea sp.), Itaúba (Mezilaurus synandra), Andiroba (Carapa guianensis) e uma diversidade de arvores frutíferas tropicais. O uso de composto orgânico feito com a palha do café, resíduo do processo de beneficiamento, está cada vez mais presente nas propriedades após as oficinas de capacitação. A prática da adubação foliar com biofertilizantes também é realizada, pois promove maior resistência e vigor da planta. O fertilizante orgânico apresenta baixo custo de produção, utiliza basicamente esterco, cinzas, plantas leguminosas e plantas repelentes. A broca-
do-café (Hypothenemus hampei) é uma praga que compromete a cultura, por isso o controle é feito com o uso de armadilhas em garrafas de Pet 2 litros desenvolvidas pelo IAPAR e com a aplicação do fungo Beauveria bassiana, que é um inimigo natural da praga. Uma amostragem foi realizada para estimativa de resultados em 9 áreas sem nenhum controle de pragas e em 18 áreas com as praticas agroecológicas. A média de grãos amostrados com a presença de danos ocasionados pelo inseto nas áreas sem controle foi de 30%. Já nas parcelas com café agroflorestal a média foi de 1,8%. Os cuidados com o café depois de colhido são essenciais para obter uma bebida com sabor e aroma agradáveis. O uso de terreiros suspensos tem sido uma alternativa viável para evitar a perda de qualidade e facilitar o trabalho de colheita. Desta maneira, o grão é colhido e levado diretamente para a estrutura suspensa, onde é seco pelo calor do sol. A diferença de qualidade no final do processo é notável e possibilitou uma valorização do preço da saca de café seco em terreiros suspensos. Além disso, surgem novas oportunidades como a criação da marca “Café Apuí Agroflorestal” em parceria com empresa de torrefação instalada no município.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 A organização social em forma de cooperativas e associações é essencial para alcançar estabilidade no processo de fortalecimento da cadeia produtiva. O programa trabalha neste sentido abordando temas que orientem os produtores na busca pelos interesses comuns. As atividades visam à adoção de um mecanismo de certificação participativa que traga benefícios aos produtores comprometidos em produzir com qualidade utilizando práticas sustentáveis.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo? O programa Café em Agrofloresta possui o grande desafio de difundir tecnologias alternativas à produção convencional, que sejam adequadas à agricultura familiar em ecossistemas amazônicos. O processo de transição agroecológica é gradual e diferente em cada propriedade, por isso é importante que as experiências sejam consolidadas tendo os resultados valorizados e divulgados para a sociedade. Desta maneira, o programa busca contribuir para que os agricultores se tornem independentes, formadores de
conhecimento e capacitados a transmitir tecnologias sustentáveis, multiplicando assim os benefícios no meio em que está inserido. O fortalecimento de um grupo na forma de cooperativa mostra ser o caminho mais adequado para que o programa continue avançando em busca de melhores condições de vida para os agricultores, com redução de práticas nocivas ao meio ambiente e a consolidação da cadeia produtiva do café agroflorestal. Através do fortalecimento de parcerias técnicas e científicas o programa pretende multiplicar as experiências na região e apoiar a estruturação de uma cooperativa que represente os produtores de café agroflorestal de Apuí. Por meio do fortalecimento da organização social, a perspectiva é oferecer um produto de melhor qualidade, produzido na Amazônia por agricultores familiares e com práticas de manejo agroecológico.
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Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho? As propriedades rurais de mão de obra familiar devem ser entendidas como sistemas diversificados de produção de alimentos e uso sustentável dos recursos naturais. Sendo assim, o produtor necessita de apoio técnico para desenvolver os agroecossistemas que compõem o seu estabelecimento rural, para ter condições de garantir a soberania alimentar e econômica da família, melhorando suas condições sociais sem degradar o meio ambiente. Portanto, é fundamental a participação de instituições parceiras e agentes capacitados para compreender as problemáticas locais e apoiar a transição dos sistemas de produção, valorizar o conhecimento tradicional e encontrar de forma participativa as alternativas sustentáveis adequadas à realidade rural. Todavia, é necessário também que as iniciativas sejam apoiadas por fundações e programas de crédito ou financiamento direcionados para a agricultura familiar com base agroecológica.
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Case summary This project was created by Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas – Idesam aiming to strengthen the coffee value chain in agroforestry systems as a way to diversify the family farmer income sources and reduce the carbon emissions. It has three specific goals: (1) Increase the productivity and enhance the coffee quality by the use of agroecological techniques. (2) Associate coffee plantations with the production of agricultural and forest species of economic, ecological and food interest; (3) Encourage market arrangements to deliver value to the coffee produced in a sustainable way. After almost two years of the Project implementation there are now nearly 30 growers managing 1 hectare of agroecological coffee each. The productivity more than double from 9 bags to 24 per hectare, and the quality increased considerably. The damage caused by bores decreased from 30% to 1.8 %. This advance represents the potential of the place. For a
permanent favorable scenario new actions are still need to be done in order to multiply the management practices and consolidate a social organization to represent the agroecological coffee in Apuí.
Why was the sustainability program created? The initiative is motivated by the necessity to find productive alternatives that can lead to social development and can contribute to the reduction of deforestation and carbon emission in the Amazon, favoring the permanence of family farmers in the countryside. The process of the colonization of the Amazon intensified after 1970 with the creation of the Rio Juma Settlement Project in 1982, makes Apuí a county with a massive sociocultural influence from South and Southeast Brazilian states. A long the years the migration continued, mainly between 1991 and 1996, when Northeast inhabitants, the capixabas (n.t. a person who was born in Vitoria, Espirito Santo) and families come from Rondônia. These migrant social baggage and economic activity experience are mainly related to agriculture and livestock.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 The county of Apuí, founded in 1987, based during some years, its main agricultural activity in the farming of cereals and the conilon coffee (Coffea canephora). However, the lack of know-howon farming in a tropical region, from the preparation of soil, use of inputs, plague and diseases control, among others, made it very difficult to maintain the agriculture as the main source of economic activity. Consequently, there were a decrease in agricultural activities and an increase in the livestock production that now takes over the scene. In the year 2012, the comprehension of the local family agriculture, and in order to value the farmer experience, the agroecological based program Coffee in Agroforest was created by Idesam with the support of Fundo Vale.
Who benefits from this program, and how? Currently the 30 farmers involved in the project are responsible for 30 % of the coffee production in Apuí. In long term, it is intended to increase the number of members and multiply the management practices. The results obtained so far have attracted interested growers and further motivated the current beneficiaries of the
program. For instance, in the 2014 harvest it was possible a bonus of R$ 30,00 per bag, paid due to the superior quality of the grounds. In this case, the benefit was only extended for those who conducted the post-harvest treatments established in participatory manner with the group. The agroecological practices adopted also favor the conservation on natural resources and the perennial farming, reducing the necessity of deforesting new areas and therefore, reducing the carbon emission. Besides, properties that have coffee in agroforest system become reference in the rural environment, expanding the effects of the program to the local family farming. The adequacy of the coffee management practices in Apuí, based in an ecological agriculture, represents higher production and better quality; it benefits the rural grower by increasing the value of the coffee, besides the possibility of adding value to other sectors of the productive chain.
How does the program work? The development of the Coffee in Agroforest program is based in the implantation and adaptation of agroforestry systems in order to increase the coffee productivity and quality and support the family farmers’ social organization. The
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Idesam supports the members by facilitating interchange, field days, professional training and planning of the agricultural calendar. The program supplies the initial inputs (seeds, seedlings, limestone, material and tools) to make it viable breaking the poverty cycle in the local coffee farming, plus a continued technical assistance. The cloned coffee variety BRS-Ouro Preto is also being tested in a partnership with EMBRAPA. Three observation units have being planted which will be evaluated under the agroecological and conventional management. It is expected to validate this variety of coffee for use in the Amazon and at the same time, initiate a selection process of non-cloned plants which are already acclimatized and under production in Apuí. Through a market survey carried out in the region about the cultivation of coffee, and the diagnostics of the properties, it was possible to understand that due to the logistical difficulties and the high prices of input, the production systems must not rely on external resources. Thus, it was established among the 30 members, a participatory management of agroecological practices for the coffee growing in agroforestry systems. The work with the group has been done through a process of continuous training, where the growers participate and execute what they have learned in their own area. Such
mechanism allows the experience exchange among the producers and the propagation of knowledge among other stakeholders. According to the initial diagnosis of the properties in 2011, the group total production was of 372 processed coffee bags, representing an average of 9 bags per hectare. In 2012, the biannual coffee cycle year, the production of the group reached an average of 13 bags per hectare. In the year 2013, it was estimated an average productivity of 17 bags per hectare in the agroforestry management and agroecological practices area. In 2014, a survey held with 10 producers reached 24 bags per hectare, thus demonstrating the potential to reach one of the main goals of the program. The activities include topics such as handling the natural regeneration, the environmental enrichment through new agricultural and forest species and shading maintenance. The planting of new species has been done and supported by Vivarium Santa Luzia, located in the county. With the purpose of cycling the nutrients, biological nitrogen fixation and the build-up the soil organic matter, leguminous plants are interplanted in the crop for green fertilization, and trees such as Inga (Inga edulis), Mulungu or Poró (Erithrina poeppigiana), Gliricidia
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 (Gliricidia sepium), Paricá (Schizolobium amazonicum), Faveira-branca (Parkia multijuga) and Angelim-Vermelho (Dinizia excelsa). For shading, using of wood and non-timber products the utilized species are Jatobá (Hymenaea sp.), Itaúba (Mezilaurus synandra), Andiroba (Carapa guianensis) and a diversity of tropical fruit trees. The use of the organic compound made of coffee straw, a processing residue, is increasingly present in the properties after training workshops. The practice of foliar fertilization by the use of biofertilizer is also carried out, for it promotes strength and vigor of the plant. The organic fertilizer has a low production cost, basically uses manure, ashes, leguminous plants and repellent plants. The coffee berry borer (Hypothenemus hampei) is a plague that compromises the crop; therefore it is controlled by the use of pet bottle traps developed by IAPAR and the application of the Beauveria bassiana fungus, a natural enemy of the plague. A sample was taken to estimate the results in 9 areas with no plague control and in 18 agroecological practice areas. The average of the grains sampled displaying some damage caused by insects in the not controlled areas was 30%. In the agroforestry coffee the average was 1.8%.
The careful handling of the coffee after harvested is essential to obtain a pleasant flavor and aroma. The use of suspended terraces has been a viable alternative to avoid quality loss and facilitate the harvest. In this way, the grain is harvested and taken directly to the suspended structure, where it is dried under the sun. There is a remarkable difference in quality by the end of the process which increased the prices of the coffee bags dried on suspended terraces. Besides, new opportunities arise, such as the creation of the “Café Apuí Agroflorestal” brand, in a partnership with a coffee roasting company located in the county. The social organization based in cooperatives and associations is essential to reach stability in the processes of strengthening the productive chain. This is the way the program works, covering topics that guide the producers in searching of their common interests. The activities aim the use of a mechanism of participatory certification that could bring benefits to the producers committed with producing with quality and utilizing sustainable practices.
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What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? The coffee in Agroforest program has the major challenge of disseminating alternative technologies to conventional production that are appropriated to family farming in Amazonian ecosystem. The agroecological transition process is gradual and different in each property, so it is important that the experiences are consolidated, with the results valued and disclosed to society. In this way, the program seeks to help farmers to become independent, to become knowledge and skilled trainers to transmit sustainable technologies, thus multiplying the benefits in the medium in which they are inserted. The strengthening of a group in the form of cooperative proves to be the most appropriate way for the program development in search of better life conditions for farmers, with the reduction of practices harmful to the environment and the consolidation of the agroforestry coffee productive chain.
Through the strengthening of technical and scientific partnerships the program aims to multiply the experience in the region and support the organization of a cooperative that represents the agroforestry coffee producers in Apuí. By strengthening the social organization, the perspective is to offer a better quality product, grown in the Amazon by family farmers using agroecological management practices.
How do other agriculture-related agents and farmers could start a sustainability program and incorporate it to their everyday work? Rural properties based on family labor must be seen as diversified system of food production and use of natural sustainable resources. Thus, the producer requires technical support to develop the agroecosystem that composes the rural setting, to be able to guarantee food and economic sovereignty of the family, improving their social conditions without causing any damage to the environment. Therefore, it is fundamental the participation of partner institutions and agents trained to understand the local issues and support the transition of the production system, value the traditional knowledge and find,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 in a participatory manner, appropriate sustainable alternatives suited to rural reality. However it is also necessary that the initiatives are supported by foundations and credit or financing programs directed to family agriculture based in agroecology.
and credit or financing programs directed to family agriculture based in agroecology.
How could other agriculturerelated agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? Rural properties based on family labor must be seen as diversified system of food production and use of natural sustainable resources. Thus, the producer requires technical support to develop the agroecosystem that composes the rural setting, in order of be able to guarantee food and economic sovereignty of the family, improving their social conditions without causing any damage to the environment. Therefore, it is fundamental the participation of partner institutions and agents trained to understand the local issues and support the transition of the production system, value the traditional knowledge and find, in a participatory manner, appropriate sustainable alternatives suited to rural reality. However it is also necessary that the initiatives are supported by foundations
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Este proyecto creado por el Instituto de Conservación y Desarrollo Sostenible del Amazonas (IDESAM) , objetiva fortalecer la cadena de valor del café en sistemas agroforestales como forma de diversificar las fuentes de ingresos de los agricultores familiares y bajar las emisiones de carbono.
por las brocas se redujeron de 30% a sólo el 1,8%. Los avances obtenidos representan el potencial existente en el lugar. Para que el panorama favorable sea definitivo, todavía son necesarias nuevas acciones en el sentido de multiplicar las prácticas de manejo y consolidar una organización social para representar el café agroecológico de Apuí.
El proyecto cuenta con tres objetivos específicos:
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad?
1) aumentar la productividad y mejorar la calidad del café con técnicas agroecológicas;
La iniciativa es motivada por la necesidad de encontrar alternativas productivas que generen el desarrollo social y contribuyan a la reducción de la deforestación y las emisiones de carbono en el Amazonas, lo que favorece la permanencia de los agricultores familiares en el campo.
Resumen del caso
2) unir las plantaciones de café con la producción de especies agrícolas y forestales de interés económico, ecológico y alimenticio; 3) fomentar acuerdos de mercado para ofrecer valor a la comercialización de café producido de manera sostenible. Después de casi dos años de la implantación, 30 productores ejercen una hectárea de café agroecológica cada uno. La productividad aumentó más del doble, de 9 sacos para 24 sacos por hectárea, y la calidad se ha incrementado considerablemente. Los daños causados
El proceso de colonización de la Amazonia, que se intensificó a partir de 1970 y la creación del Proyecto de Asentamiento del río Juma en 1982, hace Apuí una ciudad con grandes influencias socio-culturales del Sur y Sudeste de Brasil. Al pasar los años la migración continuó, principalmente, entre 1991 y 1996, cuando llegaron migrantes del nordeste de Brasil, de la región de Espirito Santo y Rondônia. El equipaje social y las
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 experiencias con actividades económicas de estos migrantes son principalmente de la agricultura y de la ganadería. El municipio de Apuí, fundado en 1987, tuvo durante algunos años el cultivo de cereales y la producción de café Conilon (Coffea canephora) como las principales actividades agrícolas. Sin embargo, la falta de conocimiento para producir en una región tropical, desde la preparación del suelo, el uso de insumos, control de plagas y enfermedades, entre otros factores, dificultó la manutención de la agricultura como la principal actividad económica. En consecuencia, se ha producido un abandono de la actividad agrícola y un gran aumento en la producción extensiva de ganado que ahora domina el paisaje local. En el año 2012, teniendo en cuenta el escenario de la agricultura familiar, con el fin de desvalorizar las experiencias de los agricultores y apoyándose en bases agroecológicas para el desarrollo sostenible, el programa Café Agroforestal fue creado por Idesam apoyado por el Fundo Vale.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? El programa atiende un grupo de 30 productores de café. Actualmente este
grupo es de aproximadamente 30% de la producción de café de Apuí. A largo plazo, tenemos la intención de aumentar la unión y multiplicar las prácticas de gestión con más productores. Los resultados obtenidos hasta la fecha han atraído productores interesados y motivados, incluso aquellos que ya son beneficiarios directos del programa. Por ejemplo, en 2014 fue posible cosechar un valor adicional de R$ 30.00 por saco debido a la calidad superior del café. En este caso, el beneficio sólo era posible para los que llevaban a cabo el tratamiento de pos cosecha establecido de manera participativa con el grupo. Las prácticas agroecológicas también promueven la conservación de los recursos naturales y la sostenibilidad de la cosecha, lo que reduce la necesidad de despejar nuevas áreas para producir y por lo tanto las emisiones de carbono. Además, las propiedades con sistemas agroforestales de café se hacen referencia en las zonas rurales, aumentando los efectos del programa sobre la agricultura familiar. La adecuación de las prácticas de manejo del café de Apuí, con objetivo a la agricultura de base ecológica, es una mayor producción y mejor calidad que beneficia al agricultor con la valoración
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 de café, además de la posibilidad de agregar valor en otros sectores de la cadena productiva.
¿Cómo funciona el programa? El desarrollo del programa de Café Agroforestal se basa en la aplicación y adaptación de los sistemas agroforestales para mejorar la productividad y la calidad de la producción de café y apoyar a la organización social de los agricultores familiares. Idesam apoya el grupo de productores facilitando los intercambios, días de campo, capacitaciones y planificación de calendario agrícola. El programa proporciona los insumos iniciales (semillas, plántulas, caliza, materiales y herramientas) y hace posible romper el ciclo de la pobreza en la cultura local de café junto con un asesoramiento técnico permanente. También se está probando en colaboración con EMBRAPA, la variedad de café clonal BRS Ouro Preto. Se plantaron 3 unidades de observación que serán evaluados bajo gestiones agroecológicas y convencionales. Se espera validar la variedad para su uso en Amazonas y en paralelo, poner en marcha un proceso de selección de las plantas no clónales ya aclimatadas y en producción en las condiciones de Apuí.
