Cultura do Caqui - Almanaque do Campo

é realizado em quase todas as regiões de clima temperado e subtropical do mundo. Época de Plantio: Caso se utiliza mudas de raiz nua, plantar de julho a ...
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Cultura do Caqui CAQUIZEIRO Tadeu Graciolli Guimarães* O caquizeiro (Diospyros kak L.F.), pertencente à família das Ebenáceas, é originário da Ásia, onde é cultivado há séculos, principalmente na China e no Japão. Atualmente, seu cultivo é realizado em quase todas as regiões de clima temperado e subtropical do mundo. Época de Plantio: Caso se utiliza mudas de raiz nua, plantar de julho a agosto. No caso de mudas de torrão, deve ser realizado de outubro a dezembro, ou seja, na estação chuvosa. Solo: Desenvolve-se bem nos mais variados tipos de solos, desde que sejam dotados de boa capacidade de retenção de umidade. As condições mais propícias, no entanto, são encontradas nos solos areno-argilosos, profundos, bem drenados e com alto teor de matéria orgânica. Evitar baixadas muito úmida e propícias a geadas, devendo-se instalar o pomar em locais que facilitem a mecanização das operações. Clima: Trata-se de planta tipicamente subtropical, com ampla capacidade de adaptação às nossas condições ambientais. Embora seja uma espécie de folhas caducas, como são as fruteiras de clima temperado, sua área de cultivo costuma se estender pelas mesmas regiões de cultivo das plantas cítricas, exigindo precipitações anuais entre 1.000 e 1.500 mm. A temperatura média mais apropriada para a maioria das variedades fica em torno de 15 a 17ºC, apesar do cultivo também ser possível em regiões com temperaturas médias mais elevadas. Tolera baixas temperaturas sendo essas importantes para a quebra de dormência das gemas e para ocorrência de brotação e florescimento abundante e uniforme. Evitar plantar em locais expostos a ventos muito fortes, pois em situações de carga elevada pode ocorrer quebra de ramos. Uso culinário: utilizado principalmente como fruta de mesa, para consumo fresco. Também pode ser processado e destinado à produção de caqui cristalizado (passa de caqui) e vinagre. A passa de caqui é um produto altamente nutritivo, de sabor bastante agradável, com consumo ainda restrito aos membros da colônia japonesa, talvez devido ao fato de ser produzida em pequenas quantidades. A produção de vinagre de caqui apresenta alto rendimento em mosto para fermentação, resultando em produto de qualidade muito boa, com aproveitamento dos frutos que normalmente seriam descartados. Uso medicinal: O caqui é rico em amido, pectina, açúcares e vitaminas A, B1, B2 e C. É considerado alcalinizante, antioxidante, estomáquico, fortificante, laxante e nutritivo. Apresenta também, em sua composição, cálcio, ferro, e proteínas. Colheita: o caquizeiro é espécie de crescimento vegetativo inicial bastante lento. Em mudas enxertadas, espera-se a primeira colheita no 3º ano de plantio e daí em diante a produção vai crescendo progressivamente, até por volta do décimo quinto ano, quando praticamente se estabiliza. De um modo geral, uma planta adulta, em culturas bem conduzidas, produz de 100 a 150 kg de frutos, por ano. A colheita dos frutos é feita quando eles perdem a coloração verde e adquirem tonalidade amarela-avermelhada. A época de colheita varia em função das condições climáticas, das variedades e dos tratos culturais, estendendo-se de fevereiro a junho. Nas regiões de clima mais quente, a safra é mais precoce, assim como em regiões mais frias, a safra é mais tardia. Área mínima: Pode ser cultivada em áreas de dimensões variáveis, inclusive em pequenos pomares, vasos e até em bonsai. Deve-se atentar que são plantas exigentes em tratos culturais, especialmente podas de formação, condução e frutificação, capinas, pulverizações, dentre outras, o que exige que se faça planejamento adequado compatibilizando área a ser cultivada e disponibilidade de mão-de-obra, capital financeiro e exigências de mercado. Onde comprar: Compre muda de viveiristas credenciados e idôneos, devendo ser acompanhadas de Atestado de Garantia e Etiqueta de Identificação (variedade, idade, portaenxerto). Dicas: Nos frutos do caquizeiro o processo de amadurecimento ocorre mesmo após serem destacados da planta-mãe, sendo por isso classificados como climatéricos, assim como a maça, a manga, o mamão dentre outras. No Brasil, as variedades de caqui podem ser enquadradas em três diferentes tipos: taninoso, doce e variável. O tipo taninoso compreende as variedades de polpa sempre taninosa e de cor amarelada, quer os frutos apresentem ou não sementes. As variedades deste tipo indicadas para plantio são: Taubaté, Pomelo e Rubi. O tipo doce abrange as variedades de polpa sempre não taninosa e de polpa amarelada, tenham os

