Símbolos Nacionais da Galiza Entendendo a Heráldica e a Vexilologia galega
A Hóstia e a representação da morte do sol no Fisterra Atlântico
Como símbolo pagão, a Hóstia que desce para o Cálice, simboliza o sol antes de morrer no Atlântico, no Fisterra, onde termina a terra. Nas antigas religiões atlânticas e indo-europeias de raiz pagã, o Deus sol morre no mar e é levado num «barco de pedra» ao fim do mundo, para voltar a reaparecer ou voltar da morte no dia seguinte. É uma representação galega de tradição milenar.
O Cálice, caldeirão ou o «barco de pedra»
O Santo Graal como armas do Reino da Galiza aparece documentado pola primeira vez em 1282 no Armorial Segar da Inglaterra. Na sua interpretação pagã, o Cálice representa o «barco de pedra», o símbolo do Fisterra, o útero da terra onde morre o sol e onde é transportado cara o além, cara o fim do mundo. Na tradição galaica, os guerreiros levam caldeirões, o que lhes permite ficar no mundo dos vivos e não ultrapassar a porta que os deixaria no mundo dos mortos. Esta representação é similar à que aparece no caldeirão de Gundestrup. Cálice do Cebreiro. S. XII Igreja de Santa Maria. O Cebreiro. Galiza.
Solpor em Larinho. Galiza.
Escudo de armas do Rei da Galiza Armorial Segar. Inglaterra. 1282. College of Arms. Londres.
Dragão verde Galaico
Amplamente documentados na simbologia nacional galega, o Dragão verde e o Leão roxo simbolizam as armas do Galliciense Regnum. O Dragão verde galaico de duas patas em forma de serpe alada é um ser feminino, um guardião dos tesouros, do sagrado pagão, daquilo que tem valimento. Também representa a soberania feminina guerreira, capaz de mudar em mulher formosíssima se houver alguém capaz de ver sua beleza baixo seu aspecto feroz e terrível. Além da referência histórica da Junta Geral do Reino da Galiza de 1669, estes animais são também representados pola heráldica histórica galaica e nas tradições e lendas populares.
O Leão roxo do Reino da Galiza
O Leão roxo aparece também referenciado junto com o Dragão verde na Junta Geral do Reino da Galiza do 15 de Fevereiro de 1669 e ambos são descritos sob um «campo dourado» fazedo parte do escudo de armas do Galliciense Regnum Suevo do S. V d.C. O simbolismo do Leão roxo é muito importante também depois do 910 d.C. uma vez que se consolida a corte do «Regnum» galaico na cidade de Leão com Ordonho II.
Trisquel Galaico
Dragão, Cálice e Leão. Relevo em pedra. Brasão de Coimbra. Estátua de Joaquim António de Aguiar. Largo da Portagem. Coimbra. Portugal.
O Galliciense Regnum Suevo
O Reino Suevo da Galiza [Galliciense Regnum], constituido no 410 d.C. com o reinado de Hermerico, é considerado o primeiro reino independente da Europa após a queda do Império Romano. Baixo o reinado de Requiário, foi também o primeiro reino da Europa que cunhou moeda: o Sólidos Galiciano.
Moeda do Reino Suevo da Galiza. IUSSU RICHIARI REGES [Por ordem do Rei Requiário] Inscrição na parte traseira da moeda. Biblioteca Nacional da França. Paris.
O trisquel é um símbolo mágico e religioso muito presente em diversos castros e monumentos da Gallaecia. Representa a triplicidade dentro da unidade própria da religiosidade celta. O trisquel representa também os três elementos da existência material: a água, o ar e o fogo. Se girar para a direita encarna o mundo dos vivos e se girar para a esquerda o dos mortos.
Dentro da tradição galaica, o leão representa a força, o herói masculino, o domínio, a protecção, a masculinidade e a soberania do rei. Afonso VIII de Galiza e Leão ADEFONSUS REX LEGIONENSIUM ET GALLECIE Catedral de Santiago de Compostela. Galiza.
As sete cruzes
Trisquel Galaico. Idade do Ferro. Museo Arqueolóxico do Castro de Santa Trega. A Guarda. Galiza.
Terminação de Torques de Ouro Adornado com Trisquel Galaico. Idade do Ferro. Museo Arqueolóxico do Castro de Santa Trega. A Guarda. Galiza.
Bandeiras Bandeira Nacional Civil
A bandeira galega moderna nasceu no S. XIX a partir da bandeira naval da Corunha representada pola Cruz de Santo André de cor azul sobre um fundo branco. Esta bandeira apresentava uns traços similares à bandeira escocesa mas com as cores invertidas. No ano 1891, a Cruz de Santo André foi modificada para evitar que fosse confundida com a bandeira da marinha imperial russa e ficou no formato que conhecemos hoje. Posteriormente os emigrantes galegos na América começaram a usá-la como bandeira nacional galega, e já avançado o S. XX a banda original transversal procedente da Cruz de Santo André foi ressaltada com mais grossura para dar-lhe mais visibilidade e assim tornar-se finalmente a bandeira nacional civil da Galiza.