Mediante la realización de un estudio de mercado para el cultivo de café en la región y propiedades de diagnóstico, fue posible entender que, debido a las dificultades logísticas y los altos precios de las materias primas, los sistemas de producción deben depender lo menos posible de los recursos externos. De esta forma se estableció de manera participativa con el grupo de 30 productores un manejo con prácticas agroecológicas para la producción de sistemas agroforestales. El trabajo con el grupo ha sido a través de un proceso de formación continua, donde los agricultores participan y realizan el aprendizaje en sus áreas. Este mecanismo permite el intercambio de experiencias entre los productores y la multiplicación de conocimientos entre las partes interesadas. De acuerdo con el diagnóstico inicial de propiedades en 2011 la producción total del grupo fue de 372 sacos de café, lo que representa una media de 9 sacos por hectárea. En 2012, año de alta producción en el ciclo bienal del café, la producción del grupo alcanzó un promedio de 13 sacos por hectárea. En el año 2013, se estimó el rendimiento promedio de 17 sacos por hectárea en zonas con manejos agroecológicos. En 2014, una encuesta de 10 productores alcanzó 24 sacos por hectárea, lo que representa el potencial
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 existente para lograr uno de los objetivos importantes del programa. Las actividades incluyen temas tales como el manejo de la regeneración natural, el enriquecimiento con nuevas especies agronómicas y forestales y el mantenimiento de sombreado. La plantación de nuevas especies se ha llevado a cabo con el apoyo del vivero de Santa Luzia ubicado en el municipio. Con la finalidad del ciclaje de los nutrientes, la fijación biológica de nitrógeno y el aumento de la materia orgánica del suelo son utilizadas entre líneas especies leguminosas para la fertilización de arboles tales como Inga (Inga edulis), o Mulungu Poró (Erythrina poeppigiana) Gliricidia (Gliricidia sepium) Paricá (Schizolobium amazonicum) Faveira-branca (Parkia multijuga) y Angelim-vermelho (Dinizia excelsa). Para el sombreado, uso de madera y productos no maderables son utilizadas especies de Jatobá (Hymenaea sp.) Itaúba (Mezilaurus synandra), Andiroba (Carapa guianensis) y una variedad de árboles frutales tropicales. El uso de compuesto orgánico hecho con la paja de café, residuo del proceso de molienda, es cada vez más presente en las propiedades después de los talleres de capacitación. También se lleva a cabo la práctica de la fertilización foliar
con biofertilizantes, ya que promueve el aumento de la fuerza y el vigor de la planta. El biofertilizante tiene bajo costo de producción, básicamente utiliza estiércol, cenizas, las leguminosas y plantas repelentes. La broca del café (Hypothenemus hampei) es una plaga que afecta a la cultura, por lo que el control se realiza con el uso de trampas en botellas de PET de dos litros desenvueltas por IAPAR y con la aplicación del hongo Beauveria bassiana, que es un enemigo natural de la plaga. El muestreo se realizó para estimar resultados en 9 áreas sin ningún control de plagas y en 18 áreas con prácticas agroecológicas. El promedio de granos que mostró la presencia de daño causado por insectos en áreas no controladas fue de 30%. Ya en aéreas con café agroforestal el promedio fue de 1,8%. El cuidado del café cosechado es esencial para conseguir una bebida con sabor y aroma agradable. El uso de terrazas en suspensión ha sido una alternativa viable para evitar la pérdida de calidad y facilitar el trabajo de cosecha. Por lo tanto, el grano cosechado es colocado directamente a la estructura suspendida, donde se seca por el calor del sol. La diferencia de calidad al final del proceso es notable y hizo posible una apreciación del precio de un saco de café seco en
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 terrazas colgadas. Además, surgen nuevas oportunidades como la creación de la marca “Café Apuí Agroforestal” en colaboración con la empresa de tostar, ubicada en la ciudad. La organización social en la forma de cooperativas y asociaciones es esencial para lograr la estabilidad en el proceso de fortalecimiento de la cadena productiva. El programa trabaja en esta dirección, abordando temas que guían a los agricultores en la búsqueda de intereses comunes. Las actividades están dirigidas a la adopción de un mecanismo de certificación participativa que trae beneficios a los productores comprometidos con la producción de calidad con prácticas sostenibles.
¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro? El programa Café Agroforestal tiene el desafío de difundir tecnologías de producción que son apropiadas para la agricultura familiar en ecosistemas amazónicos. El proceso de transición agroecológica es gradual y diferente en
cada propiedad, por lo que es importante que las experiencias sean consolidadas teniendo los resultados valorizados y divulgados a la sociedad. De este modo, el programa busca ayudar a los agricultores para que se vuelvan independientes, formadores de conocimiento y capacitados cualificados para transmitir tecnologías sostenibles, multiplicando así los beneficios en el medio que está inserido. La fuerza de un grupo en forma de cooperativa resulta ser el más adecuado para el programa para seguir avanzando en busca de mejores condiciones de vida para los agricultores, la reducción de las prácticas ambientales dañinas para el ambiente y la consolidación de la cadena productiva del café agroforestal. A través del programa de fortalecimiento de las asociaciones técnicas y científicas el programa tiene como objetivo multiplicar las experiencias en la región y apoyar la estructuración de una cooperativa que represente a los productores de café agroforestal en Apuí. Por medio del fortalecimiento de la organización social, la perspectiva es la de ofrecer un producto de mejor calidad, producido por los agricultores de la Amazonía utilizando las prácticas de gestión agroecológicas.
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¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo? Las propiedades rurales de mano de obra familiar deben ser entendidas como sistemas diversificados de producción de alimentos y el uso sostenible de los recursos naturales. Por lo tanto, el productor necesita apoyo técnico para desarrollar los agroecosistemas que conforman su entorno rural, para poder garantizar la alimentación y la soberanía económica de la familia, la mejora de sus condiciones sociales, sin degradar el medio ambiente. Por lo tanto, es esencial la participación de instituciones socias y agentes capacitados para entender los problemas locales y apoyar la transición de los sistemas de producción, mejorar los conocimientos tradicionales y encontrar de manera participativa las alternativas sostenibles adecuadas a la realidad rural. Sin embargo, también es necesario que las iniciativas sean apoyadas por fundaciones y de programas de crédito o financiamiento para la agricultura familiar con proyectos basados en la agroecología.
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Agricultura Sustentável no Oeste Paranaense: 11 anos de boas práticas
ITAIPU Binacional
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Resumo do caso Em 2003, a Itaipu Binacional revisou seu planejamento estratégico e estabeleceu uma nova missão institucional, que passou a incluir a responsabilidade socioambiental, o estímulo ao turismo e ao desenvolvimento tecnológico em sua região de influência. Esse compromisso com o desenvolvimento sustentável se traduziu no programa Cultivando Água Boa (CAB), com uma série de projetos destinados a sanar passivos ambientais e sociais e estabelecer novos meios de produção e consumo na região da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná – Parte 3 (a parte da região Oeste do Paraná e Sul do Mato Grosso do Sul conectada com o reservatório da usina por meio da rede hídrica). Essa margem brasileira do reservatório da Itaipu constitui um dos principais pólos agrícolas do Paraná e do Brasil. Por isso, além de uma série de ações voltadas à proteção de nascentes e cursos d’água, o CAB trabalha também com a promoção da sustentabilidade nas atividades agropecuárias, através do programa Desenvolvimento Rural Sustentável. A exemplo dos demais programas que compõem o CAB, a gestão é compartilhada
com as comunidades beneficiadas e com as instituições parceiras, que incluem prefeituras, órgãos das três esferas de governo, cooperativas e associações de produtores rurais, universidades e centros de referência. Na prática, o programa desenvolve ações de assistência técnica e extensão rural gratuita a agricultores familiares, promovendo a conversão de suas propriedades para a agricultura orgânica certificada ou não, além de incentivar a adoção de práticas agroecológicas aos que desejam produzir de forma sustentável. Trabalha também com a agregação de valor e renda, com a implantação de agroindústrias e a abertura de canais de comercialização.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? Como a água é a matéria-prima para a geração de energia, a Itaipu elegeu esse elemento como fundamento de suas ações socioambientais. Cuidar da água tendo em vista sua quantidade e qualidade para atender a seus usos múltiplos (não apenas a geração de energia, mas também a produção de alimentos, o turismo, o saneamento, entre outros) é o objetivo principal do Cultivando Água Boa.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Nesse contexto, o programa vem promovendo uma séria de medidas de conservação e proteção do meio ambiente nas microbacias hidrográficas dos 29 municípios que compõem a Bacia do Paraná 3, tais como a proteção de nascentes, a recuperação de matas ciliares, a readequação de estradas rurais, a instalação de abastecedouros comunitários, terraceamento e conservação de solos, entre outras medidas que visam a evitar o carreamento de resíduos de solos e agrotóxicos das lavouras para os rios. Nessa região, estão presentes cerca de 35 mil propriedades rurais que, em sua grande maioria, são de caráter familiar, possuem menos de 50 hectares e trabalham integradas a sistemas de cooperativas. Outra característica é o predomínio das lavouras de milho e soja, integradas à pecuária de leite, suinocultura e avicultura. Considerada a produção de dejetos animais e o uso intensivo de agrotóxicos, observou-se a necessidade de se trabalhar, além da solução dos passivos coletivos nas microbacias, com a adoção de técnicas de produção que viabilizem a sustentabilidade econômica, ambiental e social das propriedades rurais, objetivo principal do programa Desenvolvimento Rural Sustentável.
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Quem se beneficia deste programa e de que forma? O público atendido pelo programa é composto de agricultores familiares, assentados da reforma agrária e do crédito fundiário, vileiros, quilombolas, indígenas e apicultores, assim como suas associações e cooperativas. Eles são beneficiados por ações que incluem a assistência técnica gratuita para a adoção de técnicas agroecológicas, a capacitação para a comercialização dos produtos e para a organização na forma de cooperativas ou associações, e apoio para a agregação de valor e geração de renda por meio de agroindústrias. O programa estimula ainda as atividades ligadas ao turismo rural, como alternativa extra para a geração de emprego e renda.
Como funciona o programa? O programa promove a difusão do sistema de produção agroecológica através de uma rede de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) voltada para a produção orgânica e em conversão. O acesso à rede é gratuito para todos os agricultores familiares da região. A rede baseia-se na difusão de práticas sustentáveis de produção, focada em arranjos produtivos
locais. Essa difusão é viabilizada através de contratos e convênios formais entre as organizações patrocinadoras (Itaipu e Prefeituras Municipais) com as organizações executoras e parceiras (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor – CAPA, Cooperativa de Trabalho e Assistência Técnica do Paraná – Biolabore e Emater) atendendo a todas as associações a cooperativas de agricultores parceiras do projeto. O programa também atua no apoio à pesquisa, desenvolvimento e ensino da agricultura familiar e orgânica, atendendo às demandas da região. Essa linha de atuação é viabilizada através de convênios com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) para a capacitação de professores, pesquisadores e alunos, e através da participação na Rede Paranaense de Pesquisa em Agroecologia. A iniciativa também apoia a inovação tecnológica, como o uso da homeopatia na agropecuária, cursos, seminários e publicações. Outra linha de atuação é o fortalecimento do processo de certificação e comercialização de produtos orgânicos e da agricultura familiar, que se dá através do associativismo e do cooperativismo. É realizado através do apoio à criação de uma marca regional (Vida Orgânica),
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 que é administrada pela Cooperativa Agroecológica e da Agricultura Familiar (Cooperfam) e do apoio à participação das cooperativas em eventos nacionais e internacionais para capacitação técnica e divulgação de produtos. O programa Desenvolvimento Rural Sustentável também promove a divulgação dos benefícios da produção orgânica à população, buscando a criação de vínculos sociais, ambientais e comerciais diretos, do meio rural com o urbano. Isso se dá através da realização de palestras em escolas e a promoção e participação de eventos com estandes, materiais promocionais e venda de produtos orgânicos da agricultura familiar. A promoção da agricultura sustentável leva em conta aspectos técnicos e econômicos para o desenvolvimento e perpetuação da agricultura familiar. Por isso, o programa incentiva a diversificação da produção, e a melhoria da gestão das propriedades. Esse trabalho é realizado periodicamente pela ATER por ocasião das visitas às propriedades rurais em intervalo de 15 a 90 dias, conforme o tipo de atividade produtiva. O projeto possui, ainda, um Comitê Gestor atuante, que se reúne a cada 60
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 dias. O comitê é composto por organizações representativas dos setores da sociedade civil, dos agricultores e dos governos, e permite a participação ativa dos seus pares. Nas reuniões, são construídas as diretrizes e ações, garantindo legitimidade aos resultados alcançados. Dos 188 beneficiários do início do programa, a iniciativa hoje atende a 1.406 famílias, sendo 854 de caráter familiar, 137 famílias de assentados da reforma agrária e crédito fundiário, 209 famílias de indígenas e 206 apicultores. Somente no ano de 2013, por exemplo, foram realizados cerca de 3 mil atendimentos individuais às propriedades rurais, além de 256 atividades coletivas com mais de 4 mil participantes. Houve também uma ampliação da área de atuação. Inicialmente eram 13 municípios, passando para os atuais 25. A rede de ATER conta, atualmente, com 27 técnicos envolvidos. Outros resultados: 23 Feiras Vida Orgânica com 53.000 participantes; 59 Instituições envolvidas (ATER, ensino, pesquisa, ONGs, fundações, associações de produtores, prefeituras); 10 agroindústrias orgânicas construídas ou ampliadas; assessoria a 22 associações e sete cooperativas de produtores orgânicos e/ou da agricultura familiar; 14 feiras
semanais e 13 pontos fixos de venda de produtos da agricultura familiar.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo? Um dos principais aprendizados na estruturação de um programa complexo com dimensão regional é que se deve ter um planejamento contínuo das atividades e ações, com revisão periódica e monitoramento garantindo a participação dos segmentos envolvidos. Quanto ao público alvo, observouse que desde o início do projeto houve uma evolução significativa na qualidade, quantidade e variedade dos seus produtos, assim como nas suas organizações. Estas têm buscado, além da colocação dos seus produtos no mercado institucional, o investimento e ampliação de suas agroindústrias e seus pontos de venda no varejo. Entre os desafios enfrentados, está aumentar a produção e o consumo de alimentos orgânicos; ampliar a rede de ATER; desenvolver as atuais cadeias produtivas;
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 fortalecer as associações e cooperativas; apoiar a pesquisa, desenvolvimento e ensino de Agroecologia; e aferir resultados socioeconômicos através de indicadores. O que contribuiu para o sucesso da prática foi a adaptação e elaboração de metodologias participativas para o desenvolvimento da ATER, das ações de agroindustrialização e comercialização e da integração destas. Nesse processo, foi fundamental a existência de um Comitê Gestor ativo com a participação dos envolvidos no projeto. O apoio institucional da Itaipu através do programa Cultivando Água Boa foi fundamental para viabilizar o projeto ao longo de seus 11 anos de existência, proporcionando suporte metodológico, técnico e financeiro.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo?
do processo, representantes de grupos de consumidores de produtos agroecológicos. Primordialmente, trata-se de compartilhar ideias e conceitos, mobilizando corações e mentes dos atores envolvidos. A utilização de metodologias de construção coletiva deve ser amplamente adotada, para que todos se sintam protagonistas nessa busca pela sustentabilidade. Efetivamente, é uma construção democrática e participativa, em que cada um dos envolvidos precisa compreender que, somente através de seu engajamento pleno será possível mitigar os impactos aos meios ambiental e social, modificando e fazendo modificar formas de ser, pensar, sentir, produzir e consumir.
A articulação de uma rede de parcerias envolvendo agricultores, técnicos, pesquisadores, e profissionais de áreas diversas, tanto de instituições públicas quanto privadas, é imprescindível para dar sustentação a qualquer programa dessa natureza, agregando-se também, ao longo
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Case summary In 2003 the Binational Itaipu revised its strategic plan and established a new institutional mission, which now includes environmental responsibility to tourism and technology development in its area of influence. This commitment to sustainable development has resulted in the Cultivating Good Water (CGW) program, with a series of projects designed to solve environmental and social liabilities and establish new production and consumption means within the Paraná River Basin area – Part 3 (the part of the western region of Paraná and South of Mato Grosso do Sul connected to the reservoir of the power plant through the hydrographic network).
institutions, which include city halls, agencies of the three spheres of government, cooperatives and farmers associations, universities and referral centers. In practice, the program develops programs of technical assistance and free rural extension to family farmers, promoting the conversion of their properties into organic agriculture certified or not, and encouraging the adoption of agro-ecological practices to those who wish to produce sustainably. The program also works with value addition and income, through the establishment of agro-industries and opening up marketing channels.
Why was the sustainability program created?
This Brazilian bank of the reservoir of Itaipu is one of the main agricultural centers of Paraná and Brazil. Therefore, in addition to a series of actions aimed at the protection of water springs and courses, the CGW also works with the promotion of sustainability in agricultural activities through the Sustainable Rural Development program.
Since water is the raw material used for the generation of energy, Itaipu chose this element as the basis of their socioenvironmental initiatives. Taking care of the water, given its quantity and quality, to serve its multiple uses (not just power generation, but also food production, tourism, sanitation, etc.) is the main goal of the Cultivating Good Water program.
Like the other programs that make up the CGW, management is shared with the beneficiary communities and partner
In this context, the program has been promoting a series of conservation and environmental protection measures in the
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 watersheds of the 29 municipalities that make up the Paraná Basin 3, such as the protection of water springs, the recovery of riparian areas, the upgrading of rural roads, the installation of community water supplies, terracing and soil conservation, among other measures designed to prevent the carrying of pesticide residues in soils and crops into the rivers. In this region, are present about 35 thousand rural properties that, mostly, have common characteristics: are made up of less than 50 acres and work in the cooperative system. Another feature is the prevalence of corn and soybean farming; integrated to dairy, pig and poultry farming. Considering the production of animal manure and the intensive use of pesticides, we observed the need to work beyond the solution of taking care of watersheds, by adopting production techniques that make possible the economic, environmental and social sustainability of rural properties; which is the main goal of the Sustainable Rural Development program.
Who benefits from this program, and how? The public served by the program is composed of family farmers, agrarian reform
and land credit settlers, small town residents, quilombolas (Negro slave who took refuge in a quilombo during the colonization period) and indigenous and beekeepers, as well as their associations and cooperatives. They benefit from actions that include free technical assistance for the adoption of agro-ecological techniques, training for the marketing of products and for the organization in the form of cooperatives or associations, and support to increase value and generate income through agribusinesses. The program also encourages activities related to rural tourism, as a different alternative for the generation of employment and income.
How does the program work? The program promotes knowledge of agro-ecological production systems through a network of Technical Assistance and Rural Extension (ATER) on organic production and conversion. The access to the network is free to all farmers in the region. The network is based on the diffusion of sustainable production practices focused on local clusters. This diffusion is made possible through contracts and formal agreements between the sponsoring organizations (Itaipu and Municipal Governments) and implementing organizations and partners (Centre for Support of Small Farmers -
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 CAPA, Cooperative Work and Technical Assistance of Paraná - Biolabore and Emater), serving all the associations and cooperatives of farmers partners of the project. The program also operates in support of research, development and teaching of organic and family agriculture, meeting the demands of the region. This line of work is made possible through agreements with the State University of West Paraná (Unioeste) for the training of teachers, researchers and students, and through participation in the Research in the Agro-ecology Network of Paraná. The initiative also supports technological innovation, such as the use of homeopathy in agriculture, courses, seminars and publications. Another line of work is the strengthening of the process of certification and marketing of organic and family agriculture, which occurs through associations and cooperatives. It is done by supporting the creation of a regional brand (Vida Orgânica), which is administered by the Agro-ecological Cooperative and Family Agriculture (Cooperfam) and by supporting the participation of cooperatives in national and international events for technical training and dissemination of products.
The Sustainable Rural Development program also promotes the broadcasting of the benefits of the production of organic foods to the population, seeking to create social, environmental and direct commercial linkages, from the rural to the urban area. This is achieved by conducting lectures in schools and by promoting and sharing events with booths, promotional materials and sales of organic produce from family farms. Promoting sustainable agriculture takes into account technical and economic aspects for the development and perpetuation of family farming. Therefore, the program encourages the diversification of production, and improvement of management of the properties. This work is conducted periodically by the ATER during visits to farms in intervals between 15 and 90 days, depending on the type of productive activity. The project also has an active Steering Committee, which meets every 60 days. The committee is composed of organizations representing civil society sectors, farmers and governments; and allows the active participation of their peers. In the meetings are constructed guidelines and actions, ensuring legitimacy to the results achieved.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Of the 188 beneficiaries of the program’s inception, the initiative now serves 1,406 families, with 854 of familiar character, 137 families settled under the agrarian reform and land credit, 209 indigenous families and 206 beekeepers. Only in 2013, for example, were assisted about 3000 individual rural properties, as well as 256 collective activities with more than 4000 participants. There was also an expansion of the area of operation. Initially, 13 municipalities were turning into the current 25. The ATER network currently has 27 technicians involved. Other results: 23 Organic Life openair markets with 53,000 participants; 59 Associated Institutions (ATER, teaching, research, NGOs, foundations, associations of producers, city halls); 10 built or expanded organic agribusinesses; advisement to 22 associations and seven cooperatives of organic farmers and/or agricultural family; 14 weekly open-air markets and 13 fixed points of sale of the family farm products.