frutos sementes ou não. As variedades recomendadas deste tipo são: Fuyu, Jiro e Fuyuhana. O tipo variável inclui as variedades de polpa taninosa e de cor amarelada, quando sem sementes e, não taninosa, parcial ou totalmente, quando apresentam uma ou mais sementes. Quando as sementes são numerosas, a polpa é de cor escura, enquanto que nos frutos com poucas sementes, a tonalidade escura aparece ao redor delas, originando o que popularmente é chamado de ’chocolate’. As principais variedades do tipo variável são: Rama Forte, Giombo e Kaoru. Todos os caquis dos tipos taninoso e, os do tipo variável, quando sem sementes, apresentam polpa taninosa, mesmo quando maduros e, em razão disso, depois de colhidos, precisam sofrer o processo de destanização, para que seja eliminada a adstringência, bastante desagradável ao paladar. Para isso, são usadas as chamadas ’estufas’ ou câmaras de maturação, onde as substâncias mais empregadas para a destanização são: o acetileno produzido pela hidratação do carbeto de cálcio (carbureto comercial), o monóxido de carbono resultante da combustão de serragem, vapores de álcool e etileno. Existem técnicas de armazenagem como o uso de atmosfera controlada ou modificada em câmaras frias. O período de conservação depende do grau de maturação dos frutos, da variedade cultivada e das condições de temperatura e umidade relativa observadas na câmara frigorífica. CUSTO DE INSTALAÇÃO – INVESTIMENTOS O pomar deve ser instalado utilizando-se somente mudas enxertadas, devido à sua precocidade. O custo de implantação do pomar varia em torno de R$ 20.000,00 a 30.000,00/hectare. MÃOS À OBRA – DICAS PRÁTICAS O espaçamento de plantio varia, sobretudo, em função da variedade a ser cultivada. Para as dos tipos taninoso e variável, cujas plantas são vigorosas, os espaçamentos mais usados são de 8 x 7 m, 7 x 7 m e 7 x 6 m. No caso das variedades doces, que apresentam plantas menos vigorosas, com copas menos desenvolvidas, os espaçamentos mais usados são os de 7 x 6 m, 6 x 6 m e 6 x 5 m. As covas devem ser abertas com as dimensões de 60 x 60 x 60 cm, devendo receber adubação, com pelo menos 30 dias de antecedência ao plantio, de acordo com os resultados de análise de solo. Como sugestão geral, pode-se aplicar, por cova, 20 L de esterco de curral bem curtido, 1 kg de calcário magnesiano, 160 g de P2O5 e 60 g de K2O. Em cobertura, a partir do início da brotação das mudas, aplicar 60 g de N, em quatro parcelas de 15 g, de dois em dois meses. As mudas recém-plantadas devem ser irrigadas com volume suficiente para umedecer toda o volume da cova, favorecendo o assentamento do solo. Deve-se cobrir o solo no entorno das mudas com cobertura morta de palha ou capim, de forma reduzir a perda excessiva de umidade por evaporação. Na ausência de chuvas, recomenda-se irrigar pelo menos 2 vezes por semana, adequando-se o manejo de água às condições climáticas locais. PODAS: A poda de formação tem por finalidade constituir o esqueleto básico da planta, capaz de suportar pesadas cargas. A muda é plantada de haste única e, no primeiro ano, deixa-se desenvolver 3 ou 4 pernadas, radialmente dispostas no tronco, distantes entre si de 10 a 15 cm, a partir de 50 cm do solo; todos os demais ramos são eliminados rente ao tronco. No inverno seguinte, um ano após o plantio, essas pernadas são encurtadas, a fim de permitir a brotação de ramificações vigorosas. Nos anos seguintes, prosseguem as podas de encurtamento e raleio de ramos, até que se consiga formar a copa da planta, geralmente no formato de taça. A poda de inverno (encurtamento de ramos) deve ser evitada nas plantas adultas, uma vez que a frutificação ocorre sempre nos ramos do ano e, os melhores frutos se originam na brotação das gemas terminais dos ramos do ano anterior. Na realidade, o que se pratica é uma poda de limpeza, onde são eliminados os ramos supérfluos, mal situados, doentes e secos. Desbrotas periódicas devem ser realizadas, pelo menos duas durante o ano, ocasião em que são eliminados os brotos em excesso. É bom evitar os defensivos ou não? Os defensivos químicos somente devem utillizados em situações de necessidade comprovada, quando a praga ou doença estiver em níveis de dano econômico, com o máximo de segurança para o aplicador, o consumidor final e o meio-

ambiente, respeitando-se o registro para a cultura, a compatibilidade com outros produtos, instruções de uso e prazos de carência. Atualmente, o cultivo orgânico de caqui tem se mostrado como excelente alternativa econômica para o produtor. Como ocorre a frutificação, é natural, com a presença de abelhas ou inseto polinizador? O caquizeiro pode produzir frutos até sem polinização, porém se vê beneficiado pela atuação das abelhas como insetos polinizadores. Caso seja necessário o uso de produto químico, como deve ser feito? Respondido acima. A cultura DEVE ser irrigada? Em qual período do CICLO? Apesar de ser planta rústica e com sistema radicular profundo, a utilização de irrigação traz inúmeras vantagens como garantia de produção, maior produtividade e melhor qualidade dos frutos. Em quanto tempo os frutos estarão prontos para colheita? Depende da cultivar, variando de 6 a 8 meses após floração. Há diferenças entre as variedades quanto ao peso ou cor? Já respondido acima. Há espécies geneticamente modificadas? Não em uso comercial. *** Trabalho enviado ao TodaFruta para publicação em 06/08/07. * Eng. Agrônomo, D.Sc., Pesquisador da Embrapa – CPAC (Centro de Pesquisa da Agricultura no Cerrado). BR 020, KM 18, Rodovia Brasília-Fortaleza, CEP 73301970 tel. (61) 3388-9898, email [email protected] Data Edição: 08/08/07 Fonte: Embrapa – CPAC