Bandeira Histórica do Galliciense Regnum Suevo
Documentados pola heráldica histórica galega, o Dragão verde e o Leão roxo em posição rampante protegendo um cálice ou caldeirão, simbolizam as armas do Galliciense Regnum Suevo do 410 d.C. São dous animais poderosos que inspiram vitalismo, força, e respeito. O Dragão verde simboliza um ser feminino, um guardião dos tesouros, do sagrado pagão, daquilo que tem valimento, enquanto o Leão roxo representa a força, o herói masculino, o domínio, a protecção, e a soberania do rei. Além da referência histórica nos documentos da Junta Geral do Reino da Galiza do 15 de Fevereiro de 1669, onde são descritos sobre um «campo dourado» e fazedo parte do escudo de armas do Regnum, também estão representados na heráldica histórica galaica e nas tradições e lendas populares. O Galliciense Regnum Suevo, constituido no 410 d.C., é considerado o primeiro reino independente da Europa após a queda do Império Romano. Baixo o reinado de Requiário [448-456 d.C.], foi também o primeiro reino da Europa que cunhou moeda: o Sólidos Galiciano.
Proposta de Bandeira Nacional Republicana
A bandeira nacional republicana é igual à bandeira institucional ou de estado mas sem a coroa que representa a monarquia do Reino da Galiza, por ser esta incompatível com uma República Galega. Do mesmo jeito não está ligada a nenhuma ideologia, aspirando a ser a bandeira nacional futura. Incorpora igualmente o escudo de armas da Galiza. O sentido polissêmico do escudo permite interpretar o cálice do Cebreiro relacionado com o mítico rei Artur, ou dentro da tradição galaica do caldeirão, expressão da fertilidade da terra. As cruzes celtas são agregadas ao escudo de armas como elemento decorativo já a partir do S. XVI. Outra interpretação indica que as sete cruzes em volta do cálice representam o setestrelo, as pléiades, o símbolo do norte, dos ártabros.
Na tradição galaica, o número sete, representa o Tudo, a totalidade referida à esfera divina e não humana, o mundo perfeito do divino. As sete cruzes são agregadas ao escudo de armas como elemento decorativo já a partir do S. XVI. Outra interpretação indica que as sete cruzes em volta do cálice poderiam representar o setestrelo, as pléiades, o símbolo do norte, dos ártabros. Uma terceira interpretação diz que as sete cruzes poderiam representar dióceses do Reino da Galiza da Baixa Idade Média e periodo Moderno.
Cruz Celta de Santo André. Museo do Pobo Galego. Santiago de Compostela. Galiza.
Bandeira Nacional Institucional ou de Estado
A actual bandeira galega de Estado ou “institucional” é o resultado da sobreposição do escudo do Reino da Galiza sobre a bandeira civil galega. O escudo do Santo Graal, como armas do Reino da Galiza, aparece documentado pola primeira vez em 1282 no Armorial Segar da Inglaterra, e o seu desenho moderno foi elaborado pola Real Academia Galega em 1972. A RAG sugeriu-lhe à Xunta de Galicia na altura manter o escudo tradicional galego dentro da bandeira nacional moderna. O resultado foi a combinação de ambos símbolos, junto com a coroa que simboliza a monarquia do Reino da Galiza. Esta é a bandeira que se usa nos actos do Governo e nas instituições oficiais galegas. O seu uso vigora desde a aprovação da Lei 5/1984 de Símbolos de Galicia: "A bandeira de Galicia deberá levar cargado o escudo oficial cando ondee nos edificios públicos e nos actos oficiais da Comunidade Autónoma."
Bandeira Histórica Galega da Cruz de Santo André
Originariamente, a bandeira nacional galega conformou-se por uma cruz diagonal azul sobre fundo branco. Esta cruz conhece-se como "Cruz de Santo André". Santo André é o santo patrão de vários países, entre eles a Escócia e a Rússia, que a usam em bandeiras [na Escócia como bandeira nacional, e na Rússia como ensenha naval]. Na Galiza, Santo André é -depois de Santiago- o santo mais popular, com 72 paroquias galegas dedicadas a seu nome. De feito, ainda que Sant-Iago foi originalmente promovido como santo patrão da Galiza pola monarquia galega medieval, a nível popular, o culto a Santo André sempre permaneceu mais arraigado, como demonstra a tradicional obriga espiritual galega de peregrinar ao santuário de Santo André de Teixido. Após um protesto da Rússia, devido a coincidências com a sua bandeira naval, a Espanha promulgou um Decreto o 22 de Junho de 1891 que obrigou a mutilar um dos braços da da cruz, ficando a bandeira nacional galega que conhecemos hoje.