What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? One of the key learnings in structuring a complex program with regional dimension is that one should have ongoing planning activities and actions, with periodic review and monitoring ensuring the participation of the segments involved. As for the audience, it was observed that from the beginning of the project there was a significant improvement in the quality, quantity and variety of its products, as well as their organizations. They have sought, in addition to the placement of their products in the institutional market, the investment and expansion of their agricultural industries and their points of sale in retail. Among the challenges, is to increase production and consumption of organic food; expand the ATER network; develop the existing production chains; strengthen associations and cooperatives; support research, development and teaching of Agro-ecology; and measure results through socioeconomic indicators.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 What contributed to the success of the practice was the adaptation and development of participatory methodologies for the development of ATER, industrialization and commercialization actions and integration of these. In this process, it was essential to have a Management Committee with the active participation of those involved in the project. The institutional support from Itaipu through the Cultivating Good Water program was essential to make the project feasible throughout its 11 years of existence, providing methodological, technical and financial support.
of those involved. The use of methodologies of collective construction should be widely adopted, so that everyone feels themselves as protagonists in this quest for sustainability. Effectively, it is a democratic and participatory construction, in which each party must understand that only through their full engagement, will it be possible to mitigate the impacts to environmental and social media, modifying and changing ways of being, thinking, feeling, producing and consuming.
How could other agriculturerelated agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? The articulation of a network of partnerships involving farmers, technicians, researchers, and professionals in various fields, both in public and private institutions, is essential to provide support to any program of this nature, also including, throughout the process, representatives of consumer groups of agro-ecologic products. Primarily, it’s about sharing ideas and concepts, mobilizing the hearts and minds
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Resumen del caso En 2003, la Itaipu Binacional revisó su plan estratégico y estableció una nueva misión institucional, que incluye la responsabilidad socioambiental, estimulando el turismo y el desarrollo tecnológico en su región de influencia. Este compromiso con el desarrollo sostenible se ha traducido en el programa Cultivando Agua Buena (CAB), con una serie de proyectos destinados a sanar los pasivos ambientales y sociales y establecer nuevas formas de producción y consumo en la región de la Cuenca Hidrográfica del Río Paraná - Parte 3 (la porción de la región Oeste de Paraná y sur de Mato Grosso do Sul, conectada con el reservorio de la planta a través de la red hídrica). Esta margen brasileña del reservorio de Itaipu es uno de los principales centros agrícolas de Paraná y de Brasil. Por lo tanto, además de una serie de acciones volcadas a la protección de manantiales y cursos de agua, el CAB también trabaja con la promoción de la sostenibilidad en las actividades agropecuarias, a través del programa Desarrollo Rural Sostenible. Al igual que los otros programas que conforman el CAB, la gestión es compartida
con las comunidades beneficiarias y las instituciones asociadas, que incluyen las municipalidades, los organismos de las tres esferas de gobierno, las cooperativas y asociaciones de productores rurales, universidades y centros de referencia. En la práctica, el programa desarrolla acciones de asistencia técnica y extensión rural gratuita para los agricultores familiares, promoviendo la conversión de sus propiedades para la agricultura orgánica certificada o no, además de fomentar la adopción de prácticas agroecológicas a los que deseen producir de manera sostenible. También trabaja con la adición de valor e ingresos, con el establecimiento de agroindustrias y la apertura de canales de comercialización.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? Dado que el agua es la materia prima para la generación de energía, Itaipu eligió este elemento como la base de sus iniciativas socioambientales. Cuidar del agua, dada su cantidad y calidad para satisfacer sus múltiples usos (no sólo la generación de energía, sino también la producción de alimentos, el turismo, los servicios sanitarios, entre otros) es el principal objetivo del Cultivando Agua Buena.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 En este contexto, el programa ha promovido una serie de medidas de conservación y protección del medio ambiente en las microcuencas hidrográficas de los 29 municipios que conforman la Cuenca del Paraná 3, tales como la protección de los manantiales, la recuperación de los bosques ciliares, la mejora de las carreteras rurales, instalación de abastecimientos comunitarios de agua, construcción de terrazas y la conservación del suelo, entre otras medidas destinadas a evitar la aportación de residuos de suelos y plaguicidas de los cultivos a los ríos. En esta región, están presentes aproximadamente 35 mil propiedades rurales que, en su mayoría, son de carácter familiar, poseen menos de 50 hectáreas y trabajan integradas a sistemas de cooperativas. Otra característica es la prevalencia de los cultivos de maíz y soja, integradas a la ganadería lechera, porcinocultura y avicultura. Considerada la producción de estiércol animal y el uso intensivo de pesticidas, hubo la necesidad de trabajar más allá de la solución de los pasivos colectivos en las microcuencas, mediante la adopción de técnicas de producción que hagan posible la sostenibilidad económica, ambiental y social de las propiedades rurales, objetivo del programa Desarrollo Rural Sostenible.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? El público atendido por el programa se compone de agricultores familiares, colonos de la reforma agraria y del crédito de la tierra, los residentes de villas, cimarrones e indígenas y los apicultores, así como sus asociaciones y cooperativas. Ellos se benefician de acciones que incluyen la asistencia técnica gratuita para la adopción de técnicas agroecológicas, la capacitación para la comercialización de los productos y para la organización en forma de cooperativas o asociaciones, y el apoyo a la agregación de valor y la generación de ingresos a través de agroindustrias. El programa también alienta a las actividades relacionadas con el turismo rural como una alternativa adicional para la generación de empleo e ingresos.
¿Cómo funciona el programa? El programa promueve la difusión del sistema de producción agroecológica a través de una red de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asistencia Técnica y Extensión Rural - ATER), con enfoque en la producción orgánica y conversión. El acceso a la red es gratuito para todos los agricultores familiares de la región. La red se basa en la difusión de prácticas de producción sostenibles, y
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 se centra en las agrupaciones productivas locales. Esta difusión se hace posible a través de contratos y convenios formales entre las organizaciones patrocinadoras (Itaipu y municipalidades) con las organizaciones ejecutoras y asociadas (Centro de Apoyo al Pequeño Agricultor - CAPA, Cooperativa de Trabajo y Asistencia Técnica de Paraná Biolabore y Emater) que atienden a todas las asociaciones y cooperativas de agricultores asociadas del proyecto. El programa también actúa en apoyo de la investigación, el desarrollo y la enseñanza de la agricultura orgánica y familiar lo que satisface las demandas de la región. Esta línea de trabajo es posible gracias a los convenios con la Universidad del Estado del Oeste de Paraná (Unioeste) para la formación de profesores, investigadores y estudiantes, y mediante la participación en la Red Paranaense de Investigación en Agroecología. La iniciativa también apoya la innovación tecnológica, tal como el uso de la homeopatía en la agropecuaria, cursos, seminarios y publicaciones. Otra línea de trabajo es el fortalecimiento del proceso de certificación y comercialización de productos orgánicos y de la agricultura familiar, que se produce a través del asociacionismo y cooperativismo. Se lleva a cabo mediante el apoyo a la creación de
una marca regional (Vida Orgánica), que es administrada por la Cooperativa Agroecológica y de la Agricultura Familiar (Cooperfam) y del apoyo a la participación de las cooperativas en eventos nacionales e internacionales para la capacitación técnica y la difusión de productos. El programa Desarrollo Rural Sostenible también promueve la difusión de los beneficios de la producción orgánica a la población, buscando crear vínculos sociales, ambientales y comerciales directos, de las zonas rurales con las urbanas. Esto se logra mediante la realización de conferencias en las escuelas y la promoción y participación de eventos con stands, material de promoción y venta de productos orgánicos de la agricultura familiar. La promoción de la agricultura sostenible toma en cuenta aspectos técnicos y económicos para el desarrollo y perpetuación de la agricultura familiar. Por lo tanto, el programa fomenta la diversificación de la producción, y mejora de la gestión de las propiedades. Este trabajo se lleva a cabo periódicamente por la ATER durante las visitas a las propiedades rurales a intervalos de 15 a 90 días, dependiendo del tipo de actividad productiva.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 El proyecto también cuenta con un Comité Gestor actuante, que se reúne cada 60 días. El comité está integrado por organizaciones representativas de los sectores de la sociedad civil, los agricultores y los gobiernos, y permite la participación activa de sus pares. En las reuniones, se construyen directrices y acciones, que garantizan la legitimidad de los resultados obtenidos. De 188 beneficiarios al inicio del programa, la iniciativa ahora sirve 1.406 familias, con 854 de carácter familiar, 137 familias de asentados en la reforma agraria y crédito agrario, 209 familias indígenas y 206 apicultores. Sólo en 2013, por ejemplo, alrededor de 3 mil atenciones individuales a las propiedades rurales fueron realizadas, además de 256 actividades colectivas con más de 4 mil participantes. También hubo una expansión del área de operación. Inicialmente eran 13 municipios, aumentando a los actuales 25. La red de ATER actualmente cuenta con 27 técnicos involucrados. Otros resultados: 23 Ferias Vida Orgánica con 53.000 participantes; 59 Instituciones involucradas (ATER, enseñanza, investigación, ONGs - organizaciones no gubernamentales, fundaciones, asociaciones de productores, municipalidades); 10 agroindustrias orgánicas
construidas o ampliadas; asesoramiento a 22 asociaciones y siete cooperativas de productores orgánicos y/o de la agricultura familiar; 14 ferias semanales y 13 puntos fijos de venta de productos de la agricultura familiar.
¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro? Una de las enseñanzas más importantes en la estructuración de un programa complejo con dimensión regional es que se debe tener una planificación continua de las actividades y acciones, con revisión periódica y monitoreo para asegurar la participación de los sectores involucrados. En cuanto al público objetivo, se observó que desde el principio del proyecto hubo una evolución significativa en la calidad, cantidad y variedad de sus productos, así como en sus organizaciones. Estos han tratado, además de la colocación de sus productos en el mercado institucional, de la inversión y la expansión de sus agroindustrias y de sus puntos de venta en el comercio minorista.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Entre los retos que se enfrentan uno de ellos es aumentar la producción y el consumo de los alimentos orgánicos; ampliar la red de ATER; desarrollar las cadenas de producción existentes; fortalecer las asociaciones y cooperativas; apoyar la investigación, el desarrollo y la enseñanza de la Agroecología; y medir resultados socioeconómicos a través de indicadores. Lo que contribuyó al éxito de la práctica fue la adaptación y el desarrollo de metodologías participativas para el desarrollo de la ATER, las acciones de agroindustrialización y comercialización y de la integración de éstas. En este proceso, fue esencial contar con un Comité Gestor activo con la participación de los involucrados en el proyecto. El apoyo institucional de Itaipu a través del programa Cultivando Agua Buena fue esencial para facilitar el proyecto a lo largo de sus 11 años de existencia, con la prestación de apoyo metodológico, técnico y financiero.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo? La articulación de una red de asociaciones que impliquen a los agricultores, técnicos, investigadores y profesionales en diferentes campos, tanto de instituciones públicas como privadas, es esencial para dar sustentación a cualquier programa de esta naturaleza, también con la agregación, en todo el proceso, de representantes de grupos de consumidores de productos agroecológicos. Primordialmente, se trata de compartir ideas y conceptos, con la movilización de corazones y mentes de las personas involucradas. El uso de metodologías de construcción colectiva debe ser ampliamente adoptado, para que todos se sientan protagonistas en esta búsqueda de la sostenibilidad. Efectivamente, se trata de una construcción democrática y participativa, en la que cada parte debe comprender que sólo a través de su plena participación será posible para mitigar los impactos en los medios ambiental y social, modificando y haciendo cambiar las formas de ser, pensar, sentir, producir y consumir.
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Carne Suína Autossustentável Self-sustainable Pork Meat Porcinocultura Auto-sostenible
Nutribras Alimentos
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Resumo do caso O Programa Carne Suína Autossustentável, do frigorífico Nutribras, está baseado no tripé econômico, social e ambiental, garantindo uma produção sustentável, levando até o consumidor uma carne saudável, nutritiva e saborosa. A Nutribras Alimentos é uma empresa do agronegócio voltada ao ramo alimentício, que atua em todas as etapas de produção, transformando proteína vegetal em proteína animal. Com o ideal de construir uma suinocultura autossustentável, os investimentos e as tecnologias aplicadas tornaram o grupo referência para o Brasil. Com a utilização de biodigestores, as propriedades do grupo se transformaram em uma grande agroindústria, numa combinação adequada de recursos naturais onde o ciclo de produção se completa. O biogás é transformado em energia elétrica e o biofertilizante potencializa a produção de milho e soja no campo, que são transformados em ração para abastecer 12 mil matrizes de ciclo completo de produção. Com capacidade instalada para abater 1.500 suínos/dia, projetado e parcialmente instalado para abater até
3.000 suínos/dia, o Frigorífico Nutribras é abastecido atualmente por 80% de suínos de granjas próprias, levando ao mercado um produto diferenciado e inovador com responsabilidade sócio-ambiental.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? O Programa foi criado para gerenciar os resíduos originados no processo agroindustrial e reduzir o impacto ambiental causado pela atividade suinícola. No ano de 2001 foi iniciado o primeiro teste com a instalação de um pequeno biodigestor com o objetivo de avaliar a tecnologia, aprender sobre o equipamento e o manejo de seus subprodutos, o biogás e o biofertilizante. Já em 2005 foi implantado o projeto de biodigestores, em parceria com uma empresa especializada, em 100% das instalações, como mecanismo de tratamento de efluentes em toda a cadeia produtiva. A utilização dos subprodutos gerados do biodigestor, preservando assim, os recursos naturais e aproveitando economicamente o biogás como fonte de combustível e o biofertilizante como adubo orgânico são atividades proporcionadas pelo Programa. Tais ações foram imprescindíveis para sustentar economicamente um complexo
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 conjunto de atividades. Além disso, os biodigestores proporcionaram um ambiente de trabalho mais saudável, melhorando o alicerce social, sanitário e ambiental.
Quem se beneficia deste programa e de que forma? São beneficiados todos os elos da cadeia produtiva, o meio ambiente, os animais, as pessoas e a empresa. Através da implantação dos biodigestores promovese a conservação do solo e da água, devido ao tratamento de agentes contaminantes, como também do ar, através da captura e destruição dos Gases de Efeito Estufa (GEE). Além disso, oferece um ambiente mais saudável tanto para as pessoas envolvidas, quanto para os animais, pois reduz odores e proliferação de insetos. Do mesmo modo, cria-se um ambiente economicamente viável, proporcionando diferencial competitivo para a empresa uma vez que há redução de custos de produção através do aproveitamento do combustível gerado, transformando-o em fonte de energia limpa e renovável, além do benefício do fertilizante orgânico gerado para melhorar os índices de produtividade do milho e da soja, fontes de alimento para os animais.
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Como funciona o programa? O Programa funciona durante todos os dias do ano e consiste em cumprir uma agenda de atividades relacionadas ao aproveitamento dos subprodutos gerados do biodigestor, transformando-os em benefícios para a propriedade rural. Utiliza atualmente 14 biodigestores, totalizando 100% de dejetos tratados. Compreende ainda, a geração de cerca de 20.000 metros cúbicos de biogás diários, o que seria suficiente para atender em 100% da demanda de energia das unidades produtoras da Nutribras Alimentos. Com o aproveitamento do biogás, são gerados aproximadamente 750 kWh, contribuindo significativamente para a redução das despesas com eletricidade, além de promover a fertirrigação através da utilização deste combustível renovável. Atualmente, são fertirrigados aproximadamente 1.000 hectares nas culturas de soja e milho, como também, pastagens, através da utilização de equipamentos de pivô central e autopropelido. Todo grão produzido na fazenda é transformado em alimento para a suinocultura. Uma parte da energia necessária para a transformação do grão em ração para os animais vem do biogás gerado e armazenado nos biodigestores.
A água resultante da atividade suinícola e os dejetos são encaminhados para os biodigestores por gravidade. O processo de digestão anaeróbico realizado dentro do biodigestor elimina os fatores contaminantes do efluente, transformando-o em biofertilizante com ótimas concentrações nutricionais. Ainda no processo de biodigestão surge o biogás, composto principalmente por metano, que é utilizado como fonte de combustível renovável. Após o tratamento anaeróbio ocorrido dentro do biodigestor, o efluente é encaminhado para um conjunto de lagoas, onde fica armazenado aguardando o momento de sua utilização. O biogás também é utilizado para bombear o biofertilizante das lagoas de armazenagem, e o volume excedente é destruído através de sistemas eficientes de queima, reduzindo significativamente a emissão de gases nocivos para atmosfera, diminuindo assim o impacto ambiental causado pelos gases de efeito estufa. Por fim, o ciclo produtivo dentro do Programa é concluído, pois a água, o fertilizante e o combustível obtidos através do tratamento de biodigestão fomentam a instalação da cultura agrícola seguinte e esta, por sua vez, transformar-se-á em grãos para a produção de ração dos animais da granja no ano seguinte.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 O Programa proporciona o gerenciamento e o melhor aproveitamento de toda a matériaprima produzida dentro da propriedade rural, tornando-a sustentável. Além disso, oferece benefícios para a agricultura e pecuária, uma vez que reduz os impactos ambientais oriundos da suinocultura e reduz gradativamente a utilização de adubação química do solo, proporcionando ganhos de fertilidade.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo? O principal desafio para a implantação do Programa Carne Suína Autossustentável foi o alto investimento para viabilizar o negócio. Outros fatores importantes e complementares foram tecnologia e qualificação da mão-deobra, pois não havia conhecimento para uso dos biodigestores, uma vez que a tecnologia era pouco conhecida e não havia pessoas com experiência no segmento. Atualmente para manter o programa em operação é necessário um complexo conjunto de equipamentos, infraestrutura e conhecimento voltados para a busca de melhorias e soluções contínuas com o
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 objetivo de minimizar os impactos ambientais gerados pela atividade, bem como, o aproveitamento adequado do biogás para a geração de eletricidade e do biofertilizante como fonte de adubo. Como perspectiva para o futuro buscase constantemente: aprimoramento tecnológico, melhoria nas adequações para o gerenciamento dos resíduos gerados, adequações nas infraestruturas necessárias, além de aproveitar ao máximo os subprodutos oriundos dos biodigestores, como o biogás através da geração de fonte limpa e renovável de eletricidade para uso e consumo na cadeia produtiva, e o aproveitamento do biofertilizante como fonte de nutrição para as plantas, agregando assim produtividade em todo o processo agroindustrial.
Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho? As propriedades rurais de atividade suinícola possuem alto potencial para transformar suas rotinas agropecuárias em um processo autossustentável, agregando valor e estimulando iniciativas que beneficiem
sua própria economia, a comunidade local e o meio ambiente. Uma das formas é através da implantação de biodigestores em conjunto com um sistema de gestão dos subprodutos originados do processo agroindustrial. Ou seja, transformar o biogás em energia renovável que possa ser utilizado na propriedade, bem como, a utilização do biofertilizante para a produção agrícola. Os novos modelos de gestão da agricultura estão baseados no planejamento e em projetos. Nesse sentido, vale ressaltar a importância de descrição detalhada do processo da cadeia produtiva, analisando não somente o que será produzido, como e para quem, mas também, quais os impactos ambientais gerados. No caso específico da suinocultura, ao implantar um projeto, o produtor rural deve buscar alternativas de transformação e aproveitamento dos resíduos gerados pela propriedade rural. Programas de Sustentabilidade como o aqui descrito, promovem o envolvimento das pessoas e da empresa, criando novas oportunidades de negócios, ampliando suas responsabilidades e compromisso com o meio ambiente, através da redução dos impactos ambientais e otimização dos recursos naturais e ainda, maximizando resultados produtivos e econômicos no agronegócio.
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Case summary The Nutribras Self-sustainable Pork Meat Program is based on the economic, social and environmental tripod, ensuring sustainable production, leading healthy, nutritious and tasty meat to the consumers. Nutribras Foods is an agribusiness company dedicated to the food industry, which operates in all stages of production, turning plant protein into animal protein. With the ideal of building self-sustainable pig farming, investments and applied technologies have made the group a national reference. By using biodigesters, the group’s properties have turned into a major agricultural industry; combining natural resources and completing the production cycle. The biogas is converted into electricity and the biofertilizer enhances the production of corn and soybeans, which are processed into feed, supplying 12 thousand full cycle breeders. With an installed capacity to process 1,500 pigs per day, designed and partially installed to cull up to 3 thousand pigs per day, Nutribras processing plant is currently supplied in 80% by its own pig farms, bringing to the market differentiated and innovative product with social and environmental responsibility.
Why was the sustainability program created? The Program was created to manage the waste generated in the agro processes and to reduce the environmental impact caused by the pig farming activities. In 2001, the installation of a small digester was tested in order to evaluate the technology, learn about the equipment and the handling of byproducts, biogas and biofertilizer. In 2005 the biodigesters project was implemented, in partnership with a specialized company, on 100% of the facilities, as an effluent treatment mechanism throughout the whole production chain. The Program then provided the use of by-products generated from the digester, thus preserving the natural resources and economically leveraging the biogas as a fuel source and the biofertilizer as an organic fertilizer. Such actions were essential to economically sustain a complex set of activities. In addition, digesters provided a healthier work environment, improving the social, health and environmental foundations. This Program benefits all links of the production chain, the environment, the animals, the people and the company. Through the implementation of biodigesters, the conservation of soil and water is made due to treatment of contaminating agents,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 as well as of the air, by capturing and destructing the Greenhouse Gases (GHGs). Additionally, the Program provides a healthier environment for both the people involved and for the animals because it reduces odors and proliferation of insects. Likewise, it creates an economically viable environment, providing competitive advantage for the company, since there is a reduction of production costs by harnessing the generated fuel, transforming it into a source of clean, renewable energy and still benefits from the generated organic fertilizer to improve the productivity indexes of corn and soybeans, which are food source for the animals.
Who benefits of this program and how? The Sustainability Program benefits all links of the production chain, the environment, the animals, the people and the company. Through the implementation of biodigesters, the conservation of soil and water is made due to treatment of contaminating agents, as well as of the air, by capturing and destructing the Greenhouse Gases (GHGs). Additionally, it provides a healthier environment for both the people involved and for the animals
because it reduces odors and proliferation of insects. Likewise, it creates an economically viable environment, providing competitive advantage for the company, since there is a reduction of production costs by harnessing the generated fuel, transforming it into a source of clean, renewable energy and still benefits from the generated organic fertilizer to improve the productivity indexes of corn and soybeans, which are food source for the animals.
How does the program work? The Program is run throughout the year and in order to comply with a schedule of activities related to the utilization of byproducts generated from the digester, turning them into resources for rural property. The project currently consists of 14 digesters, totaling 100% of treated waste. Also includes the generation of about 20,000 cubic meters of biogas daily, which would be sufficient to meet 100% of the energy demanded by the mills in Nutribras Foods. With the use of biogas is generated approximately 750 kwa / h, significantly contributing to the reduction of expenditure on electricity, and promote fertirrigation through the use of this renewable fuel. Currently, not only approximately 1,000 acres is fertirrigated in soybean and corn cultures, but also pasture,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 through the use of central pivot and selfpropelled equipment. All the grains produced on the farm become food for pig. A part of the energy needed to transform the grain in animal feed comes from biogas generated and stored in the digesters. The water resulting from swine production and manure digesters is routed by gravity. The process of anaerobic digestion performed within the digester eliminates the contaminants from the effluent, transforming it into bio-fertilizer with great nutritional concentration. Still in the process of biodigestion is where the biogas is generated, consisting primarily of methane, which is used as a source of renewable fuel. After the anaerobic treatment within the digester, the effluent is routed to a series of ponds where it is stored waiting the moment of use. Biogas is also used to pump the biofertilizer from the storage ponds and the excess volume is destroyed through efficient firing systems, significantly reducing the emission of harmful gases into the atmosphere, decreasing the environmental impact caused by greenhouse gases. Finally, the production cycle within the project is completed, because the water, fertilizer and fuel obtained through the biodigesting treatment of the digesters promote the installation of the following crop
and this, in turn, will become grain for the production of animal feed on the farm next year. The Self-sustainable Pork Meat Program provides management and better use of all raw materials produced within the farm, making it sustainable. Additionally, it provides benefits to agriculture and livestock, since it reduces the environmental impacts arising from swine and gradually reduces the use of chemical fertilizer in the soil, improving its fertility.
What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? The main challenge for the Program implementation was the high investment needed to enable the business. Other important factors and complementary were technology and supply of skilled labor, as there were no knowledge for the use of biodigesters, since the technology was not well known and there were not enough experienced people in the segment. Currently, a complex set of equipment, infrastructure and knowledge based on
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 the pursuit of continuous improvement and solutions is needed in order to minimize the environmental impacts generated by the activity, as well as the adequate use of biogas to generate electricity and biofertilizer as a source of fertilizer. As a perspective for the future, constantly seeks to technological improvement, improvement in adjustments to the management of generated waste, adjustments in infrastructure, and make the most of the by-products originated from the biodigesters, as the biogas to generate clean power and renewable electricity, and bio-fertilizer as a source of nutrition for plants, adding productivity throughout the whole agroindustrial process.
How could other agriculture-related agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? The pig farms have high potential to transform their agricultural routines in a self-sustaining process, adding value and encouraging initiatives that benefit the economy itself, the local community and the environment.
One way is through biodigesters deployment in conjunction with a management system of agro-industrial by-products. That is, turn the biogas in renewable energy that can be used on the property, as well as the use of bio-fertilizers for agricultural production. The new models of agricultural management are based on project planning. In this sense, it is worth mentioning the importance of detailed description of the supply chain process, analyzing not only what is produced, how and to whom, but also which environmental impacts. In the specific case of swine, to develop a project, the farmer must seek alternative processing and recovery of waste generated by the farm. Sustainability programs, like this, promote the involvement of people and the company, creating new business opportunities, expanding its responsibilities and commitment to the environment by reducing the environmental impacts and through the optimization of natural resources, maximizing performance and economic results in agribusiness.
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Resumen del caso El Programa Carne de Cerdo AutoSostenible está basado en los aspectos económico, social y ambiental, lo que garantiza una producción sostenible con una carne sana, nutritiva y rica a los consumidores. Nutribras Alimentos es una corporación agroindustrial direccionada al sector de alimentos, que actúa en todas las etapas de producción, convirtiendo proteína vegetal en proteína animal. Con la misión de mantener una porcinocultura auto-sostenible, las inversiones y las tecnologías empleadas convirtieron el Grupo Lucion en un ejemplo para otras empresas agroindustriales en Brasil. Por medio del uso de biodigestores, las propiedades del Grupo son una grande agroindustria, que hace una combinación perfecta de los recursos naturales con el ciclo de producción completo. El biogás genera energía eléctrica y el biofertilizante potencializa las cosechas de maíz y soja que resultan en ración para alimento de 12 mil cerdas madres en un ciclo completo de producción. Con capacidad instalada para el abate de 1.500 cerdos al día, aunque proyectado
para alcanzar hasta los 3 mil, el Frigorífico Nutribras es atendido con un 80% de animales de producción propia y ofrece al mercado un producto diferenciado y de valor añadido por su responsabilidad socioambiental.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? El Programa ha sido creado para manejar los residuos producidos por el proceso agroindustrial y reducir el impacto ambiental generado por la actividad del sector porcino. En el año de 2001, comenzó el primer teste con la instalación de un pequeño biodigestor con el objetivo de evaluar la tecnología, conocer su funcionamiento y el manejo de sus subproductos (biogás y biofertilizantes). En el 2005, el proyecto de biodigestores ha sido implantado en asociación con una empresa experta en los sistemas de tratamiento de efluentes en toda la cadena productiva. La utilización de los subproductos generados en el biodigestor, ahorrando los recursos naturales y aprovechando económicamente el biogás como fuente de combustibles y el biofertilizante como abono orgánico para el suelo, son algunas de las actividades desarolladas por el Programa. Tales iniciativas han sido imprescindibles
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 para sostener económicamente un conjunto complejo de actividades. Además, los biodigestores han generado un ambiente laboral más sano, mejorando el soporte social, de sanidad y ambiental.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? El Programa busca promover ventajas en todos los eslabones de la cadena productiva, el medio ambiente, los animales, las personas y la empresa. Por medio de los biodigestores, ocurre la preservación del suelo y del agua, por cuenta del tratamiento de contaminantes, como también del aire, con la captura y destrucción de los Gases de Efecto Invernadero. Además, el sistema crea un ambiente más sano, sea para las personas como para los animales, una vez que reduce los olores y la proliferación de insectos. Del mismo modo, el sistema se mantiene de manera económicamente viable y genera un diferencial competitivo para el Grupo, pues disminuye los costes de producción. Eso ocurre con la utilización del combustible generado que produce una energía limpia y renovable y, además, trae beneficio con los fertilizantes orgánicos que incrementan la productividad de las cosechas de maíz y soya, fuente de alimento para los animales.
¿Cómo funciona el programa? Operando en todos los días del año, el Programa consiste en cumplir un listado de actividades para el aprovechamiento de subproductos generados del biodigestor, convirtiéndolos en ventajas para la propiedad rural. El proyecto está formado, actualmente, por 14 biodigestores, que tratan del 100% de los desechos de los animales. Incluye, también, la generación de 20 mil metros cúbicos de biogás por día, lo que es suficiente para producir el 100% de las necesidades de electricidad de todas las actividades de Nutribras Alimentos. Con el uso del biogás, son generados alrededor de 750 kwa/h, lo que contribuye de manera importante para la reducción de las expensas con electricidad, además de promover la fertirrigación por medio de la utilización de éste combustible renovable. Actualmente, son fertirrigados alrededor de 1000 hectares de cultivos de soja y maíz, pero también pasturas, por medio de la utilización de equipaje de pívot central y auto-propalación. Todo grano de la hacienda es convertido en alimento para la porcinocultura. Una parte de la energía necesaria en el proceso de producción de la ración para los animales viene del biogás generado y almacenado en los biodigestores. El agua resultante de la
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 actividad con los cerdos y los desechos son llevados a los biodigestores por gravedad. El proceso de digestión anaeróbico hecho dentro del biodigestor elimina los elementos contaminantes del efluente, convirtiéndolo en biofertilizante con excepcionales concentraciones nutricionales. Aún en el proceso de biodigestión surge el biogás, compuesto principalmente por metano que es una fuente de combustible renovable.
Así, el Programa Carne de Cerdo AutoSostenible aporta un mejor gobierno y más aprovechamiento de toda materia prima producida en la propiedad rural para que sea sostenible. Además, garantiza otros beneficios para la agricultura y pecuaria, ya que reduce los impactos ambientales venidos de la porcinocultura y reduce la utilización de fertilización química en el suelo, a la vez que ofrece más fertilidad.
Después del tratamiento anaeróbico que se pasa dentro del biodigestor, el efluente es direccionado para un conjunto de lagos donde quedan hasta el momento de su utilización. El biogás también es utilizado para propalar el biofertilizante de los lagos de almacenaje e el volumen excedente es eliminado por sistemas de quema. Este proceso reduce significativamente la emisión de gases de efecto invernadero y disminuyen el impacto ambiental.
¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro?
En fin, el ciclo productivo es concluido, pues el agua, el fertilizante y el combustible obtenidos por medio del tratamiento de biodigestión permiten la instalación de la cultura agrícola siguiente y ésta, por su vez, se va a convertir en granos para la producción del alimento de los animales para el próximo período.
El principal reto para el establecimiento del Programa fue la alta inversión para hacer la actividad viable. Otros puntos importantes y complementares fueron la tecnología y la calificación del personal, una vez que esta tecnología era poco conocida pues no había trabajadores con práctica en el tema. Actualmente, para mantener el Programa, es necesario un conjunto complejo de equipaje, infraestructura y conocimientos direccionados para la búsqueda de mejorías y soluciones con el objetivo de minimizar los impactos ambientales generados por las actividades, además del aprovechamiento eficaz del
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 biogás para la producción de electricidad y del fertilizante como fuente de nutrición para el suelo. Las proyecciones para el futuro son de evolución tecnológica, mejorías en el manejo de desechos, adecuaciones de las estructuras, además de la máxima utilización de los subproductos del proceso de producción, como el biogás, fuente limpia y renovable de electricidad, y el biofertilizante, como fuente de abono para las plantas, añadiendo productividad en todo el proceso agroindustrial.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo? Las granjas porcinas detienen gran potencialidad para convertir sus rutinas de producción en una actividad auto-sostenible, añadiendo valor y estimulando iniciativas que beneficien la economía, la comunidad local y el medio ambiente. Una de las opciones es por medio de la implantación de los biodigestores en conjunto con sistemas de gestión de los subproductos del proceso agroindustrial. O sea, convertir el biogás en energía renovable que pueda ser utilizada en la propiedad rural, del mismo modo, para
abono orgánico en la producción agrícola. Los nuevos modelos de gestión de la agricultura están basados en el planeamiento de proyectos. Así, debemos destacar la importancia de la descripción detallada de los procesos productivos, para evaluar no solamente lo que se produce, cómo y para quienes, pero, igual, cuáles los impactos ambientales. En el caso de los porcinos en concreto, al implantar un proyecto, el productor tiene que buscar las opciones de conversión y aprovechamiento de los residuos generados por la granja. Programas de Sostenibilidad, como el Carne de Cerdo Sostenible involucran personas y la empresa, crean nuevas oportunidades de mercado, aumentan las responsabilidades y los compromisos con el medio ambiente, por medio de la reducción de los impactos ambientales y mejor utilización de los recursos naturales y, aún, maximizan los resultados productivos y económicos del agronegocio.
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Unidades Multiplicadoras de Tecnologias Socioambientais (UMTS) Social and Environmental Technologies Multipliers Units (UMTS) Unidades Multiplicadoras de Tecnologías Socio Ambientales
Organização de Conservação da Terra - OCT
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Resumo do caso A Organização de Conservação da Terra (OCT) tem, como negócio, a promoção da geração e valoração dos serviços e ativos ambientais para viabilizar o desenvolvimento territorial em bases sustentáveis na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pratigi, Território Baixo Sul da Bahia. Para tanto, adota como estratégias a adequação e certificação socioambiental de propriedades rurais familiares, visando o incremento da matriz econômica por meio da reconversão produtiva de pastagens degradadas com a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF) e Silvicultura Tropical. O programa desenvolvido pela instituição foi iniciado a partir do diagnóstico socioeconômico e ambiental da APA. Essas informações serviram como base para definição das áreas prioritárias de atuação e identificação das UnidadesFamília (UF) com perfil para seleção das Unidades Multiplicadoras de Tecnologias Socioambientais (UMTS). Criadas para servir de áreas didáticas com alternativas econômicas sustentáveis, as UMTS são concebidas com tecnologias de baixo carbono. A mobilização e a conquista da confiança das comunidades, e a adesão das UF, são
os grandes desafios para implantação e manutenção do programa. Tais desafios são minimizados pela internalização e adoção das técnicas e práticas transferidas pelos projetos da OCT. Estendendo seus benefícios a toda sociedade, o programa influencia pequenos agricultores por meio da conservação dos recursos naturais e da inclusão produtiva, tendo, como resultado, a melhoria da qualidade de vida das UF assistidas.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? Com intuito de desenvolver um modelo reaplicável de desenvolvimento territorial em bases sustentáveis com resultados testados e validados para outros territórios, a Organização de Conservação da Terra (OCT) concentra seus esforços na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pratigi, adaptando as tecnologias desenvolvidas às realidades específicas de cada local. O programa tem por objetivo promover o restabelecimento dos serviços ambientais na APA por meio da adequação e certificação socioambiental de propriedades familiares rurais e reconversão produtiva de pastagens degradadas. Para tanto, são instaladas Unidades Multiplicadoras de Tecnologias Socioambientais (UMTS), nas quais é
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 identificado o Índice de Sustentabilidade (IS) que é tomado como base para a elaboração do Planejamento Integrado da Propriedade (PIP). Os componentes de adequação são o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), Restauração Florestal, Silvicultura Tropical e implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF). O uso e os resultados dessas tecnologias de baixo carbono são monitorados do ponto de vista de sua eficiência em relação ao manejo agronômico, ao desempenho econômico e à conservação ambiental. Visamos a identificação de modelos que possam ser reaplicados e que conciliem conservação ambiental e geração de trabalho e renda sustentáveis para os agricultores familiares, tratados aqui como Unidades-Família (UF).
Quem se beneficia deste programa e de que forma? O programa beneficia diretamente 500 UF, localizadas em 17 comunidades distintas e, indiretamente, toda população da APA do Pratigi por meio da conservação dos recursos naturais e da promoção do desenvolvimento socioeconômico. Utilizando um viés conservacionista, visa manter uma relação harmônica entre o
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 homem e o meio ambiente, promovendo a inclusão produtiva e o combate à pobreza no campo.
Como funciona o programa?
Neste contexto, são realizadas a educação ambiental, a gestão da propriedade e a organização socioprodutiva com foco na valoração da produção. Além do estímulo à verticalização da produção, apoiamos a comercialização por meio do acesso às políticas públicas de mercado institucional.
A APA do Pratigi possui 170.000 ha e abrange, quase na totalidade, cinco municípios (Ibirapitanga, Ituberá, Igrapiúna, Nilo Peçanha e Piraí do Norte). Por conta de uma matriz tecnológica degradadora, a taxa de desmatamento é da ordem de 0,6% ao ano. Nos últimos 40 anos, a região perdeu 36.000 ha de floresta. Esse processo de degradação não contribuiu para que o desenvolvimento da economia regional levasse a inclusão socioeconômica aos municípios, como mostra seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), cuja média é 0,602. Dados do índice de desenvolvimento municipal da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) mostram Piraí do Norte como o 9º pior em desenvolvimento no Brasil.
O programa promove a conservação e restauração das nascentes e cursos d’água, ao tempo em que estimula a redução do uso de agroquímicos pela informação e conscientização para o uso racional, orientando o emprego de biofertilizantes e a autonomia produtiva, e proporcionando assim o cultivo de alimentos mais saudáveis. Esta iniciativa visa diminuir os impactos causados ao meio ambiente e a promoção da soberania alimentar, valorizando a vocação regional de cultivo de SAFs biodiversos.
Conforme o contexto exposto, a OCT foca suas ações na promoção de um modelo econômico pautado na valoração dos recursos naturais, inclusão socioprodutiva e planejamento da propriedade agrícola. Uma das primeiras ações focadas na produção dessa economia contempla atividades que incluem um diagnóstico socioeconômico e ambiental das comunidades, utilizando ferramentas participativas, entrevistas estruturadas e georreferenciamento das Unidades Produtivas Familiares (UPF). Em
As UF beneficiárias recebem apoio técnico, por meio da transferência de tecnologias, doação de insumos, PSA e capacitação continuada. Toda propriedade passa pelo planejamento integrado, em que são pactuadas ações de curto, médio e longo prazo que aperfeiçoam o uso sustentável dos recursos disponíveis.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 seguida, são realizados o mapeamento do território e a identificação das áreas prioritárias para conservação, restauração e implantação de novos arranjos produtivos. Com base nesses dados, foram definidas as áreas de atuação e determinadas as comunidades, divulgando-se o programa e identificando-se as UF com perfil para implantação das UMTS. As UPF tiveram seus IS calculados com a utilização do barômetro de sustentabilidade, para o qual foram selecionados 20 indicadores abrangendo as dimensões ambiental, social e econômica. A partir da avaliação do IS, foram construídos os PIP, que propõem as medidas de adequação da propriedade para mitigação de indicadores limitantes ao desenvolvimento da UPF. O Planejamento reune conhecimentos agroeconômicos e socioambientais, definindo estratégias para a construção de um plano de uso e manejo da propriedade que atenda os preceitos de desenvolvimento sustentável por meio de uma sequência de atividades como: caracterização dos recursos naturais existentes, levantamento do uso atual do solo e diagnóstico do sistema produtivo e da infraestrutura. Essas ações visam orientar e desenvolver o uso adequado da propriedade e a implantação de tecnologias socioambientais.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 A proposta de adequação é apresentada e discutida com o proprietário e, posteriormente, ajustada de acordo com seus anseios e necessidades. Com o objetivo de propor mais uma alternativa econômica pautada na valoração dos serviços ambientais, 45 UMTS foram inclusas no projeto de PSA, passando a ser remuneradas pelos benefícios gerados. Outra ação focada nesta valoração é o Grupo de Projetos de Reflorestamento na APA do Pratigi que segue normas internacionais certificadas pela Climate, Community & Biodiversity Alliance (CCBA) em processo de validação pelo padrão Verified Carbon Standard (VCS). Nesse contexto, as UMTS estão sendo adequadas para tornarem-se referência em planejamento integrado e sustentável e para certificação socioambiental, servindo de espaços de difusão de tecnologias, influenciando positivamente a mudança de comportamento das UF em suas comunidades e impulsionando um novo modelo de produção com bases agroecológicas, gerando renda adequada e promoção do reestabelecimento dos serviços ambientais. Os resultados assertivos das UMTS vêm sendo sistematizados para gerar um protocolo metodológico, ou seja, um documento
orientador para adequação socioeconômica e ambiental de propriedades rurais. Esse documento será utilizado para apresentação e discussão com instituições financeiras a fim de influenciar o estabelecimento de critérios a serem adotados para elegibilidade de propriedades tomadoras de financiamento, sendo ainda estimulada a criação de uma linha de crédito sustentável com vantagens diferenciadas que promovam a busca pela adequação do imóvel rural.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo? O primeiro desafio refere-se à mobilização das comunidades, à conquista da confiança e à adesão das UF, focando na sensibilização e no envolvimento dos agricultores, e objetivando implantar uma visão de planejamento, em que os mesmos passem a ver suas propriedades como um mix de diversos negócios e oportunidades. A manutenção e a perenidade do programa e suas ações estão na adoção e internalização das técnicas e métodos implantados pela UF com foco na transição para uma matriz tecnológica com base no
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 manejo agroecológico. O fomento a políticas públicas que priorizem uma produção mais justa, equitativa e sustentável é fundamental para garantir a comercialização e promover a implementação de uma infraestrutura básica para que a pequena propriedade possa escoar de maneira adequada sua produção. O programa deve ter sua visão de futuro focada na agregação de valor e na promoção da mudança de paradigma, voltada para um modelo produtivo sustentável. É necessário que as premissas propostas sejam apoiadas por políticas públicas que disponibilizem investimentos que sejam indutores deste modelo de desenvolvimento pautado na sustentabilidade.
Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho?
A segunda fase é a análise e o diagnóstico focados nas questões sociais, econômicas e ambientais em que são definidas ações prioritárias para o desenvolvimento regional em bases sustentáveis. Uma vez escolhidas as prioridades e estratégias que irão nortear o plano de desenvolvimento, deverá ser realizado um zoneamento que mostrará de forma clara o potencial regional para ações de mudança/ incremento da matriz econômica e áreas prioritárias para conservação e geração dos serviços ambientais. Tendo definidos todos esses dados, partese para construção de um plano de ação e monitoramento que norteará e acompanhará a implantação das ações estruturantes e necessárias para a mudança de paradigma, tornando todo o processo sistematizado e capaz de ser reaplicado por outros agentes.
Um programa de sustentabilidade pode ser iniciado através de um amplo planejamento integrado e participativo do território. A primeira etapa é o levantamento de todo o arcabouço de informações territoriais e das instituições que atuam na região, ao passo que são feitos a mobilização e o envolvimento da comunidade local para tornar o processo participativo.
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Case summary The Organização de Conservação da Terra – OCT (Earth Conservation Organization) works for the promotion of business generation and valuation of environmental services and assets to facilitate regional development on a sustainable basis in the Environmental Protection Area (APA), called “Pratigi Environmental Protection Area” in Baixo Sul Territory in Bahia. For that purpose, OCT adopts strategies such as the environmental suitability and certification of family farms, aiming at increasing economic matrix through productive conversion of degraded pastures by applying agroforestry systems (SAF) and tropical silviculture. The program developed by the institution started from the socioeconomic and environmental diagnosis of the APA. This information served as the basis for defining the priority areas and for the identification of the Family Units (UF) with the profile for the selection of the Social and Environmental Technologies Multipliers Units (UMTS). Created to serve as didactic areas with sustainable economic alternatives, the UMTS are designed with low carbon technologies. The mobilization and the gaining
confidence of the communities and also the adhesion of the UF are the major challenges for the implementation and maintenance of the program. These challenges are minimized by internalization and adoption of techniques and practices that take part in the projects of OCT. Extending its benefits to the society, the program affects small farmers by stimulating the conservation of natural resources and productive inclusion, resulting in improving life quality of the assisted UF.
Why was the sustainability program created? In order to develop a re-applicable model of territorial development on sustainable bases with tested and validated results for other territories, Organização de Conservação da Terra (OCT) focuses its efforts on Pratigi Environmental Protection Area, adapting the developed technologies to the specific realities of each location. The program aims to promote the restoration of environmental services in the APA by the adaptation and environmental certification of family farms and productive conversion of degraded pastures. For that, the Social and Environmental Technologies
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Multipliers Units (UMTS) are installed, in which the Sustainability Index (IS) is identified, which is taken as the basis for drafting the Integrated Planning of the Property (PIP). The components of the adaptation process are the Payment for Environmental Services (PSA), Forest Restoration, Tropical Forestry and Agroforestry Systems implementation. The use and the results of these low carbon technologies are monitored from the point of view of their efficiency in relation to agronomic management, economic performance and environmental conservation. We aim to identify the model(s) that can be reapplied and that conciliate environmental conservation, employment generation and sustainable income for family farmers, called “Family Units” (UF).
Who benefits from this program, and how? The program directly benefits 500 UF located in 17 different communities, and indirectly it benefits the whole population of Pratigi Environmental Protection Area through conservation of the natural resources and the promotion of socioeconomic development.
Using a conservation bias, the program aims to maintain a harmonious relationship between the human being and the environment, promoting productive inclusion and fighting against poverty in the countryside. The UF beneficiaries receive technical support through technology transfer, donation of inputs, payments for environmental services and continued training. Each property goes through integrated planning in which actions are agreed for short, medium and long term that enhance the sustainable use of available resources. In this context, environmental education, property management and socio-productive organization, focusing on the value agregation of the production, are promoted. Besides stimulating vertical integration of production, we support commercialization by getting access to policies of public procurement. The program promotes the conservation and restoration of springs and watercourses, whereas it encourages the reduced use of agrochemicals through providing information and raising awareness on the rational use of those chemicals, guiding the use of biofertilizers and also the productive autonomy providing thus growing healthier
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 foods. This initiative aims at reducing the impacts onto the environment and also at promoting food sovereignty, enhancing the regional vocation of farming biodiverse SAF.
How does the program work? Pratigi Environmental Protection Area has an area of 420,079 acres and encompasses almost entirely five cities (Ibirapitanga, Ituberá, Igrapiúna, Nilo Peçanha and Piraí do Norte). Because of a degrading technological matrix, the deforestation rate is around 0.6% per year. In the last 40 years, the region has lost 88,957 acres of forest area. This degradation process did not contribute to the development of regional economy could bring economic inclusion to the cities as their Municipal Human Development Index (IDHM) shows, whose average is 0.602. Federation of Industries of the State of Rio de Janeiro (FIRJAN) index data for municipal development shows Piraí do Norte as the 9th worst city in development in Brazil. According to the discussed context, OCT focuses its actions on promoting an economic model based on the valuation of natural resources, socio-productive inclusion and farm planning. Among the preliminary actions folused on the production of this kind of economy, we
highlight the followings: social, economic and environmental analysis of communities using participatory tools, structured interviews and georeferencing of the Family Productive Units (UPF). Then the mapping of the territory and the identification of the priority areas for conservation, restoration and installation of new production arrangements are made. Based on those data, the areas of implamentation and some communities were defined, divulgating the program and identifying the UF where the UMTS would be deployed. The UPF had their IS calculated using the barometer of sustainability, for which we had selected 20 indicators about environmental, social and economic dimensions. From the evaluation of the IS, the PIP were built, which propose measures aiming the suitability of the property for mitigation of indicators that limit the development of UPF. The Planning gathered both socioenvironmental and agroeconomic knowledge and they were used to define strategies for building a plan for use and management of the property that serves the precepts of sustainable development by means of a sequence of activities such as description of the natural resources, survey of the current use and diagnosis of the productive system and infrastructure.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 These actions aim to guide and develop the appropriate use of the property and the implementation of social and environmental technologies. The proposal of adaptations is then presented and discussed with the owner and subsequently adjusted according to his wishes and needs. Aiming to propose yet another economical alternative ruled by the valuation of the environmental services, 45 UMTS were included in the PSA project which paid them for the generated benefits. Another action focused on that assessment is the Reforestation Grouped Projects in Pratigi Environmental Protection Area that follows international standards certified by Climate, Community & Biodiversity Alliance (CCBA) in validation process by Verified Carbon Standard (VCS). In this context, the UMTS have been suitable to become such a reference in sustainable and integrated planning and also for environmental certification, serving as areas of technology diffusion, positively influencing behavior changes in the UF communities and also propelling a new production model that is agroecological based, generating adequate income and promotion of the reestablishment of environmental services.
The assertive results of the UMTS have been systematized to generate a methodological protocol, i.e., a guiding document for rural properties socioeconomic and environmental adaptation. This document will be used for presentation and discussion with financial institutions in order to influence the establishment of criteria to be fulfilled for the eligibility of eligibility of credit takers, and also promoting a sustainable credit line, with distinct advantages, for producers that want to adapt their properties to this sustainable proposal.
What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? The first challenge is the mobilization of the communities, gaining confidence and support of the UF, focusing on the awareness and involvement of the farmers, aiming to implement a planning vision that will make them see their properties as a mix of different businesses and opportunities. The maintenance and longevity of the program and its actions depend on the adoption and internalization of the
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 techniques and methods deployed by the UF with a focus on the transition to a technological matrix based on agroecological management. Promoting public policies that prioritize a more equitable, fair and sustainable production is critical to ensure commercialization and also to promote the implementation of a basic infrastructure so that the small property production can be sold properly. The program must have the future prospects focused on adding value and promoting the paradigm shift towards a sustainable production model. It is necessary that the proposed premises are supported by public policies which offer investments that are inducers of this development model based on sustainability.
How could other agriculturerelated agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? A sustainability program can be started by an integrated and participatory comprehensive planning of the territory. The first step is to do a survey of the entire framework of territorial information
and institutions that operate in the region, whereas mobilization and involvement of the local community are executed to make the process participative. The second step is related to an analysis and diagnosts, focused on social, economic and environmental matters, in which priority actions for regional development on a sustainable bases are defined. Once the priorities and strategies that will guide the development plan are chosen, a zoning that clearly shows the regional potential for actions to change / increase the economic matrix and also the potential of the priority areas for conservation and generation of the environmental services must be performed. Having all this data set, an action and monitoring plan must be made, so that it will guide and monitor the implementation of structural actions that are necessary for shifting the paradigm, making the whole process systematized and able to be reapplied by other agents.
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Resumen del caso La Organização de Conservação da Terra (Organización de Conservación de la Tierra - OCT) tiene como objetivo promover la generación y la valoración de los servicios y activos ambientales para viabilizar el desarrollo territorial de manera sostenible en el Área de Protección Ambiental (APA) del Pratigi, Territorio Bajo Sur de Bahía. Para ello, esta organización adopta como estrategias la adecuación y la certificación socioambiental de propiedades rurales familiares, teniendo por finalidad el crecimiento de la matriz económica a través de la conversión de pasturas degradadas con la implantación de los sistemas agroforestales (SAF) y silvicultura tropical. El programa desarrollado por la institución se inició desde el diagnóstico socioeconómico y ambiental de la APA. Estas informaciones sirvieron de base para la definición de las áreas prioritarias y la identificación de las Unidades-Familia (UF) con el perfil para la selección de las Unidades Multiplicadoras de Tecnologías Socioambientales (UMTS). Creadas para servir como áreas didácticas con alternativas económicas sostenibles, las UMTS son formadas con tecnologías de baja emisión de carbono. La movilización y el logro de la confianza de las
comunidades, así como la adhesión de las UF son los principales desafíos para la implementación y el mantenimiento del programa. Estos retos se minimizan por la internalización y la adopción de técnicas y prácticas transferidas por los proyectos de la OCT. Extendiendo sus beneficios a toda la sociedad, el programa influencia a los pequeños agricultores a través de la conservación de los recursos naturales y de la inclusión productiva, lo que resulta en la mejora de la calidad de vida de las UF asistidas.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? Con el fin de desarrollar un modelo replicable de desarrollo territorial de manera sostenible, con resultados probados y validados para otros territorios, la Organização de Conservação da Terra (OCT) concentra sus esfuerzos en el Área de Protección Ambiental (APA) del Pratigi, haciendo la adaptación de las tecnologías desarrolladas en las realidades específicas de cada lugar. El programa tiene como objetivo promover la restauración de los servicios ambientales en la APA, a través de la adaptación y la certificación socioambiental de propiedades familiares rurales y de la
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 reconversión productiva de los pastizales degradados. Por lo tanto, se instalan Unidades Multiplicadoras de Tecnologías Socioambientales (UMTS), en las que se identifica el Índice de Sostenibilidad (IS), el que se toma como base para la preparación y redacción de la Planificación Integrada de la Propiedad (PIP). Los componentes de adecuación son el Pago por los Servicios Ambientales (PSA), la Restauración Forestal, la silvicultura tropical y la implantación de sistemas sgroforestales (SAF). El uso y los resultados de estas tecnologías bajas en carbono son monitoreados, desde el punto de vista de su eficacia, en relación con el manejo agronómico, el rendimiento económico y la conservación del medio ambiente. Nuestro objetivo es identificar el/ los modelo(s) que pueda(n) ser replicado(s) y que promueva(n) la conciliación entre la conservación ambiental y la generación de empleo y de renta sostenibles para los agricultores familiares, tratados aquí como Unidades-Familia (UF).
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? El programa beneficia directamente a 500 UF, que se encuentran en 17 comunidades diferentes, e indirectamente
a toda la población de la APA del Pratigi, a través de la conservación de los recursos naturales y la promoción del desarrollo socioeconómico. Al privilegiar la conservación, el programa desea mantener una relación armoniosa entre el hombre y el medio ambiente, promoviendo la inclusión productiva y la lucha contra la pobreza en el campo. Las UF beneficiarias reciben apoyo técnico a través de la transferencia de tecnología, la donación de insumos, PSA y la capacitación contínua. En cada propiedad es hecha la planificación integrada, por medio de la cual se acuerdan las acciones para el corto, mediano y largo plazo que mejoran el uso sostenible de los recursos disponibles. En este contexto, se llevan a cabo la educación ambiental, la gestión de la propiedad y la organización socioproductiva, con especial atención a la valoración de la producción. Además de estimular la integración vertical de la producción, apoyamos a la comercialización a través del acceso a las políticas públicas del mercado institucional. El programa promueve la conservación y restauración de manantiales y cursos
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 de agua, a la vez que alienta la reducción del uso de agroquímicos, por medio de la información y la sensibilización sobre el uso racional, orientando el uso de biofertilizantes y la autonomía productiva, proporcionando así el cultivo de alimentos más saludables. Esta iniciativa tiene como objetivo reducir los impactos en el medio ambiente y la promoción de la soberanía alimentaria, valorando la vocación regional de cultivo de SAF biodiversos.
¿Cómo funciona el programa?
La APA del Pratigi cuenta con 170.000 hectáreas y abarca casi en su totalidad cinco municipios (Ibirapitanga, Ituberá, Igrapiúna, Nilo Peçanha y Piraí do Norte). Debido a una matriz tecnológica degradadora, la tasa de deforestación es alrededor de 0,6% por año. En los últimos 40 años la región ha perdido 36.000 hectáreas de bosque. Este proceso de degradación no contribuyó para que el desarrollo de la economía regional diera lugar a la inclusión económica a los municipios, como atestan sus IDHM (Índice de Desarrollo Humano Municipal) cuyo promedio es de 0,602. Datos del índice de desarrollo municipal (Federación de las Industrias del Estado de Río de Janeiro – FIRJAN) muestran Piraí do Norte como el 9º peor en desarrollo del Brasil.
De acuerdo con este contexto, la OCT centra sus acciones en la promoción de un modelo económico basado en la valoración de los recursos naturales, la inclusión socioproductiva y la planificación de la propiedad agrícola. Una de las primeras acciones, centradas en la producción de esta economía, envuelve actividades que incluyen el análisis social, económico y ambiental de las comunidades utilizando herramientas participativas, entrevistas estructuradas y georreferenciación de las Unidades Productivas Familiares (UPF). Entonces son realizados el mapeo del territorio y la identificación de áreas prioritarias para la conservación, la restauración y la instalación de nuevos acuerdos de producción. Sobre la base de estos datos se definieron las áreas de actuación y las comunidades participantes, dando a conocer el programa e identificando las UF con perfil para el despliegue de las UMTS. Las UPF tuvieron sus IS calculados con la utilización del barómetro de sostenibilidad, para lo cual se seleccionaron 20 indicadores que cubren las dimensiones ambientales, sociales y económicas. A partir de la evaluación del IS se construyeron los PIP, que proponen las medidas de adecuación de la propiedad para la mitigación de indicadores limitantes al desarrollo de la UPF.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 La Planificación reunió conocimientos agroeconómicos y socioambientales, al definir estrategias para la construcción de un plan de uso y manejo de la propiedad que cumpla con los preceptos del desarrollo sostenible, a través de una secuencia de actividades tales como: caracterización de los recursos naturales existentes, averiguación de la utilización actual y análisis del sistema productivo y de la infraestructura. Estas acciones tienen como objetivo orientar y desarrollar el uso adecuado de la propiedad y la aplicación de las tecnologías socioambientales. La propuesta de adecuación es presentada y discutida con el propietario y posteriormente ajustada de acuerdo a sus deseos y necesidades. Con el objetivo de proponer una nueva alternativa económica basada en la valoración de los servicios ambientales, 45 UMTS fueron incluidas en el proyecto de PSA y pasaron a ser pagas por los beneficios generados. Otra acción centrada en esta valoración es el Grupo de Proyectos y Reforestación en la APA del Pratigi que sigue los estándares internacionales certificados por la Climate, Community & Biodiversity Alliance (CCBA) en proceso de validación por la norma Verified Carbon Standard (VCS).
En este contexto, las UMTS están siendo adecuadas para convertirse en una referencia en la planificación integrada y sostenible y para la certificación ambiental, sirviendo como áreas de difusión de tecnologías, influyendo positivamente en el cambio de comportamiento de las UF en sus comunidades y propulsando un nuevo modelo de producción con bases agroecológicas, generando renta adecuada y promoviendo el restablecimiento de los servicios ambientales. Los buenos resultados de las UMTS son sistematizados para generar un protocolo metodológico, es decir, un documento orientador para adaptación socioeconómica y ambiental de propiedades rurales. Este documento será utilizado para presentación y discusión con entidades financieras con el fin de influir en el establecimiento de criterios de escoja de propiedades que puedan ser beneficiarias de financiamientos, e incluso alentando la creación de una línea de crédito sostenible con ventajas distintas que apoyen la búsqueda por la adecuación del inmoble rural.
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¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro? El primer reto se refiere a la movilización de las comunidades, al logro de la confianza y al apoyo de las UF, centrándose en la sensibilización y en la participación de los agricultores con el objetivo de implementar una visión de planificación, en la que ellos mismos empiecen a ver su propiedad como una mezcla de diferentes negocios y oportunidades. El mantenimiento y la longevidad del programa y sus acciones están en la adopción y la internalización de las técnicas y métodos empleados por la UF, con un enfoque en la transición de una matriz tecnológica basada en el manejo agroecológico. La promoción de políticas públicas que prioricen una producción más justa, equitativa y sostenible es fundamental para garantizar la comercialización y promover la implementación de una infraestructura básica para que la pequeña propiedad pueda desaguar adecuadamente su producción.
El programa debe tener su visión de futuro centrada en la agregación de valor y en la promoción del cambio de paradigma que esté vuelto hacia un modelo de producción sostenible. Es necesario que las premisas propuestas sean apoyadas por políticas públicas que ofrecen inversiones que sean inductoras de este modelo de desarrollo basado en la sostenibilidad.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo? Un programa de sostenibilidad se puede iniciar a través de una amplia planificación integrada y participativa del territorio. El primer paso es la búsqueda de todo el marco de informaciones territoriales y de las instituciones que operan en la región, a la vez que se hace la movilización y el envolvimiento de la comunidad local para tornar el proceso participativo. La segunda fase es el análisis y diagnóstico centrados en las cuestiones sociales, económicas y ambientales. En esta fase se definen acciones prioritarias para el desarrollo regional de manera sostenible.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Una vez elegidas las prioridades y las estrategias que guiarán el plan de desarrollo, debe realizarse una zonificación que mostrará claramente el potencial regional para acciones de cambio/incremento de la matriz económica y de las áreas prioritarias para la conservación y la generación de servicios ambientales. Definido este conjunto de datos, debe construirse un plan de acción y seguimiento que guiará y supervisará la aplicación de las acciones estructurales y necesarias para el cambio de paradigma volviendo todo el proceso sistematizado y capaz de ser replicado por otros agentes.
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Desenvolvimento Rural Sustentável em Microbacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro - RIO RURAL The Micro-Catchment State Program of Sustainable Rural Development of the State of Rio de Janeiro – RIO RURAL
Desarrollo Rural Sostenible en las Micro Cuencas Hidrográficas del Estado de Río de Janeiro - RIO RURAL
Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária do Rio de Janeiro 170
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Resumo do caso O Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável em Microbacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro - RIO RURAL promove boas práticas produtivas integradas à conservação ambiental no campo, tendo o agricultor familiar como principal aliado na gestão sustentável dos recursos naturais e melhoria da produção agropecuária. Desenvolvido pela Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária (SEAPEC), por intermédio da Superintendência de Desenvolvimento Sustentável, em parceria com o Banco Mundial e a FAO, o programa estimula a autogestão das comunidades existentes nas microbacias hidrográficas. O Rio Rural fornece assistência técnica, incentivos financeiros e capacitação, promovendo a adaptação de tecnologias aos agricultores para a adoção de práticas agroecológicas, agregação de valor e melhoria da qualidade dos produtos agropecuários, ao mesmo tempo em que estimula a diversificação com atividades não agrícolas de baixo impacto e a proteção ambiental. Até 2018 serão investidos mais de R$ 500 milhões em benefício de 85% da população rural do estado, abrangendo 2.500.000 hectares (95% da área agrícola sob sistemas de produção).
Todas as ações do Rio Rural são voltadas para a melhoria da qualidade de vida das famílias, buscando garantir inclusão social, segurança alimentar e infraestrutura (estradas, saneamento e telefonia rural). O programa realiza ações de educação ambiental e disseminação de boas práticas, estimulando o protagonismo das organizações comunitárias na tomada de decisões, a participação democrática e o engajamento de agricultores, mulheres e jovens rurais. Além disso, busca a coordenação mais eficiente de parcerias públicas e privadas para a promoção efetiva do desenvolvimento rural sustentável.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? O Programa Rio Rural foi criado em 2005, tendo em vista a necessidade de reverter os altos índices de pobreza rural e degradação ambiental identificados nas áreas de maior concentração da agricultura familiar fluminense. O programa nasce com o intuito de apoiar os agricultores na transição para sistemas produtivos mais rentáveis e amigáveis à conservação dos recursos naturais, em atendimento às novas demandas de mercado por alimentos mais limpos e saudáveis, ao mesmo tempo em que os integra às principais temáticas da atualidade, como segurança alimentar,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 economia solidária, governança, prestação de serviços ambientais, mitigação e adaptação às mudanças climáticas e conservação da biodiversidade. Nesse cenário, o Rio Rural adotou abordagens participativas para aumentar a sensibilização e o engajamento das comunidades rurais no diagnostico e tomada de decisão para superar questões sociais, econômicas e ambientais que impedem o desenvolvimento sustentável. Promoveu a formação e capacitação de extensionistas rurais e agricultores, municiando-os de ferramentas que facilitassem a integração estratégica de iniciativas multisetoriais e o acesso a incentivos financeiros para maior efetividade de suas ações em longo prazo. De 2006 a 2011, o programa executou projeto piloto no Norte e Noroeste Fluminense, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), beneficiando 4.000 famílias. Um segundo projeto, aprovado pelo Banco Mundial em 2009, somou aproximadamente R$ 200 milhões com foco na sustentabilidade e competitividade da agricultura familiar. Com os resultados obtidos e em face da conjuntura de oportunidades econômicas no estado, um novo financiamento, no valor de R$ 250 milhões, está ampliando as ações até 2018.
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Quem se beneficia deste programa e de que forma? Atualmente, 20.673 famílias de 217 microbacias estão envolvidas nas ações do programa, participando da gestão local através de comitês de microbacias hidrográficas, organizados em 818 grupos de identidade. Cerca de 7.800 agricultores familiares já adotam sistemas produtivos e sustentáveis. Agricultores, jovens e mulheres, pescadores, estudantes, prefeituras e conselhos municipais de desenvolvimento rural, toda a sociedade local é envolvida de forma democrática em reuniões de sensibilização, palestras, capacitações e na tomada de decisão para o desenvolvimento territorial. Entreosmaisde5.000projetosincentivados pelo Rio Rural, estão contempladas quase 100 práticas sustentáveis, como sistemas agroecológicos e agroflorestais, plantio direto, criação de galinha caipira, manejo sustentável de pastagem, apicultura, agroindústria familiar, equipamentos e estruturas de beneficiamento, artesanato, pesca artesanal, além da melhoria da infraestrutura de estradas, saneamento e ações de conservação dos recursos naturais como proteção de nascentes, recuperação de mata ciliar, adubação orgânica, adubação verde, entre outras.
Até 2018, serão beneficiados pelo programa 78.000 agricultores (85% do total do Estado), residentes em 366 microbacias de 72 municípios, sendo 47.000 produtores com incentivos diretos para adoção de práticas e tecnologias sustentáveis. Cerca de 34.000 km de rios estarão mais conservados pela redução de carga orgânica e de sedimentos, além de 14.000 nascentes protegidas, com efeitos positivos sobre a biodiversidade, contribuindo para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas globais e a produção de alimentos mais limpos e saudáveis, beneficiando toda a população fluminense.
Como funciona o programa? Desde sua criação, o Rio Rural vem fortalecendo o planejamento e a tomada de decisões em nível local, regional e estadual, promovendo a boa governança e a integração de recursos públicos e privados para o desenvolvimento sustentável no campo. A metodologia se baseia na construção participativa e no fortalecimento da organização comunitária, estimulando o debate sobre problemas e vocações locais, demandas e soluções, incentivando a adoção de boas práticas produtivas e de conservação ambiental, além da coordenação mais eficiente de políticas e iniciativas alinhadas com as necessidades
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 locais. Os principais executores do Rio Rural são a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural e a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (Emater-Rio e Pesagro-Rio). O programa conta ainda com diversos parceiros nos níveis local, estadual e federal. Cada microbacia trabalhada pelo Rio Rural passa por um processo de apresentação e adesão voluntária ao programa, que envolve as comunidades e o poder público local. A partir de um diagnóstico rural participativo, estabelecemse prioridades, problemas e potencialidades locais a serem trabalhadas. Os diversos grupos de identidade de cada microbacia formam um comitê gestor (Cogem), responsável pelas decisões, execução e acompanhamento local das ações do programa. A principal ferramenta de planejamento do desenvolvimento sustentável das comunidades é o Plano Executivo da Microbacia (PEM), elaborado de modo participativo sob a liderança do comitê gestor, que consolida as estratégias de aprimoramento de condutas para geração de renda e preservação do ambiente. O PEM é também um instrumento de diálogo com outras instituições para a alavancagem de recursos e parcerias, pois compreende
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 ações em diversos setores, visando à melhoria da qualidade de vida local. Após a etapa de planejamento, o Rio Rural aporta apoio financeiro não reembolsável e assistência técnica na implementação de projetos, individuais e coletivos, para o fortalecimento dos grupos de identidade das microbacias, a transição agroecológica e o uso de tecnologias de baixo impacto ambiental. O plano individual de desenvolvimento (PID) é a ferramenta utilizada para descrever as práticas que serão adotadas pelos agricultores em suas unidades de produção, fruto de um plano de ação construído de modo horizontal, com assistência do extensionista rural. Este processo resulta no manejo sustentável dos recursos naturais, na produção de alimentos saudáveis, na minimização do uso de insumos externos e a gradativa adequação ambiental da propriedade. Como contrapartida aos incentivos do Programa, os beneficiários reservam uma parcela de suas propriedades para conservação ambiental e recuperação de Mata Atlântica, por meio da proteção de nascentes, recuperação de mata ciliar e áreas de recarga hídrica, sistemas silvopastoris e agroflorestais. O Rio Rural estimula o manejo conservacionista do solo e o uso racional da água nas microbacias hidrográficas, a proteção da biodiversidade
e o aumento dos estoques de carbono na paisagem rural. Para estimular práticas e sistemas sustentáveis adaptados à realidade socioeconômica e ambiental das microbacias, o programa implanta unidades de pesquisa participativa e experimentos de longa duração com agricultores e instituições parceiros, que servem como áreas de irradiação e aprendizado sobre as tecnologias agroecológicas. A inovação tecnológica, a maior eficiência produtiva e a melhoria da qualidade dos alimentos são resultados tangíveis das tecnologias aportadas, facilitando a inserção nos mercados e acesso a políticas públicas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), para venda institucional.
Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo? O contexto de crescimento econômico e instalação de grandes empreendimentos no estado ocasionam profundas mudanças sociais e ambientais. O novo cenário traz oportunidades para a agricultura, diante do desafio do aumento da competitividade,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 da produção de alimentos saudáveis e diversificados com baixo impacto ambiental para um mercado cada vez mais exigente. Um dos principais desafios é a sustentabilidade das ações. Não obstante o Rio Rural ter alavancado mais de R$ 30 milhões em coinvestimentos, o engajamento do setor privado e do setor ambiental ainda é tímido frente ao potencial de interface com os serviços e benefícios advindos da agricultura familiar. A integração de recursos em níveis local, estadual e federal tem sido uma busca constante, assim como o incentivo ao protagonismo da população rural. Para tal é necessário romper a barreira do individualismo no campo e promover ações coletivas, o cooperativismo e o associativismo. Outro desafio é a manutenção e ampliação da provisão sistemática dos serviços de extensão e pesquisa focados no desenvolvimento de tecnologias adaptadas ao pequeno agricultor. Esses serviços são essenciais, pois fornecem informações e conhecimento que ajudam a qualificar a produção e promover o acesso competitivo dos pequenos agricultores ao mercado. Neste intuito, o Rio Rural estabeleceu parcerias com entidades de pesquisa, extensão e desenvolvimento, em nível nacional e internacional, para desenvolvimento tecnológico e
metodológico, estabelecendo uma forma inovadora e colaborativa de capacitação em rede, com foco no manejo agroecológico dos sistemas produtivos. Outro desafio do setor é fortalecer a infraestrutura e as redes de comunicação para acesso a informação e mercados, criando ferramentas de acreditação e plataformas de colaboração, aproximação e negociação, unindo produtores e consumidores, redes de assistência técnica, extensão rural, pesquisa e políticas públicas. Os dois focos principais devem ser o acesso ao mercado e o compartilhamento de conhecimento sobre práticas, tecnologias e sistemas agrícolas sustentáveis, somando esforços com ONGs, setor privado e instituições de pesquisa. Adicionalmente, os sistemas de informação podem ajudar a reduzir a vulnerabilidade das populações rurais a eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes.
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Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho? É fundamental estabelecer e fortalecer mecanismos de gestão que favoreçam a participação de atores locais no processo de desenvolvimento. Nesse sentido, o Programa Rio Rural vem promovendo trocas de experiências e articulações para integração de políticas públicas e recursos, inclusive do setor privado.
estímulo à autogestão comunitária, vêm servindo como referência para países da África. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) promoveu intercâmbios com gestores de projetos de bacias hidrográficas e de desenvolvimento rural do continente africano, tendo como foco o fortalecimento das associações, a mobilização de recursos públicos e privados e o estímulo ao empreendedorismo.
A metodologia de microbacias possibilita o diagnóstico abrangente dos principais fatores ligados ao desenvolvimento rural, portanto é aplicável ao planejamento multisetorial. Prefeituras de municípios do interior, comitês de bacias hidrográficas, empresas e ONGs vêm utilizando ferramentas, como o Diagnóstico Rural Participativo e o Plano Executivo de Microbacias, para tornar suas políticas e investimentos mais eficazes e adequados às realidades locais. Em nível internacional, a estratégia de alavancagem de recursos por meio de articulações político-institucionais, além do
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Case summary The Micro-Catchment State Program of Sustainable Rural Development of the State of Rio de Janeiro – RIO RURAL promotes good production practices integrated to the environmental conservation in the countryside, taking the family farmer as main partner in the sustainable management of natural resources and improved farming and cattle raising production. Developed by the State Secretariat of Agriculture and Livestock of Rio de Janeiro (SEAPEC) through the Superintendence of Sustainable Development, in partnership with the World Bank and FAO, the program encourages self-management of existing communities from micro-catchment basins. Rio Rural provides technical assistance, financial incentives and training by promoting the adaptation of technologies to farmers in order to adopt agroecological practices, adding value and improving the quality of agricultural products, while stimulating the diversification with low-impact non-farming activities and environmental protection. Up to 2018 over R$ 500 million will be invested for the benefit of 85% of the rural population of the state, covering 2.5 million hectares (95% of agricultural area under production systems).
All activities of Rio Rural are intended to improve the quality of life for families, seeking to ensure social inclusion, food security, and infrastructure (roads, sanitation and rural telephony). The program conducts environmental education and dissemination activities for good practices, stimulating the role of community organizations in the decisionmaking process, democratic participation and engagement of farmers, women, and rural young people. Additionally, it seeks the most efficient coordination of public and private partnerships for the effective promotion of the rural sustainable development.
Why was the sustainability program created? Rio Rural Program was created in 2005, in view of the need to reverse the high rates of rural poverty and environmental degradation identified in the areas of greatest concentration of the Rio de Janeiro State family farming. The program was created aiming at supporting farmers in the transition to more profitable and friendly systems for the conservation of natural resources, in order to meet the new market demands for cleaner and healthier food, while integrating them to the main themes of today, such as food
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 security, solidarity economy, governance, environmental service provision, mitigation and adaptation to the climate changes and biodiversity conservation. Within this scenario, Rio Rural adopted participatory approaches in order to increase the awareness and engagement of rural communities in the diagnosis and decision making to overcome social, economic and environmental issues hindering the sustainable development. It promoted the education and training of rural extension workers and farmers, providing them with tools that enabled the strategic integration of multi-sector initiatives and access to financial incentives for greater effectiveness of their long-term activities. From 2006 to 2011, the program ran a pilot project in the North and Northwest Rio de Janeiro State using funds from the Global Fund for the Environment (GEF), benefiting 4,000 families. A second project, approved by the World Bank in 2009, amounted to approximately R$ 200 million focusing on the sustainability and competitiveness of the family farming. With the results obtained and in the view of the scenario of economic opportunities in the state, a new funding in the amount of R$ 250 million is expanding activities up to 2018.
Who benefits from this program, and how? Currently, 20,673 families of 217 microcatchment basins are involved in the program activities, participating in the local management through micro-catchment basins, organized in 818 identity groups. About 7,800 family farmers have already adopted sustainable and productive systems. Farmers, young people and women, fishermen, students, municipalities and municipal councils for rural development, the entire local society is democratically involved in awareness meetings, lectures, trainings and decision making for the land development. Among over 5,000 projects encouraged by Rio Rural, it is included almost 100 sustainable practices such as agroecology and agroforestry systems, direct planting, raising free-range hen, sustainable pasture management, beekeeping, family agribusiness, processing equipment and structures, craft, artisanal fishing, in addition to improving the infrastructure of roads, sanitation and conservation activities of natural resources such as spring protection, recovery of riparian vegetation, organic manure, green manure, among others.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 By 2018, 78000 farmers (85% of the state total), residing in 366 micro-catchment basins in 72 municipalities will be benefitted, including 47000 producers having direct incentives for the adoption of sustainable practices and technologies. About 34000 km of rivers will be more preserved by reducing organic and sediment load and 14000 protected springs, with positive effects on biodiversity by helping to mitigate the effects of global climate change and cleaner and healthier food production benefiting the entire population of Rio de Janeiro State.
The main actors in Rio Rural are Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural and Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro [Company for Technical Assistance and Rural Extension and Agricultural Research Company of Rio de Janeiro State] (Emater-Rio and Pesagro-Rio). The program also has several partners at the local, state, and federal levels.
Since its establishment, Rio Rural has strengthened the planning and decisionmaking at local, regional and state levels by promoting good governance and the integration of public and private funds for sustainable development in the countryside.
Each micro-catchment basin developed by Rio Rural undergoes a process of presentation and voluntary adherence to the program that involves communities and the local government. From a participatory rural diagnosis, priorities, issues and potential sites to be developed are established. Several identity groups of each micro-catchment basin are part of the steering committee (COGEM), in charge of decisions, implementation and monitoring of the activities of the local program.
The methodology is based on the participatory building and strengthening community organization by stimulating debates about local issues and inclinations, demands and solutions by encouraging the adoption of best production practices and environmental conservation, in addition to a more efficient coordination of policies and initiatives aligned with local needs.
The main planning tool for sustainable development of communities is the Executive Plan of Micro-Catchment Basins (PEM) prepared to participate under the leadership of the steering committee, which consolidates the strategies of activities improvement to generate income and conserve the environment. PEM is also a tool for dialogue with other institutions
How does the program work?
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 to leverage funds and partnerships, as it includes activities in several sectors aimed at improving the local quality of life.
biodiversity protection and increase of carbon stocks in the rural landscape.
After the planning stage, Rio Rural brings non-refundable financial support and technical assistance in the implementation of individual and collective projects in order to strengthen the identity groups from microcatchment basins, agroecological transition and the use of low-impact environmental impact technologies. The individual development plan (PID) is the tool used to describe the practices to be adopted by farmers in their production units, the result of an action plan built horizontally, with the assistance of rural extension. This process results in the sustainable management of natural resources, production of healthy food, minimizing the use of external inputs and gradual environmental suitability of the property.
To stimulate practices and sustainable systems tailored to the socioeconomic and environmental reality of micro-catchment basins, the program implements units of participatory research and long-term experiments together with farmers and partner institutions, which serve as disseminating and learning areas about the agroecological technologies. Technological innovation, greater productive efficiency and improved food quality are tangible results of technologies brought, enabling the market integration and access to public policies such as the Food Acquisition Program (PAA) and the National School Food Program (PNAE) for institutional sales.
In consideration for the incentives of the program, the beneficiaries reserve a portion of their property for conservation and recovery of the Atlantic Forest through the protection of water sources, recovery of riparian vegetation and water recharge areas, agroforestry, and silvopastoral systems. Rio Rural stimulates the soil conservation management and rational use of water in micro-catchment basins,
What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives? The context of economic growth and installation of large enterprises in the state leads to profound social and environmental changes. The scenario brings new opportunities for agriculture, facing the
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 challenge of increased competitiveness, production of healthy and diversified food with low environmental impact to an increasingly demanding market. One of the major challenges is the sustainability of activities. Notwithstanding Rio Rural has leveraged more than R$ 30 million in joint investments, the engagement of the private sector and of the environmental sector is still shy compared to the potential interface with the services and benefits from the family farming. Integrating funds at the local, state and federal levels has been a constant search, as well as encouraging the role of the rural population. For this, it is necessary to break the barrier of individualism in the countryside and promote collective activities, cooperatives and associations. Another challenge is maintaining and expanding the systematic provision of extension services and research focused on developing technologies tailored to the small farmer. These services are essential as they provide information and knowledge helping to qualify the production and promote competitive access of small farmers to the market. To this end, Rio Rural has established partnerships with research, extension and development institutions, both nationally and internationally, for
the technological and methodological development by establishing the training, using an innovative and collaborative way of network training, focusing on agroecological management of production systems. Another sector challenge is to strengthen the infrastructure and communications networks for access to information and markets by creating accreditation tools and collaborative, approach and negotiations platforms, uniting producers and consumers, chains of technical assistance, rural extension, research, and public policies. The two main focuses shall be on market access and knowledge sharing on practices, technologies and sustainable agricultural systems, joining efforts with NGOs, private sector, and research institutions. Additionally, information systems can help reduce the vulnerability of rural populations to increasingly more frequent extreme weather events.
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How could other agriculture related agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work? It is essential to establish and strengthen management tools which encourage the participation of local actors in the development process. In this regard, Rio Rural Program has been promoting exchanges of experiences and articulations to integrate public policies and funds including the private sector. The micro-catchment basin approach enables a wide-ranging diagnosis of the main factors linked to rural development, therefore, it applies to multi-sectorial planning. Municipal governments of the countryside municipalities, micro-catchment basin committees, companies and NGOs have been using tools like Participatory Rural Diagnosis and Executive Plan for Micro-Catchment Basins to make their policies and investments more effective and tailored to the local realities.
in Africa. The United Nations for Food and Agriculture Organization (FAO) has promoted exchange programs with project managers of micro-catchment basins and rural development in Africa, focusing on strengthening associations, mobilizing public and private funds and encouraging the entrepreneurship.
Internationally speaking, the strategy of leveraging funds through politicalinstitutional articulations, besides promoting self-management community, has served as a reference for countries
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Resumen del caso El Programa de Desarrollo Rural Sostenible en las Micro Cuencas Hidrográficas del Estado de Río de Janeiro - RIO RURAL promueve las buenas prácticas de producción integradas a la conservación ambiental en el campo, teniendo el agricultor familiar como principal aliado en la gestión sostenible de los recursos naturales y la mejora de producción agropecuaria. Desarrollado por la Dirección de Estado de Agricultura y Ganadería (SEAPEC), a través de la Superintendencia para el Desarrollo Sostenible, en colaboración con el Banco Mundial y la FAO, el programa fomenta la autogestión de las comunidades existentes en las Micro Cuencas Hidrográficas. El Río Rural proporciona asistencia técnica, incentivos financieros y entrenamiento que promueve la adaptación de las tecnologías a los agricultores para la adopción de prácticas agroecológicas, adición de valor y la mejora de la calidad de los productos agrícolas, al mismo tiempo en el que estimula la diversificación con actividades no agrícolas de bajo impacto y protección del medio ambiente. Hasta el 2018 se invertirán más de R$ 500 millones en favor del 85% de la población
rural del Estado, que cubre 2,5 millones de hectáreas (95% del área agrícola bajo sistemas de producción). Todas las actividades del Río Rural van dirigidas para mejorar la calidad de vida de las familias, y buscan garantizar la inclusión social, la seguridad alimentaria y la infraestructura (carreteras, alcantarillado y telefonía rural). El programa lleva a cabo actividades medioambientales y la difusión de buenas prácticas, estimula el papel de las organizaciones comunitarias en la toma de decisiones, la participación democrática y el compromiso de los agricultores, las mujeres y los jóvenes rurales. Además, se busca la coordinación más eficaz de los partenariados públicos y privados para la promoción efectiva del desarrollo rural sostenible.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? Se creó el Programa Río Rural en 2005, en vista de la necesidad de revertir las altas tasas de pobreza rural y la degradación medioambiental identificadas en las áreas de mayor concentración de la agricultura familiar del Estado de Río de Janeiro. El programa nació con la intención de ayudar a los agricultores a cambiar para sistemas
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 productivos más rentables y amigables con la conservación de los recursos naturales, con el fin de satisfacer las nuevas demandas del mercado por alimentos más limpios y saludables, a la vez que integra los temas principales de hoy en día, tales como la seguridad alimentaria, la economía solidaria, la gobernanza, la provisión de servicios ambientales, la mitigación y la adaptación al cambio climático y la conservación de la biodiversidad. En este escenario, el Río Rural adoptó enfoques participativos para aumentar la conciencia y el compromiso de las comunidades rurales en el diagnóstico y la toma de decisión para superar los problemas sociales, económicos y medioambientales que impiden el desarrollo sostenible. Promovió la formación y entrenamiento de los trabajadores de extensión rural y los agricultores, brindándoles herramientas que facilitan la integración estratégica de las iniciativas de múltiples sectores y el acceso a los incentivos financieros para la mayor eficacia de sus acciones en el largo plazo. Desde 2006 hasta 2011, el programa ejecutó un proyecto piloto en el Norte y Noroeste del Estado de Río de Janeiro utilizando recursos del Fondo Global para el Medio Ambiente (GEF), beneficiando a 4.000 familias. Un segundo proyecto, que
se aprobó por el Banco Mundial en 2009, ascendió a aproximadamente R$ 200 millones, con un enfoque en la sostenibilidad y la competitividad de la agricultura familiar. Con los resultados que se obtuvo y ante la coyuntura de oportunidades económicas en el estado, una nueva financiación en el importe de R$ 250 millones está ampliando las actividades hasta 2018.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? Hoy en día, 20.673 familias de 217 Micro Cuencas hidrográficas están involucradas en las actividades del programa, participan en la gestión local a través de los comités de micro cuencas hidrográficas, organizados en 818 grupos de identidad. Alrededor de 7.800 agricultores familiares ya adoptan sistemas productivos y sostenibles. Los agricultores, los jóvenes y las mujeres, los pescadores, los estudiantes, la municipalidad y los consejos municipales para el desarrollo rural, toda la sociedad local está democráticamente involucrada en reuniones de sensibilización, conferencias, entrenamientos y toma de decisiones para el desarrollo territorial. Entre los más de 5.000 proyectos apoyados por el Río Rural se incluyen casi 100 prácticas sostenibles, como
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 sistemas de agroecología y agrosilvicultura, labranza cero, crianza de gallina de granja, manejo sostenible de pastos, apicultura, agroindustria familiar, equipos y estructuras de beneficiamento, artesanía, pesca artesanal, además de mejorar la infraestructura de carreteras, alcantarillado y actividades de conservación de los recursos naturales, tales como la protección de los manantiales, la recuperación de la vegetación de ribera, el abono orgánico, el abono verde, entre otros. Hasta el 2018, el programa beneficiará a 78.000 agricultores (el 85% del total del Estado de Río de Janeiro), residentes de 366 microcuencas en 72 municipios, y 47.000 productores con incentivos directos para la adopción de prácticas y tecnologías sostenibles. Alrededor de 34.000 km de ríos se preservarán más por la reducción de la carga orgánica y sedimentos, y 14.000 manantiales protegidos, con efectos positivos sobre la biodiversidad, lo que ayuda a mitigar los efectos del cambio climático global y la producción de alimentos más limpios y más sanos beneficiando a toda la población de Río de Janeiro.
¿Cómo funciona el programa? Desde su creación, el Río Rural ha fortalecido la planificación y la toma de decisiones a nivel local, regional y estatal, y ha promovido la buena gobernanza y la integración de recursos públicos y privados para el desarrollo sostenible en el campo. La metodología se basa en la construcción participativa y en el fortalecimiento de la organización comunitaria, estimula el debate sobre los temas y las vocaciones locales, demandas y soluciones, fomenta la adopción de mejores prácticas de producción y conservación medioambiental, además de una coordinación más eficaz de las políticas e iniciativas alineadas con las necesidades locales. Los principales ejecutores de Río Rural son la Empresa de Asistencia Técnica y Extensión Rural y la Empresa de Investigación Agropecuaria del Estado de Río de Janeiro (Emater-Río de Janeiro y Pesagro-Río de Janeiro). El programa también cuenta con varios socios en los niveles local, estatal y federal. Cada microcuenca desarrollada por el Río Rural pasa por un proceso de presentación y adhesión voluntaria a un programa que involucra a las comunidades y el gobierno local. A partir de una evaluación rural participativa, se establecen prioridades, problemas y posibles sitios
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 a desarrollarse. Los distintos grupos de identidad de cada microcuenca forman un comité directivo (COGEM), responsable de las decisiones, implementación y monitoreo local de las actividades del programa. La principal herramienta de planificación para el desarrollo sostenible de las comunidades es el Plan Ejecutivo de las Microcuencas (PEM) que se preparó de una manera participativa, bajo la dirección del comité directivo, que consolida las estrategias de mejora de conductos para la generación de ingresos y la preservación del medio ambiente. El PEM es también una herramienta para el diálogo con otras instituciones para apalancar los recursos y las alianzas, ya que incluye actividades en varios sectores que van dirigidos a mejorar la calidad de vida local. Después de la etapa de planificación, el Río Rural aporta el apoyo financiero no reembolsable y asistencia técnica en la ejecución de proyectos, individuales y colectivos, con el fin de fortalecer los grupos de identidad de las microcuencas, la transición agroecológica y el uso de tecnologías de bajo impacto medioambiental. El plan de desarrollo individual (PDI) es la herramienta que se utiliza para describir las prácticas que serán adoptadas por los agricultores en sus unidades de producción,
el resultado de un plan de acción construida horizontalmente, con la asistencia del trabajador de extensión rural. Este proceso resulta en la gestión sostenible de los recursos naturales, en la producción de alimentos sanos, en la reducción del uso de insumos externos y la gradual adecuación ambiental de la propiedad. Como contrapartida a los incentivos del Programa, los beneficiarios se reservan una parte de sus propiedades para la conservación medioambiental y recuperación de la Mata Atlántica, a través de la protección de las manantiales, recuperación de la vegetación de ribera y áreas de recarga de agua, sistemas silvopastoriles y agroforestales. El Rio Rural estimula la gestión de la conservación del suelo y el uso racional del agua en las microcuencas hidrográficas, la protección de la biodiversidad y el aumento de las reservas de carbono en el paisaje rural. Para estimular las prácticas y sistemas sostenible adaptados a la realidad socioeconómica y medioambiental de micro cuencas hidrográficas, el programa despliega unidades de investigación participativa y experimentos a largo plazo junto con los agricultores y las instituciones asociadas, que sirven como áreas de difusión y aprendizaje sobre las tecnologías
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 agroecológicas. La innovación tecnológica, la mayor eficiencia productiva y una mejor calidad de los alimentos son los resultados tangibles de las tecnologías aportadas, lo que facilita la integración del mercado y el acceso a las políticas públicas, tales como el Programa de Adquisición de Alimentos (PAA) y el Programa Nacional de Alimentación Escolar (PNAE) para las ventas institucionales.
aún sigue tímida en contra del potencial de interfaz con los servicios y beneficios de la agricultura familiar. La integración de los recursos a niveles local, estatal y federal ha sido una búsqueda constante, así como el fomento del papel de la población rural. Para ello, es necesario romper la barrera del individualismo en el campo y promover las actividades colectivas, las cooperativas y asociaciones.
¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro?
Otro reto es el mantenimiento y la expansión de la provisión sistemática de los servicios de extensión y de investigación que se centraron en el desarrollo de tecnologías adaptadas al pequeño agricultor. Estos servicios son esenciales, ya que proporcionan información y conocimientos que ayudan a calificar la producción y promover el acceso competitivo de los pequeños productores al mercado. Con este fin, el Río Rural ha establecido alianzas con instituciones de investigación, extensión y desarrollo, tanto a nivel nacional como internacional, para el desarrollo tecnológico y metodológico, que establece de forma innovadora y colaborativa de formación en red, centrándose en el manejo agroecológico de los sistemas de producción.
El contexto de crecimiento económico y la instalación de grandes proyectos en el estado llevan a profundos cambios sociales y medioambientales. El escenario ofrece nuevas oportunidades para la agricultura, ante el reto de una mayor competencia, la producción de alimentos saludables y diversificados, con bajo impacto ambiental a una mercado una cada vez más exigente. Uno de los retos importantes es la sostenibilidad de las actividades. A pesar de que el Río Rural ha apalancado más de R$ 30 millones en coinversiones, la participación del sector privado y el sector ambiental
Otro reto del sector es fortalecer las infraestructuras y las redes de comunicaciones para el acceso a la
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 información y los mercados, lo que crea herramientas de acreditación y plataformas de colaboración, acercamiento y negociación, así une los productores y los consumidores, redes de asistencia técnica, extensión rural, investigación y políticas públicas. Los dos enfoques principales deben ser el acceso al mercado y el intercambio de conocimientos sobre las prácticas, las tecnologías y los sistemas de agricultura sostenible, sumando los esfuerzos con las ONGs, el sector privado e instituciones de investigación. Además, los sistemas de información pueden ayudar a reducir la vulnerabilidad de las poblaciones rurales a los fenómenos meteorológicos extremos cada vez más frecuentes.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo? Es esencial establecer y fortalecer los mecanismos de gestión que fomenten la participación de los actores locales en el proceso de desarrollo. En este sentido, el Programa Río Rural lleva promoviendo el intercambio de experiencias y las articulaciones para la integración de políticas públicas y recursos, incluido el sector privado.
La metodología de microcuencas permite el diagnóstico integral de los principales factores relacionados con el desarrollo rural, por lo tanto, se aplica a la planificación multisectorial. La municipalidades de los municipios del campo, comités de microcuencas hidrográficas, empresas y ONGs utilizan herramientas como la Evaluación Rural Participativa y el Plan Ejecutivos de Microcuencas y para hacer que sus políticas e inversiones sean más eficaces y adaptadas a las realidades locales. A nivel internacional, la estrategia de apalancamiento de recursos a través de los vínculos político-institucionales, además de promover la autogestión comunitaria, han servido de referencia para los países de África. La Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO) promovió los intercambios con los directores de proyectos de microcuencas hidrográficas y el desarrollo rural del continente africano, centrándose en el fortalecimiento de las asociaciones, movilización de recursos públicos y privados y fomento el espíritu empresarial.
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Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) The Integrated and Sustainable Ecological Livestock Production Project - PAIS Producción Agroecológica Integrada y Sostenible - PAIS
SEBRAE Paraíba
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Resumo do caso O projeto PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável) é uma tecnologia social que visa uma nova alternativa de trabalho e renda para a agricultura familiar, possibilitando o cultivo de alimentos saudáveis, além de melhorar a qualidade de vida das comunidades atendidas. A prática é implementada através de ações que funcionam a partir dos seguintes aspectos: agroecologia (dispensa o uso de agrotóxico, queimadas e desmatamentos); integração (alia a criação de animais com a produção vegetal e ainda utiliza insumos da propriedade em todo o processo produtivo); sustentabilidade (preserva a qualidade do solo e das fontes de água, incentiva o associativismo dos produtores e aponta novos canais de comercialização dos produtos, permitindo boas colheitas); social (engloba os agricultores de baixa renda, assentados em projetos de reforma agrária, produtores de áreas remanescentes de quilombos, participantes de programas sociais do Governo Federal que residem em áreas menos favorecidas). O PAIS contribui com o desenvolvimento econômico e social de pequenos negócios rurais, assegurando, através do uso correto da metodologia, a produção para o consumo familiar e comercialização do excedente
de produção. Possibilita também avanços no sistema produtivo, com tecnologias de baixo custo e alta eficiência.
Por que o programa de sustentabilidade foi criado? Na Paraíba, o PAIS teve início em 2006, como uma nova alternativa de trabalho e renda para a agricultura familiar. Com o programa, pequenas propriedades puderam se transformar em pequenos negócios que produzem alimentos para o sustento da família e para serem comercializados. Através de uma técnica, comprovadamente viável, que reúne simplicidade, baixo custo e produtividade – elementos essenciais para o sucesso do pequeno empreendedor – foram colocados em prática novos modelos que favorecem a preservação do meio ambiente. O PAIS estimula a produção sem agrotóxicos, a adoção de práticas de produção agrícola sem agressão ao meio ambiente em pequenas unidades produtivas familiares e o correto manejo dos recursos naturais. Evita ainda desperdícios de água, alimento, energia e tempo do produtor, promovendo a alimentação saudável nas famílias produtoras, induzindo ao empreendedorismo, por meio das vendas do excedente.
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Quem se beneficia deste programa e de que forma? Atualmente, o programa possui 497 unidades implantadas em 42 municípios paraibanos e está implantando 105 novas unidades este ano. Os agricultores beneficiados pelo programa recebem capacitações tecnológicas e empreendedoras, ações de acesso a mercado e acompanhamento técnico, coordenados pelo Sebrae Paraíba. Como resultado destas ações, várias feiras agroecologicas têm surgido no Estado, com o fortalecimento da comercialização destes produtos em mercados livres e pontos de grande circulação. Dentre as principais melhorias percebidas no grupo atendido pelo programa estão: aumento da renda familiar, garantia da segurança alimentar, ocupação para os membros da família (em especial as mulheres), prática do associativismo, responsabilidade ambiental e realização das práticas agroecológicas. Atualmente, mais de 2 mil pessoas são atendidas direta ou indiretamente pelo programa, com uma renda média mensal por família entre um salário mínimo e R$ 4 mil (a depender do perfil produtivo de cada agricultor e das culturas escolhidas), além da geração
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 de mais de R$ 300 mil em negócios na Paraíba, durante o ano de 2013.
Como funciona o programa? Cada unidade do PAIS reúne um galinheiro no centro, uma horta ao redor e um quintal agroecológico, tudo movido por um sistema de irrigação por gotejamento, o que evita o desperdício de água. Cada família da unidade recebe um kit, composto por equipamentos para irrigação, telas, arames, ferramentas, dez galinhas, um galo, sementes de hortaliças e mudas frutíferas, além de material para construção de viveiro e mudas. Nas unidades implantadas são cultivadas mais de 40 tipos de hortaliças, como alface, couve, cenoura, coentro, couve-flor, repolho, espinafre, cebolinha, rabanete, quiabo, maxixe, abóbora, chicória e rúcula, entre outras. Os produtos são comercializados em feiras convencionais e agroecológicas, além de supermercados. O programa foi iniciado em 2006, mas a partir de 2011, após um convênio firmado entre o Sebrae na Paraíba e a Fundação Banco do Brasil, foi criada a assistência técnica continuada aos agricultores familiares. A partir daí, duas vezes por mês, os agricultores começaram a receber a visita dos técnicos do Sebrae e uma vez por mês de um agrônomo. Com isso, eles
tiram todas as dúvidas, corrigem o que está errado e melhoram a produção. A assistência também inclui treinamentos e capacitações oferecidos pelo Sebrae. No final de 2012, o programa agregou mais uma ferramenta importante: o PaisWeb, um programa criado pelo setor de tecnologia da informação que permite aos técnicos traçar um perfil sócio econômico de cada unidade. Os dados coletados em cada unidade são lançamos no programa de computador e, a partir das informações, pode-se acompanhar diariamente a quantidade de produtos orgânicos produzidos e se ter um controle do consumo e da venda. O software também faz o mapeamento por GPS das unidades do PAIS para facilitar o acesso a essas localidades. O PAIS é gerenciado pelo Sebrae e financiado pela Fundação Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na Paraíba, tem parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (campus de Sumé), Universidade Estadual da Paraíba (campus de Lagoa Seca), Universidade Federal da Paraíba (campus de Areia e Bananeiras), Instituto Federal da Paraíba (campus de Picuí), Projeto Dom Helder Câmara e prefeituras municipais.
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Quais os desafios para a implantação do programa, para mantê-lo em funcionamento, e quais as perspectivas futuras para o mesmo? Um dos grandes desafios para a implantação do programa na Paraíba é a escassez de recursos hídricos. O Estado enfrenta de maneira sistemática esse evento climático, sendo um fator limitante para produção. No entanto, o projeto é realizado em parceria com os centros universitários e, por meio de equipe técnica, incentiva a inovação e repassa aos produtores rurais maneiras de como conviver com a estiagem. O desenvolvimento de tecnologias inovadoras possibilita avanços no sistema produtivo, com tecnologias de baixo custo e alta eficiência. O programa segue em constante crescimento no Estado, tendo como meta para o ano de 2014, instalar mais 105 unidades nas microrregiões do Brejo e do Cariri paraibano, bem como despertar a visão empreendedora dos agricultores, possibilitando melhores condições para condução dos cultivos. A coordenação do programa vem trabalhando em prol da certificação desses produtores, para que eles possam aumentar os canais de
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 comercialização, chegando às redes de supermercados do país.
grandes
Como outros agentes ligados à agricultura e aos produtores rurais podem iniciar um programa de sustentabilidade como este e inseri-lo em sua rotina de trabalho? Para iniciar um programa ligado à sustentabilidade é necessária uma quebra de paradigma ligada a modelos de produção, que visam o uso excessivo dos recursos naturais e aplicação indiscriminada de agroquímicos, por uma forma de produção com práticas sustentáveis e inovadoras. O projeto PAIS reúne muitos princípios da sustentabilidade, visando à obtenção de alimentos saudáveis, preservando o meio ambiente, e possibilitando a geração de emprego e renda e o bem estar dos produtores.
galinha serve para adubar as plantas es os restos das plantass como alimento para as galinhas. Além disso não há o uso de insumos químicos. Para inserir o PAIS em sua rotina de trabalho, o produtor rural interessado pode procurar uma das agências do Sebrae no Estado da Paraíba e solicitar uma visita técnica à propriedade rural. Durante essa visita, o técnico analisa questões sociais, econômicas e ambientais do local e elabora um parecer técnico traçando o perfil do produtor.
Para ter um ambiente sustentável, é preciso ter um ambiente interligado, o chamado agroecossistema, onde todas as atividades produtivas são integradas, completando umas às outras, tornando-se um ciclo. A ideia é que possamos “imitar” a natureza. É possível citar como exemplo o próprio projeto PAIS, no qual o esterco da
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Case summary The Integrated and Sustainable Ecological Livestock Production Project - PAIS represents a social technology that seeks a new source of employment and income for the family farm, allowing healthy foods cultivation and improving the quality of life of the communities served. The practice is implemented through the actions that work from the following aspects: Ecological livestock (avoiding the use of pesticides, burning and deforestation); integration (joining livestock with crop production while using the property inputs in the entire production process); sustainability (preserving the quality of soil and water sources, encouraging associations of producers and indicating new channels for commercializing products, allowing good harvests); social (including farmers in lowincome settlements engaged in land reform projects, remnant producers of Quilombos, participants in social programs of the Federal Government residing in disadvantaged areas). The PAIS contributes to the economic and social development of small rural business, ensuring, through the proper use of the methodology, the production for household consumption and sale of surplus production. Also enables advances in the productive system, with low cost and highly efficient technologies.
Why was the sustainability program created? In Paraíba, the PAIS began in 2006 as a new alternative of employment and income for the family agriculture. With this program, small farms became small businesses that produced food to support the family and to be commercialized. Through a technique proven feasible, which brings together simplicity, low cost and productivity essential elements for the success of small entrepreneurs - new models that favor the preservation of the environment were put into practice. The PAIS stimulates the production free of pesticides, along with the adoption of farming practices harmless to the environment in small family production units, and the correct management of natural resources. The program also avoids the waste of water, food, energy and time, promoting healthy food consumption in producing families, leading to entrepreneurship, through sales of surplus.
Who benefits from this program, and how? The program has 497 units deployed in 42 cities in Paraiba, and is deploying 105
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 new units this year. Farmers benefited from the program, receive technological and entrepreneurial skills assessment, actions of market access training and technical assistance, coordinated by Sebrae Paraíba. As a result, several agro-ecological fairs have emerged in the state strengthening the commercialization of these products in free markets and places of great circulation. Among the major improvements found in the population served by the program are: increased household income; food security guarantee; employment for family members, especially women; practice of associativism, environmental responsibility and ecological practices conducting. Currently, over two thousand people are served directly or indirectly by the program, with a monthly family income, between a minimum wage and R$ 4.000 (depending on the production profile of each farmer and the chosen culture), plus generating over R$ 300.000 in Paraiba’s state business in 2013.
How does the program work? Each PAIS unit has its own chicken coop in the center, a vegetable production area that surrounds it along with an agroecological yard, all powered by a drip irrigation system which avoids wasting water. Each family unit receives a kit, consisting of
irrigation equipment, fabrics, wires, tools, ten chickens, one rooster, vegetable seeds and fruit seedlings, as well as materials for construction and nursery seedlings. In the deployed units, over 40 types of vegetables are cultivated such as lettuce, cabbage, carrot, coriander, cauliflower, cabbage, spinach, scallions, radishes, okra, gherkin, pumpkin, chicory and arugula, among others. The products are commercialized in conventional, agro ecological fairs as well as in supermarkets. The program started in 2006, but from 2011, after an agreement between the Sebrae Paraíba and the Bank of Brazil Foundation, continued technical assistance to family farmers was created. Ever since that, twice a month, farmers began to receive visits from Sebrae technicians and once a month for an agronomist. With such assessment, they are able to clear all doubts, correct what is wrong and improve production. The assistance includes training and capacity building offered by Sebrae. In late 2012, the program has added another important tool: the PaisWeb, a program created by the information technology industry that allows technicians to construct a socioeconomic profile for each unit. The collected data in each unit is launched
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 into the computer program and, from such information it is possible to follow the daily amount of organic goods produced and to have better control of its consumption and sale. The software also develops mappings via GPS of the PAIS units to facilitate access to these locations. The PAIS is managed by Sebrae, funded by the Bank of Brazil Foundation and The National Bank for Economical and Social Development (BNDES). In Paraiba it has partnership with the Federal University of Campina Grande (Sumé Campus), State University of Paraíba (Lagoa Seca Campus), Federal University of Paraíba (Campuses os Areia and Bananeiras), Federal Institute of Paraíba (Picuí Campus), Dom Helder Câmara Project and Municipal Governments.
partnership with universities, and through technical staff, it encourages innovation and it transfers to farmers, ways to cope with the drought. The development of innovative technologies enables advances in the productive system, with low cost and highly efficient technologies. The program is under constant growth in the state, having as a goal for this year (2014), installing over 105 units in the micro-regions of wetlands (brejo) and Paraiba Cariri, also to awaken the entrepreneurial vision of farmers, enabling better conditions for the conduction of agriculture. The coordination of the program has been working towards the certification of the producers, so they can increase sales channels, reaching the major supermarket chains in the country.
What were the challenges in program implementation, to keep it running, and what are its future perspectives?
How could other agriculturerelated agents and farmers start a similar sustainability program and incorporate it into their everyday work?
One of the major challenges for the implementation of the program in Paraíba is the scarcity of water resources. The state faces in a systematic way this climatic event, being a limiting factor for production. However, the project is conducted in
To start a sustainability program is needed a break from the paradigm regarding production models that adopt a overuse of natural resoureces and the indiscriminate use of agrochemicals, replacing it with a form of production with sustainable and
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 innovative pratices. The rupture would introduce a production with sustainable and innovative practices form. The PAIS project brings together many principles of sustainability aiming to obtain healthy foods preserving the environment, the generation of employment as well as of income and of welfare for the farmers. To have a sustainable environment it must have an interconnected environment, the so-called agro-ecosystem, where all productive activities are linked completing each other, building a cycle. The idea is that we can “mimic” nature. It is possible to cite as an example the PAIS project itself, in which the chicken manure is used to fertilize plants, and plant waste is used to feed the chickens. There is no use of chemical inputs. In order to start the PAIS in your work routine, the farmer can look for one of the Sebrae agencies in the State of Paraíba and request a technical visit for his farm. During this visit, the technician will exam the social, economic and environmental issues of the place and prepares a technical report outlining the profile of the producer.
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Resumen del caso El proyecto PAIS (Producción Agroecológica Integrada y Sostenible) se formula como una tecnología social que objetiva una nueva alternativa de trabajo y renta para la agricultura familiar, posibilitando el cultivo de alimentos saludables, además de mejorar la calidad de vida de las comunidades atendidas. La práctica es implementada a través de las acciones que funcionan a partir de los siguientes aspectos: agroecología (eliminando el uso de pesticidas, quemas y deforestación); integración (uniendo la cría de animales con la producción vegetal, utilizando tales elementos en todo el proceso productivo); sostenibilidad (preserva la calidad del suelo y de las fuentes de agua, incentiva el asociacionismo de los productores y apunta nuevos canales de comercialización de los productos, permitiendo buenas cosechas); social (engloba a los agricultores de baja renta, asentados en proyectos de reforma agraria, productores de áreas remanecientes de áreas de “quilombos”, participantes de programas sociales del Gobierno Federal que residen en áreas desfavorecidas). El PAIS contribuye con el desarrollo económico-social de pequeños negocios rurales, asegurando a través del uso correcto de la metodología, la producción
para el consumo familiar y comercialización del excedente de producción. Permite igualmente, avances en el sistema productivo, con tecnologías de bajo coste y alta eficiencia.
¿Por qué se creó el programa de sostenibilidad? En Paraíba, el PAIS comenzó en 2006, como una nueva alternativa de trabajo y renta para la agricultura familiar. Con dicho programa, pequeñas propiedades pudieron transformarse en pequeños negocios que producen alimentos para el sustento de las familias y para ser comercializados. A través de una técnica, comprobadamente viable, que reúne simplicidad, bajo coste y productividad – elementos esenciales para el éxito del pequeño emprendedor-, fueron colocados en práctica nuevos modelos que favorecen la preservación del medio ambiente. El PAIS estimula la producción sin pesticidas; la adopción de prácticas de producción agrícola sin agresión al medio ambiente en pequeñas unidades productivas familiares y el correcto manejo de los recursos naturales. Asimismo, evita malgastar agua, recursos alimenticios, energía y tiempo de producción, fomentando la alimentación saludable de las familias productoras,
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 induciendo el espíritu emprendedor, por medio de las ventas de los excedentes.
¿Quién se beneficia de este programa y cómo? Actualmente, el programa posee 497 unidades implantadas en 42 municipios del estado de Paraíba, y se están implantando 105 nuevas unidades este año. Los agricultores beneficiados por el programa reciben instrucción tecnológica y emprendedora, acciones de acceso al mercado y asistencia técnica, coordenados por el Sebrae Paraíba. Como resultado de estas acciones, varias ferias agroecológicas han surgido en el Estado, con el fortalecimiento de la comercialización de estos productos en mercados libres y en centros de gran circulación. De entre las principales mejorías encontradas en el grupo atendido por el programa, se destacan: aumento de la renta familiar, garantía de seguridad alimentar, ocupación para los miembros de la familia(en especial, las mujeres), práctica del asociacionismo, responsabilidad ambiental y realización de las prácticas ecológicas. Actualmente, más de dos mil personas son atendidas, directa o indirectamente, por el programa, con una renta mensual por familia, entre un salario
mínimo y 4000 reales (dependiendo del perfil productivo de cada agricultor y de la cultura elegida), además de la generación de más de trescientos mil reales en negocios, en Paraíba, durante el año 2013.
¿Cómo funciona el programa? Cada unidad del PAIS reúne un gallinero en el centro, una huerta alrededor y un patio agroecológico, todo ello, sostenido por un sistema de riego por goteo, evitando así el desperdicio de agua. Cada familia de la unidad recibe un kit, compuesto por equipamientos para regar, telas, alambres, herramientas, diez gallinas, un gallo, semillas de hortalizas y pequeños árboles frutales, además de material para la construcción de viveros. En las unidades implantadas son cultivadas más de 40 tipos de hortalizas, como lechugas, coles, zanahorias, culantro, coliflores, repollos, espinacas, cebollas, rábanos, okra, pepinillos, calabazas, achicorias y rúculas entre otras. Los productos son comercializados en mercados convencionales y agroecológicos, además de en supermercados. El programa comenzó en 2006, pero fue a partir de 2011, tras un convenio firmado entre el Sebrae Paraíba y la Fundação
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 Banco do Brasil, que se creó la asistencia técnica continuada a los agricultores familiares. A partir de este momento, dos veces al mes, los agricultores comenzaron a recibir la visita de los técnicos del Sebrae, y una vez al mes, de un agrónomo. Con ello, resuelven todas las dudas, corrigen aquello erróneo, mejorando la producción. La asistencia incluye asimismo entrenamiento y capacitaciones técnicas, ofrecidas por el Sebrae. A finales de 2012, el programa añadió una herramienta importante: PaisWeb, un programa creado por el sector de tecnología de la información que permite a los técnicos trazar un perfil socio-económico de cada unidad. Los datos recogidos en cada unidad son cargados en el software, y a partir de las informaciones, pueden acompañarse diariamente la cantidad de orgánicos producidos, permitiendo un control del consumo y ventas de forma detallada. Dicho software, realiza del mismo modo, un mapa GPS de las unidades PAIS, facilitando el acceso a esas localidades. El PAIS se gestiona por medio del Sebrae y lo financia la Fundación Banco de Brasil y el Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social (BNDES). En Paraíba, existen
acuerdos con la Universidad Federal de Campina Grande (campus de Sumé), la Universidad Estadual da Paraíba (campus de Lagoa Seca), la Universidad Federal da Paraíba (campus de Areia y Bananeiras), el Instituto Federal de Paraíba (campus de Picuí), el proyecto Dom Helder Câmara y las municipalidades.
¿Cuáles son los retos para la implantación del programa, para mantenerlo en funcionamiento y cuáles son sus perspectivas de futuro? Uno de los grandes desafíos para la implantación del programa en Paraíba es la escasez de recursos hídricos. El Estado enfrenta de forma sistemática ese evento climático, siendo un factor limitante para la producción. No obstante, el proyecto se realiza en asociación con los centros universitarios y, por medio del equipo técnico, incentiva la innovación y traspasa a los productores rurales formas de convivir con el estiaje. El desarrollo de tecnologías innovadoras, posibilita avances en el sistema productivo, con tecnologías de bajo coste y alta eficiencia. El programa continúa en constante crecimiento en el Estado, contando como
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015 meta para este año 2014, instalar otras 105 unidades en las microrregiones del Brejo y de la región del Cariri en el estado de la Paraíba, así como estimular la visión emprendedora de los agricultores, permitiendo mejores condiciones para la conducción de los cultivos. La coordinación del programa viene trabajando en pro de la certificación de esos productores, para que puedan aumentar los canales de comercialización, llegando a grandes redes de supermercados del país.
Para contar con un ambiente sostenible, resulta necesario contar con un ambiente interconectado: el llamado agro-ecosistema, donde todas las actividades productivas están interrelacionadas, completando la una a la otra, generando un ciclo. La idea es que podamos “imitar” a la naturaleza. Es posible citar como ejemplo al propio proyecto PAIS, en el cual, el estiércol de gallina, sirve para abonar a las plantas, de la misma forma que los restos de las plantas sirven de alimento para las gallinas.
¿Cómo otros agentes vinculados a la agricultura y a los productores rurales pueden iniciar semejante programa de sostenibilidad e introducirlo en su rutina de trabajo?
No existe espacio para el uso de productos químicos. Para insertar el PAIS en su rutina de trabajo, el productor rural interesado puede buscar una de las agencias del Sebrae del Estado de Paraíba y solicitar una visita técnica a la propriedad rural. Durante dicha visita, el técnico analiza cuestiones tanto sociales, como económicas y ambientales del local, emitiendo finalmente un parecer técnico, trazando un perfil del productor.
Para iniciar un programa relacionado con la sostenibilidad, resulta necesario romper el paradigma ligado a modelos de producción, que objetivan el uso excesivo de los recursos naturales y la aplicación indiscriminada de agroquímicos, por una forma de producción con prácticas sostenibles e innovadoras. El proyecto PAIS reúne muchos principios de la sostenibilidad, con el objectivo de la obtención de alimentos saludables, preservando el medio ambiente, creando empleo y renta, así como mejorando el bienestar de los productores.
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Gestão Sustentável na Agricultura - 2015
Central de Relacionamento 0800 704 1995 www.agricultura.gov.br
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